Over the Rainbow | Versão Savany

Capítulo 15

sim, o aniversário é meu mas o presente é pra vocês.

trago mais capítulos amanhã, bezu na nádega esquerda 🍾
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Enquanto Any mordiscava algo sem ânimo aparente, Savannah criava teorias mirabolantes sobre o que acontecia dentro da cabeça de sua esposa. Any andava quieta ultimamente, mais do que o normal. Ela parecia triste, como se as horas não importassem; como se tudo tivesse perdido a graça.

-- Você está bem? -- Savannah perguntou, visivelmente preocupada. Haviam se casado quatro dias atrás e o aparente "entusiasmo" de Any quanto a isso era notório.

-- Sim. -- Any se limitou a dizer apenas isso. Seus olhos acompanharam o exato momento onde Savannah se levantou, deixando suas coxas à disposição dos olhos de Any novamente. Usava apenas uma camisa larga que ia até o meio de suas pernas e o que usava por baixo disso não dava para ser visto; provavelmente um short curto.

Savannah caminhou até a geladeira e pegou leite, entornando o líquido numa leiteira e pondo a mesma para esquentar.

-- O que está fazendo? -- Any perguntou curiosa. Rosália geralmente era a única pessoa da casa a tocar no fogão, mas a mulher havia ido à feira de domingo e por isso não estava presente. Savannah não gostava de ter outros empregados na cozinha, Rosália mesmo fazia questão de ser a única a cozinhar e, caso houvesse casos onde Rosália saía, Savannah não se importava de cozinhar. Havia aprendido muita coisa com a doce senhora, afinal, passara maior parte de sua infância com a mulher.

-- Meu pai me dizia quando eu estava triste... -- Deu uma pausa para pegar mais algumas coisas. – Que um pouco de chocolate quente ajuda.

-- Mas não estou triste. -- Any protestou.

-- Isso é o que você, minha cara, diz. -- Savannah disse sorrindo e Any suspirou, fitando-a.

-- A Di costuma dizer que chocolate quente é a melhor coisa do mundo. -- Any disse sorrindo amplamente diante da recordação da amiga.

-- Di? -- Savannah perguntou confusa, enquanto entornava uma barra de chocolate na leiteira, juntamente com um pouco de açúcar e começou a revolver o líquido.

-- Sim. Minha melhor amiga. -- Explicou.

-- Estava no casamento? Eu a vi?

-- Não. Mamãe achou melhor ela não aparecer por lá. -- Disse.

-- E por quê? -- Perguntou ainda sem entender.

-- Ela não se encaixa na nobreza, de acordo com a minha mãe.

-- Vocês... se conhecem há muito tempo? -- Perguntou assim que despejou o líquido na xícara e estendeu para Any. A mesma ia beber um pouco, mas Savannah se apressou em falar. -- Cuidado! Está quente.

-- O nome é "chocolate quente" Por alguma razão. -- Any disse brincalhona e Savannah sorriu, vendo Any rir antes de começar a soprar o vapor de cima do líquido, experimentando logo em seguida.

-- E então?

-- Uma delícia. -- Any disse sorrindo. -- E quanto a sua pergunta...Conheço desde que tinha treze anos.

-- Parece gostar muito dela. -- Savannah analisou.

-- A amo. -- Apontou. -- Como a irmã que nunca tive.

-- Quase consigo imaginar vocês duas correndo entre as barracas do povoado enquanto sua mãe gritava seu nome enfurecida. -- Falou rindo. -- "Any, volte aqui sua insolente. Não foi essa a educação que eu te dei." Fez uma voz imitando Andrea e Any arregalou os olhos, rindo. Eram exatamente as palavras de sua mãe.

-- Isso era algo que ela diria, com certeza. -- Sorriu. -- Diarra, nome da Di, sempre foi aventureira e, bem, correr da minha mãe era uma das melhores aventuras. -- Savannah não podia imaginar o porquê da mãe de Any impedir sua amizade, mas ela não se importava com a mesma, porque era nítido a importância da garota para Any. Sem perceber levou sua mão até uma das mãos de Any e apertou, de uma maneira respeitosa.

-- Você fica tão mais linda sorrindo. -- Disse genuinamente. -- E não estou tentando parecer galanteadora, pois falharia miseravelmente. -- Assumiu rindo. -- Digo porque é a mais singela e pura verdade. -- Any enrubesceu e baixou seu olhar para sua xícara.

-- Obrigada. -- Any não desfez o contato das mãos. Savannah tinha um aperto calmo e mãos macias, deveriam tranquilizá-la, mas a imagem de Savannah a desejando como esposa ainda a assustava, apesar de jamais ter sido desrespeitada. Savannah nunca havia dito que se interessava por ela, mas a forma como a olhava deixava bem nítido isso. -- Me sinto em débito com você. -- Any confessou sem perceber que as palavras saíam em voz alta.

-- Por quê? -- Perguntou surpresa.

-- Você se casou comigo, porém não tem uma esposa que cumpra...você sabe. -- Terminou corando.

-- Mas tenho uma esposa que cumpre o papel de amiga. Estou mais do que satisfeita. -- Any se sentiu pior ainda. Não tratava Savannah como uma amiga e sim como uma ameaça. Dizia para si mesma que deveria se sentir confortável perante àqueles azuis intensos, mas não conseguia nada além de sentir-se intimidada.

As palavras de Savannah, ao invés de trazerem conforto, vieram como um soco na boca do estômago de Any. Claro que havia momentos onde ela esquecia que era casada e ria com leveza das coisas ditas por Savannah, mas isso era apenas em uma fração de minutos. Logo estava ela sofrendo interiormente de pânico pela aproximação ou por algum toque de Savannah. Um simples esbarro em suas mãos já fazia Any achar que Savannah mudaria de ideia e reclamaria seus direitos como esposa.

-- Ambas sabemos que não sei exercer esse papel com você. -- Any confessou envergonhada.

-- Ainda. -- Savannah não disse mais nada, apenas tratou de se concentrar em não encarar Any. Sabia que seus olhares assustavam a garota, no entanto, não podia evitar sempre. Às vezes se pegava fitando os lábios de Any enquanto ela falava alguma coisa.

-- Ainda. -- Any repetiu após algum tempo, decidida a tentar dar a Savannah sua amizade. Tentaria se livrar de seus medos e confiaria que Savannah realmente só quer sua amizade, sem maldade, sem segundas intenções. Apenas sua amizade, no jeito mais puro e sincero. -- E você, não vai tomar chocolate quente?

-- Depois.

-- Por quê? Não te agrada chocolate quente pela manhã? -- Perguntou curiosa.

-- Adoro chocolate quente a qualquer hora do dia. -- Sua risada rouca fez Any sentir-se confortável com sua presença. -- Mas a última barra de chocolate preparei para você. Vou esperar Rosália retornar. -- Any não entendia como Savannah podia ser tão prestativa e gentil o tempo inteiro. Se permitiu examinar as feições da mulher sentada a sua frente e enxergou satisfação.

Como poderia ela estar satisfeita tendo casado-se com alguém que não a ama, quase foge dela e ainda toma sua última barra de chocolate com leite?

Desviou o olhar de Savannah quando viu que a olhava por tempo demais. Era natural olhar para Savannah, Any pensava. Todos ali perdiam longos minutos fazendo isso com suas expressões embasbacadas, provavelmente um efeito colateral por ter essa beleza cativante, pensou novamente Any, voltando a tomar seu chocolate quente no silêncio intimidador do ambiente.