SPIN OFF: SENHORITA KATE - ANOS MAIS TARDE - FAMÍLIA SMITH PUGLIESE

Capítulo 22

SERENA NARRANDO...

Quando vi que minha mãe tinha feito um post no meu aniversário já tinha passado algumas horas, eu ia sair com o Isaac, estava me arrumando. No carro com ele quando fui responder, li um comentário de uma senhora chamada Florence Delavigne, ela era minha avó biológica. Respondi ao post da minha mãe e quando fui na minha caixa de entrada haviam diversas mensagens dessa senhora, dizendo que era minha avó que queria muito que eu fosse até a França para conhecer a família da minha mãe, que ela sempre quis me conhecer, falando um monte de coisas. Eu não respondi a nenhuma mensagem. Ela me bombardeava de mensagens todos os dias. Na última mensagem que ela me mandou, ela me mandou o endereço dela e o local exato que minha mãe estava enterrada. Eu queria botar aquilo tudo pra fora, mas eu não conseguia, eu não conseguia expor aquilo. Eu não conseguia nem explicar direito ao meu namorado que por sinal me acusou de estar traindo-o. Eu estava envolta num looping de emoções intensas. Eu sentia dor na alma e eu sonhava com a minha mãe todas as noites. Ela era linda, a voz dela era linda. E quando eu acordava eu sentia um cheiro acentuado de rosas. Queria conversar com a Analu, mas eu não queria preocupa-la após sua cirurgia. Eu e o Isaac não nos falávamos, e eu não conseguia me abrir com as minhas mães e nem com a minha irmã. Eu só sentia dor, muita dor na alma por tudo aquilo. Acordei com uma ressaca terrível depois do jantar da mamãe, eu tinha bebido demais. Acordei praticamente na hora do almoço. Eu passei o resto do mês evitando tudo e todos. Eu estava deprimida. Eu marquei uma terapeuta, eu precisava me entender e entender o que eu precisava fazer. Eu fingia estar bem, mas eu não falava mais com meu namorado que eu amo tanto. Eu não me abria com a minha melhor amiga, eu não conversa direito com as minhas mães e com a minha irmã. Isso estava me destruindo aos poucos. Suellen era incrível e nesse dia 27 de janeiro ela me falou algo que me fez refletir muito e agir.

Suellen: Do que você tem medo?

Eu: De odiá-los ainda mais. Por que ela apareceu? Por que ela quer me conhecer agora? 20 anos depois. Por que ela deu as costas pra minha mãe quando ela precisou dela? O que ela quer de mim? São tantas perguntas sem respostas que eu nem sei se quero a resposta pra essas perguntas. – as lágrimas caiam livres pelo meu rosto.

Suellen: Serena, eu sei que é duro e que é insuportável para você. Eu não imagino como seja, mas eu tenho certeza que pesa e que dói muito. Mas hoje, nos seus 20 anos, você não acha que merece ouvir o que aconteceu ou saber o que ela quer e também falar tudo que você sempre quis falar? Eu pergunto isso, porque olha pra você? Não tem mais brilho nos olhos, você não está sendo você mais. Você não se abre com ninguém. Suas mães estão preocupadas, você ama seu namorado e você terminou com ele e vocês nem se olham mais. Sua melhor amiga não está entendendo nada também. Você precisa colocar um ponto final nessa história porque isso vai te maltratar dia após dia, cada vez mais. A Analu não é de cristal, ela não vai quebrar. Ela passou por um susto muito grande e você chegou ali bem próximo do medo da perda, mas ela está viva, ela está saudável, ela está ótima. Você não vai perde-la. A deixe te dar a mão e te puxar desse poço que você está. Sozinha, você não vai conseguir Serena. E depois tem o Isaac, ele te ama muito e você o ama. Não perca seu amor por causa de pessoas que não estão na sua vida e que você possivelmente nem quer na sua vida. Se acerte consigo mesma e se acerte com ele, porque não é justo com vocês dois. E ele tem direito ao benefício da dúvida sabe por que? Porque ele assim como suas mães, seus irmãos e a sua melhor amiga, não sabem de NADA que você está passando e sentindo. – conversamos por uma hora que foi a minha sessão e eu fui embora. Parei um pouco na praia me sentei lá, fiquei olhando o mar. Em seguida fui pra casa, tomei banho, não tinha ninguém em casa. Fiz um lanche e resolvi descer na casa da Analu.

Keila: Oi meu bem entra... – sorriu.

Eu: Oi tia Keila, a Analu?

Keila: Lá em cima, sobe lá. Você está bem?