Culture classes

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N/A: esse vídeo do Sebastian cantando Just theTwo of us é tudo pra mim T-T

🕷🩸

Seriam 17 horas de carro até San Diego.

17 horas dentro de um espaço pequeno junto com Barnes.

Oque pode dar de errado, não é?

Arrumei minha mala e tudo mais, nós iríamos sair às sete da manhã. James iria dirigir até a hora do almoço, iríamos parar pra comer alguma coisa, depois eu iria dirigir de tarde, pararíamos em um hotel perto de LA, e no próximo dia, iríamos voltar pra estrada até finalmente San Diego.

Eu já tinha sobrevivido a muita coisa, não seria essa viagem que me mataria ou mudaria alguma coisa.

Enfim a iludida.

Entrei no carro caindo de sono, tinha tido mais uma noite de pesadelos, pra variar. Meus olhos ardiam e meu corpo implorava pra que eu parasse, descansasse.

Deitada nos bancos de trás, ouvi Barnes reclamar alguma coisa sobre segurança, mas óbvio que ignorei e apenas me entreguei ao sono que parecia me devorar viva.

Quando eu abri os olhos de novo, eu escutava Barnes cantar "Just the two of us" junto com o radio, enquanto batia no volante na melodia da música, sorri e segurei o riso, era a segunda coisa mais fofa que eu vira ele fazer. A primeira fora obviamente pedir chocolate quente no avião.

- Você devia participar do America got talent - me sentei - certeza que ia ganhar

Ele parou subitamente de cantar, olhei pelo retrovisor e nós nos encaramos. Os olhos azuis envergonhados e pegos de surpresa.

- Você dormiu por três horas seguidas - ele disse - teve uma noite ruim?

- Sua estratégia dos pesadelos não funcionou comigo - rebati

- É porque você não tá se libertando totalmente do que precisa - ele rebateu de volta

- Me diz, James...

Fui mais pra frente, e apoiei meu queixo no banco dele, senti seu perfume quando inspirei muito discretamente, perto de seu pescoço

- Do que exatamente eu preciso me libertar?

Ele deu um sorriso preguiçoso

- Descubra você mesma. 

Me segurei pra não enterrar meu rosto em seu pescoço, senhor que perfume gostoso

E não só o perfume né...

Enfim, foco.

Sai dali antes que meu domínio próprio acabasse, e me apoiei nos dois bancos da frente quando me levantei, me impulsionando pra frente e sentando no banco do passageiro.

Viramos o rosto ao mesmo tempo e nós nos encaramos. Alguma coisa aconteceu... eu não sei explicar mas aquilo me tirou o fôlego. Eu nunca havia sentido antes, era estranho.

Engoli em seco e virei pra estrada. Melhor, virei meu rosto pro mar.

Ali, do meu lado, penhasco abaixo, depois de alguns metros de areia branca, o vasto oceano. Aquela sensação de... lar. Paz. Será que algum dia eu teria isso? Teria essa sensação que o azul da água, e o mover das ondas me passavam.

- Eu nunca vim muito pra esses lados - disse Barnes quebrando o silêncio entre nós dois - é muito lindo

Eu olhava as pessoas na praia, algumas correndo, outras deitadas pegando bronze, algumas simplesmente sentadas observando o mar, e crianças...

- Eu passei minha vida toda aqui praticamente. Sempre indo de San Diego pra LA, ou pra NewPort

- Aposto que é muito bom

Eu ri

- Não quando um louco está junto, usando você pra fazer todo tipo de coisa

Ele ficou em silêncio, merda, eu estraguei a conversa logo no começo. O único barulho que tinha agora era o som da música pop ruim que vinha do rádio.

- Como é que... essa coisa com o Lewis começou? - a voz dele era baixa, contida

Ele havia dito em tom despreocupado, mas eu sabia que Barnes estava pensando três vezes antes de falar qualquer coisa, escolhendo com cuidado as palavras.

- Eu tinha três anos quando meus pais morreram e ele me "adotou" - fiz aspas com as mãos quando disse a última palavra - eles trabalhavam juntos. Todo esse projeto de Ômegas era dos três, mas meus pais morreram num acidente de avião, então o Lewis continuou sozinho

Voltei meus olhos pra estrada a frente, nós já estávamos no final do penhasco, apenas uma cerca nos separando da praia, do mar que parecia me chamar

- Eu lembro de estar com frio e com medo... e ele me encontrou. Desde então ele tem me treinado e ensinado. Eu era ingênua e fraca, crianças são fáceis de serem controladas, então não foi preciso muito esforço pra entrar na minha mente e acorrenta-la

Vi o pomo de Adão dele mexer, engolindo em seco.

- Ele fez isso com muitas outras... a única diferença é que ele tirou elas dos lares, e elas eram mais velhas. Ou seja, sofreram mais...

A imagem veio na minha cabeça. Uma vez eu havia sido enviada pra recrutar uma nova Ômega... apaguei a memória imediatamente

- Oque fez você mudar?

Não respondi. Ele também não insistiu, sabia que era melhor. Parei pra prestar atenção na música que tocava no rádio, e disse

- Isso não é música de verdade

Ele olhou de canto pra mim, esperando que eu chegasse a algum lugar. Peguei meu celular

- James Bucky Barnes, tome esse viagem como uma aula de cultura

Vi um sorriso crescer em seu rosto

- Isso - eu conectei o bluetooth - é música de verdade

Coloquei Foo Fighters, a primeira que tocou foi these days. Aumentei o volume e soltei um gritinho. Vi os dentes brancos e perfeitos de Barnes quando ele riu.

- Por favor diz que você já ouviu essa música - eu implorei - é uma das mais famosas deles

- Acho que já ouvi em algum bar ou sei lá

Ergui as sobrancelhas e o encarei

- Você frequenta bares, então?

- Eu costumava ir em um quase todo dia com um amigo

- Uau

Ele me encarou rapidamente de novo, com  aquele sorriso preguiçoso no rosto. E apesar disso acontecer em apenas algumas frações de segundo, eu senti. Senti de novo aquela mesma sensação, como se tivesse levado uma flechada.

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