Alec acordou com uma dor de cabeça infernal e um gosto metálico na boca.
"Meu Deus, porque o sol está tão... solar?", pensou, incomodado com a luminosidade do quarto e enterrando o rosto no travesseiro.
O outro lado da cama estava vazio e ele se perguntou se Magnus já teria ido para o próprio apartamento. Torceu para não ter que dar de cara com o vizinho tão cedo.
Alec soltou um gemido de vergonha ao lembrar a maneira com que se comportou na noite anterior, choramingando como um bebê. Depois criou coragem, levantou da cama e saiu caminhando pelo corredor.
Cada passo que dava parecia ecoar bem no centro do seu cérebro. Um gnomo malvado tinha se instalado em sua cabeça e tocava tambor incessantemente lá dentro.
Assim que chegou à cozinha congelou, parado no mesmo lugar. Imediatamente sentiu as bochechas queimarem: Magnus estava sentado à mesa, segurando uma xícara fumegante enquanto checava distraidamente o celular.
— Bom dia, flor do dia. – disse, ao erguer os olhos e vê-lo. – Não, isso não é um dejà vu: estou realmente na cozinha do seu apartamento. Mas repare que, dessa vez, não estou deitado no chão e muito menos seminu. Aliás, você que está vestindo trajes menores hoje.
Ele sentiu as maçãs do rosto esquentando ainda mais ao se tocar de que esqueceu de vestir alguma roupa decente e ainda usava apenas a cueca cinza com a qual foi ao casamento.
De repente a torradeira apitou. Alec se retraiu e fechou os olhos, sentindo o cérebro latejar mais forte com o barulho. O outro riu de sua reação, depois levantou para apanhar as torradas prontas e disse:
— Parece que alguém está experimentando uma ressaca daquelas, hein? Bem, como já tenho muita experiência em bebedeiras, imaginei que isso aconteceria e preparei umas coisinhas que podem te ajudar.
Magnus colocou cada uma das torradas em um prato, encheu mais uma xícara com café, um copo com água e pegou dois comprimidos de cima da bancada.
— Torrada seca, café forte e sem açúcar e duas aspirinas: a fórmula infalível contra a ressaca. – explicou, enquanto colocava tudo em cima da mesa e Alec se sentava em uma cadeira livre.
— Meu estômago está muito estranho. – falou ele. – Não acho que deveria comer.
— Se você não comer nada, será pior. – retrucou o vizinho. – Coma devagar, mastigando bem, tome os comprimidos e logo se sentirá melhor. Acredite em mim: como já falei, de ressaca eu entendo.
Alec assentiu, desanimado. O gesto foi suficiente para fazer sua dor de cabeça aumentar. Ele engoliu as aspirinas com um pouco da água, então passou a mordiscar a torrada e bebericar o café. Magnus também tomava seu café da manhã, ainda mexendo no celular.
Ele limpou a garganta e começou a falar, tentando soar casual.
— Eu me lembro ligeiramente de ter agido um pouco mal ontem à noite. Desculpe se fui infantil. Não devia ter pedido que dormisse aqui e...
— Alexander. – interrompeu o outro. – Tudo bem. Você não precisa pedir desculpas. Imagino que seja difícil se ver vivendo sozinho nesse apartamento, depois de tanto tempo morando com a sua irmã.
O tom de voz dele era suave, compreensivo, e Alec ficou ligeiramente desconcertado. Por mais surpreendente que fosse, ele preferia a versão sarcástica e debochada de Magnus. Achava melhor lidar com as piadas e alfinetadas do vizinho do que com qualquer coisa mais séria que falasse.
— Sim, eu vou sentir muita falta da Izzy. – admitiu ele. – Mas Simon a pediu em casamento poucos meses depois de termos nos mudado para cá, então tive bastante tempo para processar a ideia de morar sozinho. Deveria ter agido de maneira mais adulta. Aliás, eu não lembro muito bem de tudo que aconteceu ontem. Fiz alguma outra bobagem?
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Stripper (Malec)
FanfictionPrestes a se casar, Isabelle decide fazer sua despedida de solteira no apartamento que divide com o irmão, mesmo a contragosto dele. Porém, além de todo o incômodo com o barulho da festa, Alec acaba levando uma bela surpresa que deixa sua noite muit...