Capítulo 9

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-- Vista algo atraente, querida. Savannah volta hoje, de acordo com Melanie, e não quero que ela desista do casamento. -- Any sorriu internamente pensando na hipótese, mas logo lembrou que se não casasse com Savannah seria com outra pessoa.

Dois dias haviam se passado desde que Savannah partira e Any nunca se viu tão feliz depois que soube que seu ex-namorado a enganava. Não que ela tivesse repulsa ou algo assim por Savannah, ela apenas não conseguia encarar o fato de que se casariam. Teria passado dias conversando com a moça do rio, mas não suportava dez minutos ao lado de sua noiva. Eram a mesma pessoa, mas na primeira delas não havia o peso de um casamento.

-- Você sabe que após o casamento terão que se mudar, não é? -- Any perguntou. -- Só está aqui para confirmar de que Savannah não fará nada comigo antes do casamento, mas pelas tradições vocês não deveriam morar conosco. -- Andrea a olhou séria.

-- A casa é enorme... mas eu sei. Vou pedir à Savannah para comprar uma casa aqui pela cidade para mim.

-- Savannah não é seu banco. -- Any alegou irritada.

-- Que bom que pensa assim, pelo menos sorrirá quando te parabenizarem pelo casamento, assim mostra não ser por interesse.

-- Por que fazem isso? Só nos povoados as moças têm idade para casar. Aqui a maioria é livre para decidir com quem e quando se casar.

-- Estamos fazendo isso pelo seu bem, filha.

-- Meu bem? Eu só aceitei essa droga de casamento porque poderia ser algum tarado, grosso, bruto e nojento. Se você não me ameaçasse eu não teria aceitado me casar com Savannah. Eu não a amo!

-- Ela te proporcionará uma vida de rainha. Depois que essa sua fase de sonhadora apaixonada acabar e você amadurecer você me agradecerá pelo que estou fazendo. -- Any bufou.

-- Onde está papai? -- Decidiu mudar de assunto para não se irritar mais.

-- Com o antigo administrador.

-- Jerry?

-- Sim. Eles parecem ter assuntos intermináveis. -- A mulher disse rindo satisfeita.

-- Any? -- A voz de Mel preencheu o grande salão.

-- Eu vou passear no jardim para que fiquem à vontade. Com licença. -- Andrea disse antes de se retirar.

-- Rosália fez uns biscoitos deliciosos e roubei alguns para nós. -- Ela disse revelando a caixinha de biscoitos em suas mãos. A risadinha de Any foi adorável.

-- Você é maluca. Senta aqui, quero provar. -- Falou animada.

Nesses dois dias de ausência de Savannah, Mel e Any ficaram bem próximas, pois passavam o dia conversando e rindo de coisas aleatórias. Any se sentia bem à vontade com a baixinha e sentia que podia confiar nela.

-- Hey, não coma tudo. Trouxe para nós duas. -- Mel reclamou, vendo Any devorar os biscoitos.

-- Desculpe. -- Disse com a boca cheia, usando sua mão direita tampar a boca. Terminou de comer e continuou. -- Eu sou viciada por qualquer coisa doce.

-- Savannah também. Se matarão para ver quem fica com os doces então. -- Disse e Any parou de sorrir na hora. O simples escutar do nome de sua noiva a trazia a sua realidade. -- Não deveria ficar tão chateada por se casar com ela. Ela é maravilhosa e te tratará como uma rainha.

-- Já me disseram isso, mas... -- Suspirou. -- Eu não a amo.

-- Any... -- Mel foi interrompida pelo barulho de algo se quebrando. -- Acho que Savannah chegou.

-- Como sabe?

-- Tem coisas sendo quebradas dentro da biblioteca. Só pode ser ela.

-- Por que ela quebraria coisas lá dentro?

-- Quer ir descobrir? -- Any gostaria de dizer que não, que não queria correr o risco, mas sua curiosidade falou mais alto. Se levantou e acenou para Mel, para então seguir para a biblioteca. Mel já havia lhe apresentado toda a casa, então não teria problemas em achar nada por ali.

-- Savannah? -- Chamou sutilmente após deixar três batidas na porta. -- Posso entrar?

