4. Depois do beijo

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JULHO DE 1829,

NO QUAL NOSSA MOCINHA SE QUESTIONA SOBRE SEUS SENTIMENTOS.

Elisa acordou na manhã seguinte com a luz morna do sol entrando pelas cortinas que a criada tinha acabado de abrir. Ela não sabia dizer o motivo, mas tinha acordado muito bem disposta e feliz naquela manhã, talvez esse fato tivesse alguma coisa a ver com o beijo de boa noite que ela recebeu na noite anterior. Um sorriso curvou os lábios dela enquanto se espreguiçava para se levantar, Quinn deu um olhar curioso para ela, que geralmente não tinha muito bom humor pela manhã, mas Elisa resolveu ignorar isso e foi para o banheiro anexo ao quarto para se preparar para aquele dia, ela tinha muita vontade de estar linda quando saísse daquele quarto e descesse a escada da casa para ir tomar o café da manhã.

Ela escolheu um vestido mais escuro para aquele dia, em um tom de amarelo ocre, que tinha uma saia mais volumosa e poucos detalhes, e que exibia um decote em V que mostrava boa parte do seu busto. Então Elisa desceu a escada e se despediu de Quinn quando essa foi para a cozinha e ela entrou na sala de jantar.

Tinha um rapaz na sala de jantar, se servindo no aparador próximo de uma das paredes laterais, mas não era Nate, isso ela tinha certeza. O rapaz em questão era muito parecido com ele, com os cabelos castanhos enrolados e os ombros largos, mas estava com os trajes terrivelmente amassados, como se tivesse passado a noite jogado em um amontoado de porcos. Talvez fosse o irmão de Nate, pensou ela.

- Bom dia. – Ela saudou, se aproximando do rapaz em questão.

O estranho se virou e a avaliou rapidamente antes de sorrir para ela. Definitivamente, um sorriso como aquele nunca curvaria os lábios de Nathaniel Hildegart. Ele era realmente muito parecido com o irmão, mas seus olhos eram cinzentos e não castanhos como os do irmão.

- Bom dia. – disse ele, com uma voz meio embriagada ainda. – Posso perguntar quem a senhorita é?

- Sou Elisa Kinsley, uma amiga de Nate. – Elisa encolheu um pouco os ombros. – E você deve ser o Samuel, irmão dele.

- Ao seu dispor. – Ele fez uma pequena mesura e abriu um sorriso de lado. – Fique à vontade para se servir.

Sam caminhou para a mesa no centro da sala e se sentou na cadeira ao lado daquela que Nate tinha ocupado no jantar da noite passada.

- Mamãe vai adorar saber disso. – O rapaz comentou mais para si mesmo que para qualquer outra pessoa.

- Disse alguma coisa? – Elisa questionou, olhando para ele por cima do ombro.

- Ah, sim. – Ele sorriu. – Estou pensando que a nossa mãe irá adorar saber que meu irmão hospedou uma amiga.

- Posso perguntar o motivo? – ela franziu a testa.

Ele refletiu por um momento.

- Me diga, a senhorita tem a intenção de se casar com o meu irmão?

Elisa engasgou-se com a própria saliva. Casamento? Como assim?

- Vou tomar isso como um não. – Prosseguiu o rapaz. – Nossa mãe é uma casamenteira nata, ela vai tentar casá-la com Nate até seu último suspiro quando souber que está hospedada em nossa casa, ela inventará sentimentos de Nate pela senhorita e vice-versa. Mas não se preocupe, Nate nunca se casaria com a senhorita se a senhorita não desejar isso também, ele é muito cavalheiro para forçar alguém a se casar, mesmo que tivesse comprometido a jovem.

- Ah...

Elisa não sabia o que dizer, então apenas voltou a se servir.

- E o seu irmão se juntará a nós para o café da manhã? – indagou ela, sentando-se de frente para o rapaz.

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