Adeus

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Notas iniciais do capítulo

Gostaria de saber mais afundo o que estão achando da trama que aos poucos está entrando no clima. Espero que gostem! Vamos juntos com nossos sobreviventes desvendar os mistérios que cercam o mundo.

"O que me dava mais medo era pensar que o mundo não poderia voltar ao que era, a certeza que tenho e que mesmo que nunca volte ao normal, viveremos nele do jeito que for. Ninguém mais morrerá."

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— Pai me perdoe por chegar tarde em casa?

— Nic, quantas vezes conversamos? Uma simples ligação poderia mudar meu humor, não poderia?

— Eu sei, mas completei meus dezoito anos, atingi a maior idade e estou completamente responsável por mim mesmo.

— Você tem certeza que é responsável por você? – Naquela hora lembro-me bem da face do meu pai, um velho jovem até demais. Gostava de sair assim como eu, curtia sua noite, entretanto era como qualquer pai. Preocupado.

— Me desculpe a próxima vez ligarei para avisar que não chegarei cedo.

— Isso mesmo meu filho, somos parceiros! O que quiser de mim terá, apenas quero saber se está bem mesmo completando trinta anos minha preocupação será a mesma, por que eu te amo… - Revirei os olhos e me joguei no sofá, - “Que dramático” - Pensei.

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Senti o sangue das minhas veias esquentarem e percorrerem depressa dentro de mim. Minha pele aqueceu e meus olhos tremeram tentando negar ao meu subconsciente o que estava vendo. Foi como derrubar dezenas de quilos sobre minha cabeça, estava desesperado, com raiva e com vontade de saltar do carro. Ele está lá fora, meu querido pai, por que? Eu não tive chances de dizer para ele, de responder todas as vezes que ele olhou em meus olhos e disse “Te amo”. Eu quero sair do carro, quero abraçá-lo e dizer o quanto amo, não...

Não sinto minhas pernas, escuto meu coração palpitar como se fosse explodir. Minha pele se contraia em um mar de emoções, como conseguir reagir aquela cena sem cair em desespero. Se Clarice ou até mesmo Léo vesse ele do lado de fora não sei o que poderia acontecer. Luiza percebeu que estava acontecendo algo de errado comigo, pois não consegui disfarçar meu pavor e minhas lágrimas. Lagrimas que escorriam dos meus olhos e caiam sobre meus lábios chegando a me afogar, o que eu devo fazer? Penso se conseguiremos viver a tudo isso, o mundo deve acabar e todos morreremos, por que resistir? Poderíamos sofrer, sentir dor, medo... Se eles nos pegassem toda dor desapareceria, sumiríamos desse mundo injusto e a dor acabaria, é o mais apropriado.

— O que foi? – Luiza sussurrou enquanto os infectados passavam ao lado de nosso carro parado. Não ousei responder, mas quando olhei para frente e vi os olhos de Léo vermelhos e uma expressão desnorteada, sabia que ele havia visto o mesmo que eu. Coloquei minha mão na altura de minha boca e fiz um sinal de silêncio para ele, percebeu que se Clarice visse nosso pai ela poderia fazer algum barulho e tudo estava perdido.

Ver o rosto de meu irmão, a expressão de horror me fez refletir em alguns pensamentos. Temos que sobreviver, minha mãe está viva e prometi que entregaria Leonardo e Clarice vivos para ela. Não posso desistir, não quero ver ninguém que amo morrer. —Pai me perdoe, - chorei. Derramei lágrimas atrás de lágrimas sem me importar. Todos me olharam sobressaltados, mas tinha que sofrer em silêncio, tinha que desabafar a dor que havia sobre meu peito.

— O que foi irmão, por que chora? – Clarice esticou sua mão sobre a minha ainda abaixada, senti o quente de sua pele me tocar. Mas pela força do destino por assim dizer, ele aproximou-se do carro, tantas pessoas infectadas, milhares delas e justo ele estava sobre o vidro. Clarice então mirou sua visão para fora e vociferei no mesmo instante.

Livro I - Nuvens de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora