Os dois estavam sentados no sofá, com os pés descalços em cima do assento. Magnus se aninhou entre suas pernas, com as costas apoiadas sobre o seu peito e a cabeça repousando em seu ombro esquerdo. Ele beijou o pescoço dele, logo abaixo da orelha.
— Eu me senti tão burro depois de tudo isso. – contou. – Ingênuo, inocente. Fiquei cheio de culpa e caí em depressão, de verdade. Precisei tomar remédios por algum tempo e cheguei a me consultar com uma psicóloga que Catarina me indicou. Depois que melhorei um pouco quis ir embora dali. Tinha muita vergonha de encarar as pessoas, era certo que elas perguntariam sobre Scott e eu não ia saber o que dizer. Então simplesmente fugi, o que é mais vergonhoso ainda.
— Isso é natural. – afirmou Alec. – Qualquer um iria querer ir para longe, para recomeçar a vida em um lugar diferente.
— Eu não conseguia mais confiar em ninguém. – continuou o outro. – Nunca mais deixei alguém ir à minha casa, voltei a ter apenas casos de uma noite, sempre dormindo nas camas alheias e indo embora assim que abria os olhos pela manhã. Me fechei para qualquer relacionamento novo, qualquer tipo de envolvimento que fosse além do físico.
— Por isso você relutou em me deixar dormir aqui aquele outro dia. – concluiu Alec. – Eu já tinha entendido que havia algum motivo importante para isso, mas agora sei qual é.
Magnus se virou, olhando seriamente para ele.
— Alexander. – começou. – Essa história ainda está muito mal resolvida dentro de mim, ainda me atormenta muito. Às vezes volto a ficar deprimido, do nada. Todos os anos, na data exata em que Scott sumiu levando meu dinheiro, fico o dia inteiro mal, algumas vezes sem sequer conseguir sair da cama.
— Então, quando essa data chegar, me avise que eu passo o dia todo aqui com você. – disse ele, beijando a parte de trás da cabeça dele.
— Já chegou. – respondeu o outro.
Alec lhe olhou surpreso e Magnus confessou:
— Foi naquele dia em que fomos assistir ao show do seu cunhado. Por isso bebi tanto. Nessa data o momento mais difícil é sempre quando a noite chega. Achei que, se saíssemos juntos, eu me distrairia e não ficaria tão abatido, mas me enganei. Queria tanto abafar as lembranças dentro da minha cabeça que acabei exagerando na bebida.
— Você deveria ter me dito. – foi tudo que ele conseguiu dizer.
Magnus suspirou.
— Tive vergonha. Não me sentia pronto para compartilhar toda essa história ainda.
— Eu entendo. – disse Alec, com uma voz suave. – E estou feliz que tenha me contado agora.
O vizinho engoliu em seco, parecendo tenso. Fechou os olhos por um instante, antes de falar:
— Alec, você precisa estar absolutamente ciente de onde está se metendo. Não vai ser fácil aguentar minhas mudanças de humor, meus dias ruins. Haverá momentos em que eu simplesmente não vou me sentir capaz de confiar em você. Tem certeza de que está preparado para isso?
Alec não conseguiu evitar revirar os olhos.
— Parece que você quer que eu me afaste. – retrucou. – Que desista do nosso relacionamento. Eu já disse milhões de vezes que estou totalmente ciente dos seus problemas e que não me importo com isso, Magnus.
O outro arregalou os olhos.
— Não quero que você se afaste. – garantiu, e sua voz era um misto de sinceridade e desespero. – Não acredite em um absurdo desses nem por um instante. Só estou tentando ser completamente honesto aqui. Como não sou há muito tempo, com ninguém.
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Stripper (Malec)
FanficPrestes a se casar, Isabelle decide fazer sua despedida de solteira no apartamento que divide com o irmão, mesmo a contragosto dele. Porém, além de todo o incômodo com o barulho da festa, Alec acaba levando uma bela surpresa que deixa sua noite muit...