-- Não acho... que seja uma boa ideia, Any. -- Pelo tom de voz, Any percebeu que Savannah chorava e, sem entender bem o que lhe deu, abriu a porta mesmo assim.

Se deparou com vasos quebrados e livros jogados para todos os lados, mas o que lhe chamou a atenção foi a morena debruçada sobre sua mesa, apoiada em seus punhos. Savannah ergueu a cabeça ao ouvir a porta sendo fechada e se deparou com Any. A menor percebeu os olhos inchados, as bochechas avermelhadas e lágrimas na face de Savannah.

-- O que houve? -- Perguntou se aproximando.

-- Algo no trabalho. Desculpe, não deveria me ver assim. -- Disse enxugando suas próprias lágrimas. -- Como está? Já se acostumou com a casa? -- Forçou um sorriso.

-- Sim, mas não vim para falarmos de mim. O que houve com você? Por que chorava? -- Perguntou, agora já de frente para sua noiva.

-- Foi pela pequena batalha que tivemos. -- Confessou.

-- Perderam?

-- Não a batalha. -- Any franziu o cenho.

-- Como assim?

-- Dois de meus homens morreram. Eles eram... eram boas pessoas. -- Disse em um fio de voz. -- Eles não deveriam...Foi tudo minha...a culpa foi... -- Soluços começaram a escapar de Savannah, inevitavelmente. -- Eu não pude fazer nada para ajudá-los, Any. Absolutamente nada. -- Any sentiu seu coração se apertar ao ver a fragilidade da garota em relação a isso.

-- Hey... -- Tomou hesitante as mãos de Savannah. -- A culpa não foi sua. Você não pode levar todos os seus homens nas costas. Eles sabiam o que poderia acontecer quando se alistaram.

-- Mas eles m-morreram para salvar a minha vida. -- Savannah disse aos prantos. Any não resistiu e puxou Savannah para seu colo, começando um carinho leve em seus cabelos, no intuito de acalmá-la.

-- Eles estavam cientes disso e se o fizeram era porque acreditavam em você como líder. -- Savannah levantou seu olhar para Any, quem nesse momento só queria que Savannah parasse de chorar.

-- V-você acha? -- Any deu um leve sorriso e assentiu.

-- Claro que sim. -- E depois disso nada mais disseram. Ficaram na mesma posição por alguns minutos, Any acariciando os cabelos de Savannah enquanto a loira se permitia chorar no colo de sua noiva.

-- Savannah? -- algumas batidas na porta foram ouvidas e um baixo "pode entrar" de Savannah permitiu a entrada de Sabina. -- Desculpe interromper. Só vim perguntar se quer que eu vá anunciar à família deles sobre... Você sabe. -- Sabina odiava isso tudo. Sabia que Savannah ficava arrasada sempre que algum deles morria. Savannah sempre negava e sempre dizia que ela mesma iria anunciar à família. Se sentia na obrigação de fazer isso.

-- Não. -- Savannah negou, levemente mais calma. -- Eu mesma vou. É o mínimo que posso... -- Sua garganta se fechou e mais lágrimas desceram de seus olhos.

-- Você não vai à lugar nenhum. -- Any, em um golpe de coragem, disse de pronto. -- Pode ir avisá-los, Sabina. Digo, se não for incomodo.

-- De maneira alguma. -- Sabina respondeu.

-- Mas eu...

-- Mas nada. Você está exausta, tanto fisicamente quanto emocionalmente. – Any falou. -- Então você vai deitar no meu colo e eu vou continuar fazendo carinho em você até que se acalme. Depois você vai subir e tomar um banho para ir comer algo e depois descansar. -- Any não sabia de onde tinha vindo isso, só sentiu necessidade de proteger Savannah.

-- Tudo bem. -- Savannah disse deitando sua cabeça no colo da mais nova novamente. Sabina sorriu com a cena. Essa garota definitivamente faria bem à Savannah e ver isso confortou seu coração.

-- Ok. Com licença. -- Sabina disse, deixando ambas à sós novamente. Any continuou sua carícia e minutos depois escutou o leve ressonar da morena, percebendo que ela tinha caído no sono finalmente.

Over the Rainbow | Versão Savany Onde histórias criam vida. Descubra agora