Piquenique e Banco Imobiliário

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Magnus não conseguia mais parar de pensar na conversa que teve com Alec naquele outro dia, em sua casa. Enquanto trabalhava, cozinhava, fazia faxina, tomava banho... Não importava o que estivesse fazendo, sua mente vagueava até voltar ao mesmo pensamento.

Alexander foi totalmente aberto e honesto, como costumava ser, e ele se surpreendeu ao conseguir fazer o mesmo.

Bem, quase o mesmo.

Magnus ainda mantinha muitas coisas somente para si, mas naquele momento foi capaz de baixar a guarda diante do outro. Ainda mais do que havia baixado até agora.

Quando disse que Alec não fazia ideia do quanto ele tinha depositado sua confiança no vizinho, falou extremamente sério. Era a primeira vez em anos que se abria tanto com outra pessoa que não fosse Catarina ou sua mãe. Sempre que se tocava disso, Magnus sentia o pânico tomando conta do seu coração.

Ele se lembrou de uma conversa que teve com a amiga, pouco depois de tudo ter acontecido. Nessa época ainda mal levantava da cama, de tão deprimido. Também não se alimentava bem e já tinha perdido peso.

Com o tempo, essa dor vai diminuir, Magnus. – disse Catarina. – Eu sei que agora parece que você nunca mais vai ser feliz, mas não é verdade. Ainda vai encontrar alguém que realmente mereça o seu amor.

— Não. – retrucou ele. – Eu nunca mais vou me envolver com ninguém. Aliás, do jeito que isso tudo me destruiu, duvido que alguém me queira assim.

A amiga suspirou, antes de responder:

— Magnus, não fale como se estivesse 'estragado' a partir de agora. Continua sendo digno de ser amado. É claro que outras pessoas vão se interessar por você futuramente.

— Mas, depois de descobrirem onde se meteram, nenhuma delas vai ficar. – ele disse, já começando á fungar.

Catarina passou a mão pelos cabelos dele, depois falou, com uma voz suave:

— A pessoa certa vai.

Será que Alec era essa pessoa? Essa era a questão que não parava de rodar em sua mente, como mariposas em volta de uma lâmpada acesa.

Ele sentiu que o vizinho era diferente desde a primeira vez que o viu. Foi uma sensação totalmente estranha e que Magnus nunca tinha sentido antes. Não era apenas uma atração, porque Alexander era muito bonito e fazia o seu tipo. Tinha alguma coisa nos gestos dele, na maneira de se portar, uma luz diferente nos olhos. Algo que lhe passava uma certa confiança.

É claro que ele se repreendeu por sentir isso. Afinal, era absurdo considerar alguém que nem conhecia de verdade confiável. Magnus se convenceu de que tudo aquilo era apenas a forte atração física falando mais alto. "Uma boa trepada e pronto: vou superar essa história rapidinho."

Mas aí ele e Alec passaram a noite juntos e a sensação só aumentou. Mesmo sendo acordado aos gritos pelo outro, ele não conseguiu ficar irritado ou querer se ver livre dele. Pelo contrário. Por isso, agiu impulsivamente e o chamou para almoçar na própria casa.

O vizinho não sabia até hoje o quanto ele estava apavorado naquele primeiro almoço. Sem saber o que dizer, ou como se comportar, Magnus ergueu a fachada de puro deboche, sarcasmo e piadas de duplo sentido sob a qual sempre se sentia protegido. Alexander o conheceu assim, então não poderia ter estranhado seu comportamento.

O tempo foi passando e ele foi se vendo cada vez mais envolvido. A sua fachada de segurança começou a ruir aos poucos e Magnus sentiu medo. Muito medo. E o outro foi agindo de maneira cada vez mais compreensiva, sincera, aberta. Comprovando tudo aquilo que ele tinha percebido com apenas um olhar e...

Stripper (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora