-- Se saiu melhor do que nas outras vezes. -- Savannah disse rindo enquanto Any olhava emburrada para a corda em que tentara subir mais uma vez. Fazia vários dias desde que Diarra lhes havia feito uma visita.
-- Obrigada por jogar na minha cara que continuo ruim. -- Any disse cruzando os braços e fazendo um bico adorável.
-- Isso leva tempo, hm? Não seja impaciente. Ninguém aprende algo que leva tempo e prática em apenas algumas vezes treinando. -- Savannah disse, se jogando no chão ao sentir as gotas começarem a cair do céu. Estava abafado demais havia dias, finalmente a chuva lhe presenteou com sua unânime presença.
-- Está chovendo, vamos entrar. -- Any pediu ao sentir as gotas tocarem sua pele.
-- Não. Pode entrar você, eu gosto da chuva. -- Savannah disse parecendo nostálgica. Any, por ser curiosa como sempre, apenas se deitou no chão ao lado de sua esposa e tocou-lhe a mão. Algum daqueles guardas poderia estar vendo e ela não queria complicar a vida de Savannah, afinal de contas, a mesma só se casou com ela porque ela praticamente implorou.
-- O que a chuva tem de tão especial? -- Any perguntou fitando o céu, agora nublado por um cinza escuro. Nuvens carregadas avisavam que choveria, no mínimo, umas boas horas. Savannah a olhou antes de voltar a encarar o céu.
-- Lembro de ter esses sonhos... Esses onde minha mãe aparecia em dias de chuva enquanto eu dormia. Sempre de madrugada e eu tinha por volta dos quatro anos quando sonhava, mas parecia tão real.
-- Ela te dizia algo? -- Any perguntou.
-- Ela cantava para mim. -- Savannah disse sorrindo genuinamente. -- Só consigo lembrar dos olhos azuis, assim como os meus e de que eu perguntava por que ela não podia ficar comigo. -- Falou. -- Ela falava que sempre estaria comigo e eu dormia com seus carinhos e seu canto.
-- Tem certeza de que... hm, de que isso foi sonho? -- Any perguntou e Savannah forçou um lábio no outro.
-- Não sei, mas prefiro pensar que sim. Eu não gosto de me iludir com sonhos. -- Confessou e Any apertou sua mão em forma de conforto.
-- Apesar do que você sabe sobre ela...
-- Gosto de pensar que ela é ou era uma mulher boa. -- Savannah a interrompeu e Any assentiu. A mais velha não tirava conclusões precipitadas nem mesmo de alguém que diziam ser uma prostituta e isso surpreendeu Any. Sua esposa era melhor do que ela imaginava.
-- Pois bem, vamos tomar um banho e comer algo, não vou te deixar aí para ter uma gripe. -- Any disse se levantando e puxando Savannah pela mão. Savannah sorriu e apenas concordou, se levantando e tomando a mão de sua esposa entre a dela.
[...]
Os raios e trovões não deixavam Any dormir naquela noite. Ela não era do tipo de pessoa que temia qualquer um dos dois, só estava realmente sem sono e não conseguia parar de pensar em John. Não era justo com Savannah isso e nem com ela mesma, e por essa razão tentava pensar em outra coisa. Qualquer coisa, desde que essa coisa lhe fizesse esquecer de John, afinal, já levava um mês casada.
Sentiu o braço esquerdo de Savannah ser jogado por cima dela e por um instante congelou no lugar. Pensava em se levantar e fechar as grandes cortinas, quem sabe assim os clarões dos raios não parassem de lhe tirar o sono? Mas, após o movimento de Savannah, não teria como sair dali. Pensou duas vezes em acordar sua esposa, afinal ela parecia cansada, mas optou por acordar ela mesmo assim.
-- Savannah? -- Disse suavemente, cutucando-lhe o braço. -- Savannah? -- Insistiu ao ver que Savannah não havia acordado.
-- Hmm... -- Respondeu ainda meio imersa no sono.
-- Não consigo dormir. -- Confessou temerosa de que Savannah lhe xingaria por lhe acordar apenas por isso, porque... oras, o que Savannah poderia fazer para ajudar em sua insônia? Mas, ao contrário do que pensava, os olhos azuis se abriram vagarosamente e seu braço, o qual estava por cima de Any, puxou Any contra seu peito. A menor prendeu a respiração pelo repentino gesto, mas tratou de relaxar ao sentir Savannah acariciando seu couro cabeludo.
O cheiro natural da pele de sua esposa era suave e bom e estar nos braços de Savannah fazia Any se sentir segura e protegida, como se nenhum pensamento que não envolvesse Savannah pudesse invadir a barreira que seu cérebro criara por estar ali.
Seus olhos começaram a fechar e percebeu que o sono finalmente estava chegando. O carinho de Savannah alternava entre seu couro cabeludo e suas costas, até a altura de sua escápula. Sentia um leve arrepio cada vez que a mão de Savannah acariciava suas costas e subia para sua cabeça, relando propositalmente sua nuca. Sentiu vontade de aplicar um beijo na região do pescoço de sua esposa, que cheirava tão bem e onde a pele era tão macia, mas se conteve e deixou apenas sua cabeça enfiada entre o vão do pescoço dela. Afinal, o que ela estava pensando? Beijar o pescoço de Savannah soaria como uma provocação e Any não via Savannah com esses olhos. Nem de garotas ela sabia se gostava. Queria apenas inalar mais de perto e sentir o sabor da pele de Savannah em seus lábios, mas não de uma maneira provocativa, senão curiosa. Tudo o que queria era...
Balançou a cabeça para espantar tais pensamentos. Pensar nisso só estava piorando as coisas, aumentando sua vontade e confundindo mais a garota.
-- Obrigada. -- Sussurrou. Pensou que Savannah já tivesse dormido de novo por não obter nenhuma resposta imediata, mas devido ao carinho que ainda recebia constatou que não. Para se ajustar melhor na posição das duas, colocou sua perna direita entre o meio das pernas de Savannah, não fazendo a mesma tocar a intimidade da outra menina, tratou de manter tal distância.
-- De nada. -- A voz rouca saiu baixa e meio falhada e Any esperou Savannah reclamar do que havia feito, mas parece que a posição havia deixado à ambas mais confortáveis, já que Savannah não reclamou. Suspirou aliviada e alguns minutos depois caiu no sono, não havia resistido ao carinho de Savannah.
Por outro lado, fora Savannah quem perdera o sono. Sorria feito idiota e deu graças a Deus de estarem no escuro, assim não corria risco de Any ver o quanto um simples abraço podia significar para ela. Ela tratava Any com respeito, mas isso não significava que conseguia mandar no próprio coração.
E, bem, seu coração havia escolhido Any antes mesmo de saber que se casariam, seu coração havia a escolhido meses atrás. Só esperava que aquele mesmo brilho nos olhos que sua esposa costumava ter antes voltasse, porque certamente Any feliz era a melhor versão de Any.
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Over the Rainbow | Versão Savany
Fanfiction[ADAPTAÇÃO] Over the rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Any Gabrielly, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por John Parker, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Andrea, des...