Capítulo 16

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-- Savannah... -- Any disse boquiaberta.

-- O que está esperando para ir abraçá-la? Suponho que a saudade seja grande. -- Falou sorrindo. Duas semanas depois de seu casamento Savannah não resistiu em contatar a melhor amiga de Any ao perceber que ela sempre falava sobre Diarra. Via o quanto seus olhos brilhavam ao falar da garota e decidiu levá-la à um passeio por sua fazenda, no qual, intencionalmente, sua melhor amiga lhe esperava na sala de estar.

Any não demorou nem dois segundos para ir abraçar sua melhor amiga. A negra abriu os braços no mesmo instante que viu sua amiga ir em sua direção. Se abraçaram por um longo tempo e Savannah desejou que Any lhe abraçasse com o mesmo entusiasmo algum dia. Sorriu genuinamente ao ver a cena.

-- Oh, meu Deus. Parece que não te via há anos. -- Diarra disse sorrindo, analisando sua amiga dos pés à cabeça. -- Está linda, Gabrielly. Suponho que esteja sendo bem cuidada.

-- Obrigada. -- Any respondeu sorrindo. -- Senta aqui, me conta como foi com seu irmão desde que saí de lá. E sua mãe? Oh meu Deus, ela deve ter ficado louca. -- Any falava em disparada enquanto se acomodava no imenso sofá localizado ali.

-- Eu, hm... vou deixar vocês a sós. -- Savannah disse, chamando a atenção de ambas para si. -- Vou visitar meus outros cavalos. Se precisar de mim estarei no estábulo. -- Falou se inclinando perto de Any e deixou um beijo em sua testa. -- Com licença.

-- Não é a minha preferência, mas... Que olhos! -- Di falou assim que Savannah cruzou para fora da porta e Any não se conteve em rir.

-- Tire os olhos de cima da minha esposa. -- Any alertou em tom de brincadeira. Ambas riram até Diarra suspirar.

-- Ainda não entendi o que houve. -- Falou simples. -- E John?

-- Não quero falar disso. -- Disse abaixando seu olhar. A última vez que conversaram Any ainda namorava John e, provavelmente, Di também não saiba do casamento do cretino.

-- Ele me perguntou de você esses dias.

-- Não quero falar disso! -- Any repetiu firmemente e sua amiga assentiu.

-- Está feliz? -- Sua amiga perguntou, realmente preocupada.

-- Savannah é carinhosa, atenciosa, brincalhona...

-- E tem aqueles olhos... -- Diarra disse se abanando e Any lhe acertou um tapa de leve em seu braço. -- Assuma que você também perde o fôlego com aqueles olhos. -- Any enrubesceu e abaixou o olhar para suas mãos.

-- Di, para com isso! -- Pediu sentindo suas bochechas arderem.

-- É sua esposa. Não deveria se envergonhar. -- Falou rindo.

-- Você não liga de eu ter me casado com uma mulher? -- Any perguntou surpresa.

-- Quem chupa a sua intimidade diz respeito somente a você, Any. -- Disse, fazendo Any arregalar os olhos e enrusbescer. -- E eu jamais julgaria. Olha bem para aquela mulher, uma deusa. -- Disse rindo novamente.

-- Você não muda.

-- E você não respondeu minha pergunta. -- Falou enquanto voltava a franzir os olhos e as sobrancelhas de forma sugestiva. -- Ela não te tira o fôlego?

-- Ela é realmente maravilhosa. -- Any respondeu deixando um pequeno sorriso aparecer em seus lábios sem nem perceber.

Conversaram por horas naquela sala sobre as últimas semanas, sobre o irmão encrenqueiro de Diarra, sobre a mãe deles que ficava de cabelos em pé com as discussões dos dois, sobre a perspectiva de ambas para o futuro e apesar de Savannah já não ter o que fazer em sua fazenda, em momento algum ousou interromper a conversa das garotas.

-- Hey, garoto, voltei. -- Savannah disse à um de seus cavalos. -- Vou ficar mais um tempo aqui com você. -- Falou se apoiando na madeira que separava ela do animal. -- Parece que Any ficou feliz com a surpresa. -- Ela falou sorrindo, lembrando-se do sorriso de sua esposa.

