Any abriu os olhos lentamente antes de piscar várias vezes. Encontrou o par de olhos azuis lhe encarando com preocupação e só então se lembrou do que havia acontecido. Se levantou às pressas, percebendo que estava no quarto de Savannah, ou no delas, como Savannah costumava chamar.
-- Hey... não se levante assim, você pode se sentir tonta. -- Savannah disse com doçura na voz. Deu sorte de todas as grandes festas ocorrerem no salão principal de sua casa, porque assim pôde levar Any rapidamente para o andar de cima e acomodá-la rapidamente.
-- Vou te fazer uma pergunta e quero que me responda com toda a sinceridade. -- Any falou notoriamente alterada.
-- Pois bem. Faça. -- Savannah disse, curiosa.
-- Você ajudou minha mãe a armar contra John e eu? -- Savannah arqueou uma sobrancelha em total confusão.
-- Como?
-- Não se faça de sonsa! -- Any gritou caminhando em voltas pelo quarto. Savannah a alcançou e segurou seu braço delicadamente.
-- Não estou realmente entendendo. -- Falou e sentiu Any puxar bruscamente seu braço do toque de suas mãos.
-- Então deixa eu perguntar melhor. Há quanto tempo vem me querendo? Há quanto tempo tem vontade de me beijar? -- Savannah corou. Não queria falar a verdade, seria embaraçoso, mas jamais mentiria para Any.
-- Hm, desde...a-alguns meses antes de nos casar. -- Confessou cabisbaixa.
-- E achou que eu não descobriria seu jogo sujo com minha mãe para fazer eu me casar com você? -- Perguntou aos gritos. Savannah não estava conseguindo entender o que sua esposa estava tentando dizer.
-- Elly... -- Savannah foi calada pela mão de Any acertando em cheio seu rosto. Levou a mão ao rosto mais por surpresa do que por dor, apesar de Any ter um tapa realmente ardido.
-- Nunca mais me chame assim! -- Impôs. -- Eu tenho tremendo nojo de você. Não pense que seu dinheiro possa ter comprado meus sentimentos, porque não, Savannah, não comprou.
-- Você ao menos pode me explicar o que...
-- Basta! -- Any gritou. -- Para de se fingir de vítima aqui, meu Deus. -- Pediu. Seu peito inflava e desinflava rapidamente. -- Como fui idiota a tal ponto? Claro que acreditei que foi uma coincidência você aparecer limpando as minhas lágrimas assim que minha mãe me contou a pior das mentiras e no dia seguinte apareceu em casa pedindo a minha mão. -- Disse em ironia.
-- Any, já chega! -- Savannah falou um pouco mais alto. -- Eu não sei de que merda você está falando, mas eu não tentei te comprar jamais. -- Falou irritada. -- E tem mais, você me pediu para casar com você, não o contrário.
-- Porque minha mãe conhece o quão idiota posso ser. -- Contestou. -- Sou patética. -- Disse chorando.
-- Não, você não é. -- Savannah a corrigiu, mas Any a olhou feio novamente.
-- Pare de agir como esposa perfeita porque seu joguinho já foi descoberto. Essa boa pose de ser perfeita, de me fazer sentir segura e até mesmo atraída por você acabou. Eu não ficaria com você nem por todo o dinheiro do mundo. -- Cuspiu as palavras. -- Só porque você é lésbica acha que todo mundo têm o mesmo tipo de atração que você? Acha que só porque é rica todas as garotas da cidade vão te desejar, mas adivinha só? Eu tenho repulsa, asco por você. Fui clara? Agora com licença. -- Savannah até tentaria ir atrás dela, mas não podia negar que suas palavras a feriram de um jeito profundo. Não havia feito nada para merecer tamanho distrato, mas no fundo só ouviu da boca de Any o que sempre soube: Ninguém jamais, em sã consciência, ficaria com ela por sentir algo. E rendida a esse pensamento foi para o banheiro tomar um banho e talvez, no secreto daquelas paredes, chorar.
[...]
-- Onde está a mamãe? -- Any gritou ao chegar em frente à casa onde Savannah lhes havia deixado. Havia pedido para um dos guardas lhe levar ali devido ao horário noturno.
-- Olá, filha! -- Seu pai disse sorrindo, mas perdeu o ânimo ao ver que sua filha chorava e parecia irritada. -- Está lá dentro. -- Disse a localização da mulher.
-- Você não tem nada a ver com isso, não é? -- Perguntou para seu pai, quem entortou a sobrancelha em confusão.
-- Com isso o quê?
-- Por Deus, o que são esses gritos? -- Andrea saiu da casa, confusa pela gritaria.
-- Como pôde, mãe? -- Perguntou ainda chorando. -- Eu estava apaixonada por ele. -- Confessou em um sussurro.
-- Querida, por Deus, do que está falando? -- Fingiu confusão.
-- Pode tirar sua máscara. Encontrei a Liana ou seria... Alexia? -- Os olhos de Andrea se arregalaram e a mulher percebeu que não teria outra escolha senão dizer a verdade.
-- Oh por Deus. Eram apaixonados, mas viveriam aonde? Em um chiqueiro qualquer? -- Perguntou com desdém. -- Como sustentariam meus netos? Com restos de ração e com leite de vaca? Você deveria me agradecer. Eu te fiz um favor. -- Completou cruzando seus braços abaixo do peito.
-- O que está acontecendo aqui? -- Oliver perguntou completamente alheio aos acontecimentos.
-- Além do mais vocês nem o amava. Amor e paixão são duas coisas bem diferentes. -- Resolveu ignorar a pergunta do marido apenas para dar a cartada final. -- E mais, desconfio até dessa paixão. Você só estava encantada por ele. -- Oliver olhou confuso para ambas.
-- Sua querida esposa se uniu com Savannah para bolarem um plano ridículo. -- Andrea franziu o cenho ao ouvir o nome de Savannah, mas não entendeu.
Any decidiu contar tudo para seu pai e o homem viu a cena com horror nos olhos. Como Andrea chegara tão longe? Decidiu partir da casa naquela mesma noite, voltando para sua casa no vilarejo. Andrea teve que o seguir, completamente contrariada e Oliver deixou claro que a partir de agora as decisões tomadas seriam todas única e exclusivamente dele.
No caminho de volta para casa Any estava magoada, triste. Como, em milhões de anos, imaginaria que sua mãe e sua esposa pudessem se unir para lhe atingir de tal forma?
Estava arrasada, tinha certeza que nada mais sentia por John, sabia admitir que com o passar dos dias lembrava dele cada vez menos, mas vacilou ao sentir a enxurrada de informações caindo em seu colo. Porém, uma coisa era incontestável: Ao chegar em casa acabaria com aquele casamento de uma vez por todas.
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Over the Rainbow | Versão Savany
Fanfiction[ADAPTAÇÃO] Over the rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Any Gabrielly, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por John Parker, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Andrea, des...