Capítulo 37

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Savannah estava há quase dez minutos parada na soleira da porta analisando cada movimento de Amelie. A mulher preparava waffles com precisão e agilidade. Usava um avental branco por cima da camisa de botões preta que Savannah uma vez lhe presenteara e uma calça jeans comum. Seu cabelo estava preso em um coque perfeitamente alinhado enquanto os olhos não perdiam um movimento sequer de seu trabalho de mexer a massa.

-- Deseja alguma coisa, Senhora? Estou te vendo aí. -- A mulher disse sem sequer olhar para Savannah. Savannah até riria caso não estivesse tão magoada e nervosa. A mulher sempre tinha a habilidade de perceber a presença de Savannah.

-- Você... Any...

-- Respire e foque no que quer me dizer, criança. -- Amelie disse calmamente, conhecendo Savannah o suficiente para saber que ela costumava falar nada com nada quando se sentia insegura. A mais nova assentiu lentamente enquanto se aproximava.

-- Any me pediu para conversar com você. -- Ela disse sem fitar a mulher nos olhos.

-- Oh, ela já acordou?

-- Não. Ela ainda está dormindo. Tomei um banho e vim fazer o que ela me pediu ontem. -- Falou.

-- Essa garota vale ouro. -- Amelie disse sorrindo, ainda mexendo a massa.

-- Sim. -- O sorriso de Savannah se abriu verdadeiramente.

-- Sabia que ela que me pediu para te contar a verdade? -- Amelie disse lhe olhando pela primeira vez. -- Essa garota gosta mesmo de você.

-- Gosta? Por quê? O que ela disse? -- Savannah perguntou animadamente, puxando uma cadeira e olhando atentamente para Amelie. Any já lhe havia dito que era apaixonada por ela, mas saber que dizia isso para outras pessoas a deixava ainda mais segura disso. Amelie riu e balançou a cabeça.

-- Oh, eu não lhe direi o que ela me disse. Isso seria errado. -- Ela disse sorrindo. -- Mas pelo que ela disse posso garantir que ela gosta de você.

-- Ela é incrível. -- Savannah disse com os olhos brilhando. -- Hey... Espere! Você está me enrolando. Não vim falar de Any. -- Savannah riu e lhe fitou.

-- Não estou te enrolando, criança.

-- Então podemos... conversar? -- Amelie assentiu. -- Ótimo. Sente-se aqui comigo.

-- Eu preciso...

-- Depois! Quero conversar direito. -- A mulher assentiu e parou o que fazia. Lavou suas mãos rapidamente e as enxugou, levando uma mão ao laço do avental e o soltando. O pendurou por ali e se aproximou, puxando uma cadeira e se sentando.

-- Certo. O que quer saber? -- Apesar de tentar parecer calma, Amelie estava quase tremendo.

-- Como você teve certeza que meu pai era o... ? Você sabe...

-- Eu fugi por um mês com ele. Não me entreguei a ninguém nesse tempo. -- Falou olhando para Savannah.

-- Ele acreditou? -- Amelie negou com a cabeça.

-- Ele aceitou me dar comida e um teto até você nascer para fazer o exame. -- Confessou. -- No dia que você nasceu... -- O sorriso de Amelie se abriu e seus olhos brilharam. -- Chovia muito. Me lembro de ter medo do futuro, mas aí escutei seu chorinho, filha... -- Ela tentou segurar na mão de Savannah, mas a mesma recuou. -- E então eu soube que não importava mais nada desde que você estivesse comigo.

-- Então por que nunca me disse? -- Era mágoa em sua voz.

-- Após o exame que comprovou ao seu pai que você era filha dele... -- Ela limpou a garganta. -- Ele disse que eu deveria ir embora. Ele sempre dizia isso durante a gravidez, mas eu nunca levei a sério.

Over the Rainbow | Versão Savany Onde histórias criam vida. Descubra agora