-- Eu gosto de quando ela sorri. É bonito. -- Voltou a falar enquanto levou uma mão ao animal, acariciando a crina do mesmo. -- Você precisa ver ela. É linda em sua forma mais pura. -- Falou suspirando. -- Acho que ela está perdendo o medo de mim. Às vezes até segura em minha mão sem que eu precise pedir. Eu sei que é para manter as aparências, mas mesmo assim...

-- Savannah? -- Deu um pulo ao ouvir a voz de sua esposa. A garota riu baixinho. -- Desculpe te assustar.

-- Tudo bem. -- Falou se aproximando, se recompondo do susto.

-- A Di precisa ir embora, mas a convidei para ir em sua casa algumas vezes. Tem problema?

-- A casa é sua também. -- Falou sorrindo calma. -- E não. Pode convidar quem e quando quiser para lá. -- Falou e Any assentiu. -- Bem, vamos?

-- Claro. -- E quando Savannah começou a andar sentiu seu corpo ser parado por uma mão segurando seu antebraço.

-- Savannah?

-- Sim? -- Respondeu se virando para a mais nova. A garota parecia envergonhada por algo.

-- Obrigada por isso. -- E, sem dizer mais nada, abraçou bruscamente sua esposa. Savannah foi surpreendida pelo ato, mas logo devolveu o abraço da mais nova.

-- Não precisa me agradecer.

-- É claro que preciso. -- Any falou afastando a cabeça de ombro de Savannah, mas não suas mãos do redor do pescoço dela. Encarando-a nos olhos lembrou das palavras de sua amiga e riu, claro que o olhar de Savannah sobre si a tirava o fôlego, e agora, depois de sua amiga confessar que Savannah tirava o fôlego de qualquer um, percebeu que não tem problema em admitir isso.

-- Por que ri? -- Savannah indagou confusa.

-- Não sei. -- Any respondeu. -- Talvez a percepção de algo nos deixe idiotas.

-- Percepção?

-- Seus olhos... Eles são lindos. -- Savannah abriu a boca sem reação. Jamais esperaria um elogio de Any.

-- Obrigada. -- Savannah disse sentindo seu coração se aquecer. -- Mas ainda prefiro os seus.

-- Castanho é uma cor comum demais.

-- Em você nada é comum. -- Ela tratou de responder rapidamente. -- É tudo um conjunto único. -- Any corou e Savannah suspirou, não querendo parecer oportunista por estar aproveitando-se de um simples elogio. -- Vamos?

-- É...Certo, vamos. -- Se desfez da proximidade de Savannah. Caminharam por toda a extensão da fazenda, pois ambas entraram em comum acordo de que era bom tomar um pouco de ar fresco.

-- Tobias, volto logo para dar um passeio em meus bebês. -- Sentiu os dedos de Any se entrelaçarem nos seus, mas, quando iria se iludir com tal feito, viu um dos guardas analisando longinquamente ambas.

-- Sim senhora. -- A cabeça de Any se encostou em seu ombro em sinal de cansaço e Savannah se despediu logo do rapaz.

-- Hora de levar minha princesa para descansar. -- Savannah falou calma.

-- Estou com frio. -- Any disse com voz manhosa e Savannah riu baixinho, soltando a mão dela e passando seu braço ao redor da garota.

-- Melhor? -- Any assentiu ao sentir a mão de Savannah subir e descer em seu braço com intenção de aquecê-la. Não viu maldade no ato, ou segunda intenção, até porque não havia. -- Ótimo.

Savannah se sentia terrível por estar desfrutando de uma situação armada, onde sua esposa só fazia essas coisas para provar para os outros o quanto esse falso casamento era real, enquanto Any nem sequer havia reparado que havia um guarda ali, agira por impulso, mas não ligava, afinal de contas, Savannah não havia reclamado. Sentia-se feliz por finalmente ter começado a ver que Savannah não era um bicho de sete cabeças. Claro que sabia da gentileza da garota, mas o pânico de se estar casada a perseguia antes. Começar a sentir-se à vontade com Savannah era bom, incrivelmente bom.

Over the Rainbow | Versão Savany Onde histórias criam vida. Descubra agora