3. Pain

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Dor, sem amor

Dor, eu não tenho suficiente

Dor, áspera, é como eu gosto

Porque eu prefiro sentir dor ao invés de nada

Pain - Three Days Grace.



Após uma noite mal dormida, acordei como sempre desconfortável por culpa daquelas correntes. Sempre preso, impedido, oprimido. Aquilo tudo já estava ficando chato, eu nem ao menos podia ver a luz do sol ou olhar o mundo exterior. Tudo tinha se tornado tão ruim quanto na época do treinamento com Orochimaru, e a medida com que o tempo passava eu só sentia mais e mais ódio de todos.


Tudo que me restava era meditar para não enlouquecer tanto, eu sabia que tudo que rondava minha cabeça era insano, e eu não me importava. Mas havia uma diferença entre estar louco por estar, e ficar louco por tudo ser tão chato. Eu não queria chegar ao ponto de me suicidar, mesmo acorrentado eu sabia como fazê-lo. Queria viver minha loucura livremente, matar todos sem ser impedido, acabar com aqueles que destruíram minha vida, fazê-los pagar por seus crimes. No mundo Shinobi não existe uma definição de certo, aqueles que matam por uma missão não são tão diferentes daqueles que matam por prazer. Isso não torna o crime menor, isso não os torna inocentes. Um a mais, um a menos qual a diferença? Todos são escórias, todos estão errados. Isso é ser um Shinobi.


Pensamentos desse tipo rondavam minha cabeça dia após dia daquela tortura. Minha noite havia sido um pesadelo, graças a aqueles idiotas que ficaram brincando com minha mente. Eu sentia meu corpo dolorido, meus olhos doerem. Já não tinha forças o suficiente para ficar de pé.


E novamente pensamentos e medos vinham a minha cabeça, eu tinha medo de tudo perder o sentido, de perder minha motivação, de não ter uma razão pela qual viver. Então o que eu faria quando saísse de lá? Além de matar todos, pois faria isso. Mas a questão era, e quando não restasse mais nada? Não queria pensar naquilo, nem em nada. Sacudi minha cabeça para afastar esses pensamentos idiotas. Eu tinha um objetivo, meu ódio e eu me manteria apenas com isso. Não pararia até ver Konoha inteira em pedaços, até não restar um pobre infeliz nessa vila podre.


Ouvi passos no corredor de pessoas se aproximando. Talvez fosse aqueles idiotas vindo me torturar novamente. Mas um pouco de esperança vinha a minha mente, fazia três dias que eu não comia absolutamente nada e eu queria saciar minha fome. Foi uma espécie de castigo por quase matar Inochi, maldito devia ter morrido, esse "quase" me decepcionou e muito. Em outras palavras, eu estava faminto e fraco. Aquele lugar era cruel, e eu os faria pagar por cada centímetro de dor que me corpo sentiu, por cada pesadelo que eu tive, por cada angustia que eu senti.


A porta se abriu e eu levantei a cabeça como num reflexo, não podia vê-los, pois ainda estava vendado.


– Parece que hoje é seu dia de sorte Uchiha. - Ouvi a voz irritante do desgraçado do Ibiki com aquele cinismo idiota. – Tem visita.


– Quem é desta vez? - Perguntei sem emoção. –Kakashi? Outro psiquiatra? Ou sua mãe. - Alfinetei.


– Olha o respeito, ou não respondo por mim. - Disse com frieza e sorri com sarcasmo. Brincar com a cara daqueles idiotas e sentir sua raiva sobre mim era a única coisa divertida a se fazer naquele lugar.

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