Serial Killer

Capítulo 3

    Não consigo acreditar que Michele trabalha para a 'Generation Z', tivemos anos de amizade e ela nunca me mencionou nada disso. Mas eu também não mencionei nada sobre a 'Super' para ela, então acho que estamos quites. Mas eu não poderia a matar, tivemos uma briga que separou a gente, sim, mas não chego a ter vontade de matá-la, eu ainda a amo, não posso matar alguém que amo, ou amei, não é a mesma coisa.

    Me levantei da cadeira assustada assim que vi sua foto, meu pai interrompeu o slide e olhou para mim confuso, assim com Isaac. A secretária que estava lá ligou a luz.

    -- Algo de errado, Srta. Hundred? - meu pai olhava para mim ainda confuso, como se não lembrasse dela ou simplesmente nunca deu por sua presença quando eu a levava para minha casa.

    --Pai... - falei, e ele me olhou com reprovação. - Sr. Hundred - corrigi e ele pareceu satisfeito - essa é Michele Anne Kirckman, eu estudava com ela e costumávamos ser amigas.

    Isaac ficou surpreso com a notícia, mas logo sorriu, não entendi o porquê que ele estava sorrindo, não era ele que ia matar a ex-melhor amiga. Eu fiquei com raiva, sim, e confusa, não acredito que meu pai não se lembrava dela, não acredito que ele simplesmente estava lá rindo com Isaac, e por que Isaac estava rindo com meu pai? O que ele sabe que eu não sei? Provavelmente muita coisa, ele tem mais anos aqui do que eu, afinal, ele cresceu aqui, mas não é justo, eu exigia uma resposta.

    -- Qual a graça? - perguntei irritada.

    -- Querida, - falou meu pai, pela primeira vez ele me tratou com carinho na empresa. - todos nós já matamos alguém que costumávamos amar, alguém que sumiu sem mais nem menos, alguém que faz parte do seu passado. É isso que faz nós sermos o que nos somos, faz nós sermos frios, isso é parte do seu treinamento. - ele falava com um pequeno sorriso estampado no seu rosto, eu apenas o encarava incrédula. - E essa é a sua primeira missão. Agora a pergunta é, você está pronta pra isso?

    Olhei para Isaac que me olhava desafiador,  mas também com uma pitada de esperança, ele queria que eu aceitasse, eu via isso, mas por quê?

    -- Quem irá me substituir se eu não for? - pergunto olhando para meu pai. Ele olha para um papel e depois volta seus olhos para mim.

    -- Stacy Pipperman.

    Sinto meu rosto queimando de raiva, não poderia deixar que ela fosse minha substituta, mas não sei se eu poderia matar Michele, ainda tenho boas lembranças dela. Eu queria tempo para pensar, mas meu pai nunca que concederia esse favor para mim. Olho mais uma vez para Isaac que agora suplicava para que eu fosse, então reuni toda a coragem que eu tinha no meu corpo e aceitei a missão, e pela primeira vez durante anos vi meu pai sorrir para mim com orgulho, a última vez foi quando eu fiz uma arma como meu primeiro desenho, a uns 12 anos atrás.

    -- Muito bem, agora soldado Kate Hundred. - ele se aproximou de mim para me dar um abraço e sussurrou em meu ouvido: - Você não vai se arrepender disso. - deu dois tapinhas no ombro de Isaac com um sorriso aliviado e saiu, nos deixando sozinho.

    -- Estou tão feliz que você aceitou, não aceitaria ficar um dia com Stacy. - disse Isaac sorrindo.

    Nunca entendi porque Isaac não gostava de Stacy, mas acho que é porque ele namoravam e ela teve um caso com outro alguém, porque isso é a cara dela, nunca me preocupei em perguntar então logo tirei esse pensamento da cabeça. Chegamos no meu quarto e Isaac parou em frente a minha porta, me impedindo de entrar.

    -- Com licença, preciso reunir energias para treinar amanhã.

    -- Eu não ligo. - ele estava com um sorriso de lado, seus olhos verdes penetravam os meus, e seus cabelos pareciam azuis à luz do corredor.

    -- O que você quer? - perguntei desconfiada.

    -- Nada, apenas queria passar mais um tempinho com você. - falou e eu abaixei a cabeça timidamente. - Boa noite. - ele beijou minha testa e saiu. Fiquei o observando até entrar em seu quarto.

    Me joguei em minha cama e fiquei olhando para o teto, nem me importei em tirar aquele macacão preto e super colado, eu ainda estava fascinada no caso da Michele, eu pensava que a conhecia, nunca imaginei que ela seria capaz de matar alguém, mas quanto mais se pensa que você conhece alguém, menos você conhece.