CAPITULO 8

488 95 29
                                    

Eleanor

"Minhas tristezas não deveria me impedir
de vivenciar bons momentos"
- Katherine Miller





Max está mais animado para a festa do que eu. Assim que chegamos em casa, Bryan nos convidou para a festa que terá na fraternidade Kairós esta noite, vulgo o lugar onde ele "trabalha". Como não tinha nada para fazer, e meu amigo se animou com a ideia, pois segundo ele, os "gays mais gostosos da universidade moram lá", acabei aceitando o convite. Uma decisão que estou levemente arrependida de ter tomado, porque enquanto aplico minha máscara de cílios, ajeitando o meu blazer caramelo, que contrasta perfeitamente com o vestido preto grudado que estou usando e botinhas no mesmo tom do blazer, sinto que meu ânimo desceu de sete para três. Não sei explicar o motivo. Acredito que seja pelo cansaço de termos ficado praticamente o dia inteiro no parque, entre boas conversas, risadas e momentos reflexivos. Sendo sincera, meu fim de noite ideal era pedir uma pizza grande de pepperoni, sorvete de avelã e assistir algum filme na Netflix.

— Você pode, ao menos, fingir que está animada? — Max joga um travesseiro em mim, quase me fazendo borrar o rímel.

— Cuidado! Se eu borrasse essa porcaria, nos atrasaríamos mais meia hora. — Bufo, jogando-o de volta, quase acertando meu abajur pelo fato de ele estar deitado na minha cama. — Não é que eu não esteja animada, apenas cansada. Nunca fui o tipo de estudante que costumava ir em todas as festas da faculdade. A nerd que mora dentro de mim gostava de passar a noite de sábado vendo filmes, abraçadinha com o namorado.

— Ex namorado. — Corrige, deixando o celular de lado, cruzando os braços na altura do peitoral. — Essas festas são as melhores lembranças que poderá guardar dos seus anos de faculdade. Você ainda faz Medicina, o que te coloca no pódio na hora deixar os garotos impressionados. Ah, e também tem a sua bunda.

— Qual o problema com a minha bunda? — Me viro para o enorme espelho que comprei há algumas semanas. Ele consegue pegar o meu corpo inteiro e mais um pouco, levando em consideração minha altura. — O vestido está manchado?

— Não, lindinha. Ela é enorme. — Ri, levantando-se, deferindo um tapa estalado nela. Solto um gritinho. — E nesse vestidinho preto fica ainda mais bonita. Uma médica bunduda desfilando pela Kairós. Pode apostar que todos aqueles garotos vão cair matando.

— Não tenho interesse em conseguir um par romântico. — Sorrio cínica, aplicando um batom vermelho nos lábios. Já que vou sair, estarei pronta para arrasar. — Vou apenas te acompanhar, tomar algumas bebidas e segurar vela se for necessário.

— Vai ser, já estou combinando de me encontrar com um garoto que vi postando vários stories no Instagram da fraternidade. Uma pena que será no sigilo.

— Hétero que gosta de dar uma escapada de vez em quando?

— Exato.

— Tome cuidado, esses são os piores.

— E são os meus favoritos. — Pisca, vasculhando o meu armário, entregando-me uma bolsinha preta. — Use essa, vai combinar. De onde é esse vestido?

— Minha irmã fez para mim. — Digo orgulhosa, passando a mão pelos detalhes de renda nas laterais. — Essa é a vantagem de conviver com uma estudante de moda. Costumava ser sua manequim, até mesmo já modelei para a sua página do Instagram e site. Se a Medicina não der certo, as passarelas me aguardam.

— Te falta altura, tampinha. — Ele apoia perfeitamente o cotovelo no meu ombro, como se eu fosse uma espécie de "encosto". — A bunda também não deixaria.

IRREVOGÁVEL [COMPLETO NA AMAZON]Onde histórias criam vida. Descubra agora