Capítulo 17

101 2 0
                                    

-- Você deve encher uma mala de balas, já que suas balas são especias. - meu pai jogou uma mala para mim e continuou indo em direção aos outros. - Isaac, carregue o máximo de flechas que você conseguir, rápido. - Isaac saiu correndo atrás de todos os tipos de flechas possíveis, as pegava até com a boca, aquela cena me fez dar um pequeno sorriso.
-- Como você consegue sorrir com tudo isso acontecendo? - escutei a voz de Stacy atrás de mim, ela parecia nervosa e indignada ao mesmo tempo. Ela olhava por cima de mim como se procurasse algo, mas não havia nada para ela procurar, que eu saiba.
-- Apenas se acalme, ok? Vai dar tudo certo. - falei tentando a acalmar, em vão.
-- Como você me pede para ficar calma? Não tem como ficar calma! - exclamava. Então Stephen segurou em sua mão, eles trocaram olhares e então ela finalmente se acalmou. Eu os olhava tentando entender o que havia acabado de acontecer, e então me lembrei da noite em que eu estava nervosa e Isaac segurou minha mão e no instante eu me acalmei, mas aquilo foi diferente.
Olhei para frente e vi Joe, um dos nossos espiões, ajudando Isaac a carregar as flechas, já que os dois lutavam com arco, colocaram tudo na van e voltaram para pegar mais.
-- Tem tudo o que você precisa? - perguntou meu pai, aparecendo em minha frente do nada e me dando um leve susto.
-- Sim, senhor. - respondi.
-- É assim que você faz a sua filha te tratar? - minha mãe aparece atrás do meu pai, toda equipada e armada. Sua calça era de couro original e sua blusa de couro preto, ela ama couro, sempre amou. - Vou ter que te chamar de "senhor" também? - disse fazendo o sinal de aspas na palavra 'senhor'.
-- Claro que não, aqui nós dois somos os senhores. - disse e a beijou, virei a cara fazendo cara de nojo para Michele. Ela sorriu.
Me afastei deles e fui em direção a Isaac que respirava fundo encostado na van. Primeiro fiquei de longe o observando suspirar quando levou a última mala de flechas e olhou todo orgulhoso para aquilo.
-- Você é um ótimo arqueiro. - falei, ele olhou para mim, sorriu e abraçou minha cintura.
-- E você é uma ótima baleadeira. - disse, eu comecei a sorrir.
-- Baleadeira? Sério isso? - ele sorriu timidamente e voltou a sua atenção para a van.
-- Eu só quero que tudo der certo. Não quero que o Logan mate mais pessoas inocentes, apenas aquelas que merecem. Só quero que tudo seja justo. - às vezes Isaac podia ser bem filosofo ou direitinho demais, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que mesmo quando ele falava aquilo, ao mesmo tempo estava imaginando como matar Logan ou qualquer outro bandido. Por mais que queiramos justiça, nem sempre matar bandidos é a resposta, mas como a polícia não pega, ou não faz nada, nós matamos, porque a vida é a assim.
-- Está tudo pronto? - chegou Michele de mansinho.
-- Creio que sim. - olhei para Isaac que continuava a encarar a van. Ele olhou para nós e deu um sorriso maléfico.
-- Está tudo pronto.
Entramos na van e seguimos a viagem. E era praticamente uma já que o local era bem longe. Os meninos tentavam passar o tempo com qualquer coisa, até brincar com as armas ali era permitido.
-- Eu nunca tinha percebido, mas sua arma parece com a Colt. - disse Isaac pegando em minha arma.
-- É, só que ela não mata demônios, apenas humanos. - respondi, ele deu um leve sorriso.
-- Mas mata com crueldade. - respondeu pegando uma bala. - Essa pólvora é veneno. Quando você atirar em alguém com uma dessas balas, eles vão ter uma convulsão e ao mesmo tempo sentir a dor de ser baleado antes de morrer. - olhou para mim. - Atire na perna de Logan.
-- Por que? - perguntei confusa.
-- Para ele ter uma morte lenta. - respondeu dando o sorriso de lado.
-- Você é tão estranho, Isaac. - disse, e nós sorrimos.
-- Concordo. - disse Michele, se intrometendo na conversa. Então continuamos o caminho em silêncio.

Seguimos o caminho a pé até onde nós provavelmente encontraríamos Logan e seu "exército" de espiões. Já que a sua melhor espiã estava conosco, duvido que sejam tão fortes quanto nós imaginamos.
Chegamos ao local e descemos. Era um celeiro abandonado, não sei porquê nos encontraríamos em um celeiro, era tudo tão acabado e aquilo não aguentaria por muito tempo, talvez seja esse o plano de Logan, talvez ele pense em desabar o lugar, por mais que isso signifique a sua morte também, mas ele não ligava, contanto que meu pai também morresse, e eu não iria deixar aquilo acontecer.
-- Ora, ora... Vejam só quem chegou. - disse Logan aparecendo da escuridão novamente, com John McCall e seu companheiro pequeno ao seu lado. - Aproveitem enquanto ainda estão com vida, tudo o que eu quero é Jessy, prometo cuidar bem dela.
-- Nunca! - exclamei e atirei em Logan, mas John McCall se colocou em sua frente e a bala foi direto em seu colete.
-- Boa tentativa é... Como é seu nome mesmo, docinho? - perguntou.
-- Kate, Kate Hundred. - sentia vontade de cuspir em sua cara. - Eu serei aquela que irá dançar em seu túmulo. - ele sorriu.
-- Kate Hundred, claro. Finalmente conheci a garota que me roubou a minha melhor espiã. Você é bem destemida, gostei disso. - falou e se voltou para Michele. - Olá traidora, como você está? Senti saudades sua, e acho que outra pessoa também sentiu.
Uma garota loira de tranças apareceu atrás de Logan com uma arma apontada para Michele, que logo perdeu seu sorriso ameaçador ao avistar a garota.
-- Britanny? - disse olhando incrédula para Britanny. - O que você está fazendo? Vem comigo, vem pro meu lado.
-- Se eu for para o seu lado eles matam minha mãe, não posso perder minha mãe! Você sabe que eles realmente a tiram. - exclamou ainda com a arma apontada.
-- Vem comigo. Nós vamos salvar você, a todos e a sua mãe. - deu uma pausa para encará-la, eu sentia que Michele estava prestes a chorar. - Você sabe que não se pode confiar em Logan. Por favor, você é a minha única família.
Única família? Como assim? O que tinha acontecido com os pais de Michele? Ela nunca tinha comentado isso comigo, mas eu também nunca havia perguntado. Eu queria saber o que havia acontecido com eles, porque, apesar de tudo o que aconteceu entre mim e Michele, eu os amava, eram como meus segundos pais.
-- Me desculpe. - disse chorando, puxou o gatilho, depois apontou para cima e apertou e saiu correndo para o mesmo lugar de onde veio, como se estivesse com medo de algo. Ficamos sem entender aquele seu gesto.
Então, vários espiões entraram pela porta em que ela havia desbloqueado, e a guerra ia começar.

Serial KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora