Meu pai me olhava de um jeito estranho, Isaac falava algo em seu ouvido e ele não tirava os olhos de mim. Depois que Isaac terminou de falar ao seu ouvido, meu pai veio em minha direção.
-- Estou decepcionado. - foi tudo o que disse, e saiu.
Isaac me olhou com pena. Abaixei a cabeça e fui para o meu quarto. Enchi a banheira com água quente e fiquei meia hora dentro dela. Chorando. Sai da banheira e dei uma olhada no meu quarto, estava uma bagunça. Resolvi mudar tudo, e colocar um pouco de cor nele, pois parecia um quarto de um soldado, não o quarto da Kate, aquele verde era feio e não combinava com a escrivaninha - que foi a única coisa que meu pai deixou eu mudar - branca.
Peguei um carro escondida e dirigi até a rua da minha antiga casa. Uma velhinha agora morava lá, mas eu a conhecia e ela sempre me ajudava, não importa o que fosse. Olhei para a casa de longe, vi que ainda continuava a mesma coisa, a mesma casa amarela em um condomínio de casas vermelhas e brancas, a grama continuava verde e linda como sempre, alguns vizinhos, que antes costumavam ser meus vizinhos, ainda estavam lá e regavam seu jardim, acenei para alguns que me avistaram, mas preferia não parar para falar com alguém, pois a minha vida toda é um segredo. Estacionei o carro em frente a minha antiga casa. Parei em frente a porta e respirei fundo. Toquei a campainha e logo a Senhora Nayds apareceu.
-- Olá querida. - disse com um sorriso simpático.
-- Olá Senhora Nayds. - devolvi o sorriso.
-- Entre. - falou já de costas para mim e indo em direção a cozinha. Entrei timidamente e fechei a porta atrás de mim. - E por favor, me chame de Mary.
Dei de cara com a escada de madeira. Lembro do quanto tinha medo dela e do porão que ficava logo debaixo dela, uma pequena portinha que antes eu tinha facilidade para entrar, mas agora teria que abaixar a cabeça. Olhei para o lado e vi a sala, toda em branco, a Senhora Nayds é uma velhinha de classe. Desculpe, Mary. Fui direto e entrei na cozinha, o cheiro estava delicioso, mas eu não podia ficar. Sua cozinha era praticamente toda preta, mas tinha alguns detalhes prateados, de madeira e brancos.
-- Está com fome? - perguntou, ainda com o mesmo sorriso que me recebeu a porta.
-- Ah, eu não posso ficar sen... - ela me olhou - Mary - corrigi - eu só vim lhe pedir um favor.
-- Então fale, querida.
-- Eu só preciso de alguns cobertores e tintas. Quero redecorar meu quarto, já que vou ficar por lá por muito tempo.
-- Pelo menos eu sei que não tomarão minha casa. - disse sorrindo e indo em direção ao porão. Não sei se eu deveria ter dito algo, mas apenas sorri com ela.
O porão estava um pouco empoeirado, mas ela lavava suas roupas ali em baixo mesmo. Ela me apontou para uma pilha de cobertores e me mandou escolher, assim o fiz. Vi cobertores floridos, alguns de veludo vermelho - fiquei muito tentada em escolhê-los, mas seria muita audácia. - vi alguns de cor rosa, e fiquei em duvida entre dois, um florido com vários tons de rosa, azul, vermelho, lilás e branco, e um rosa bebê com alguns detalhes bem fofos. Mary disse que o rosa bebê era de sua filha, antes de morrer, então resolvi ficar com o florido pois percebi que ela queria ficar com o de cor rosa bebê. Ela me entregou algumas tintas, uma rosa e outra marrom, e também me deu uma fôrma em forma de patinhas.
-- Seu quarto vai ficar uma fofura, assim como você. - sorri timidamente para ela olhando para as tintas e a fôrma.
Me despedi de Mary a agradecendo, a abracei na porta e caminhei em direção ao meu carro. Ela insistia que eu ficasse e comesse, mas não queria perder tempo, queria reformar meu quarto antes que meu pai viesse falar comigo.
Cheguei na empresa e alguns seguranças ficaram desconfiados com as coisas que eu havia levado, mas no final acabaram me ajudando a subir com elas, deixaram em meu quarto e saíram. Percebi que Isaac me observava de longe, encostado em sua porta. Me atrapalhei com as chaves pois meus braços ainda seguravam o forro para a tinta não sujar meu chão, os cobertores que comprei no caminho e o que Mary me deu. Os joguei no chão e escutei alguns passos atrás de mim, orei para que não fosse meu pai.
-- O que você está aprontando? - escutei sua voz e me acalmei. Era Isaac.
-- Vou fazer uma reforma em meu quarto, quer ajudar? - disse e finalmente abri a porta.
-- Adoraria. - o senti sorrindo atrás de mim. Ele carregou as tintas e entrou. - Nossa, que bagunça.
-- Não tava tendo muito tempo para arrumar. - expliquei
-- E quando seu pai ver? - sua voz tinha um tom de preocupação e sua testa estava franzida.
-- Ai deixa que eu me resolvo com ele. - olhei em seus olhos e tentei dar um sorriso motivador. Em vão. Ele continuava com a testa franzida.
Ele botou o forro em todos os cantos do meu quarto, afastamos os móveis e começamos a pintar. Eu pintava uma parede, e ele pintava outra.
-- Seu quarto vai ficar a sua cara. - disse, eu apenas sorri sem olhar para ele.
Depois de algum tempo já havíamos pintado as quatro paredes, agora era a vez de fazer as patinhas marrons. Disse para Isaac não fazer nenhuma feia, ele disse que era impossível pois era só jogar a tinta, mas eu continuava desconfiada, pois queria meu quarto perfeito. Depois de mais algum tempo o quarto já estava pintado, olhei orgulhosa para o meu trabalho, quer dizer, nosso trabalho. Isaac me deu um selinho e disse que era melhor irmos comer enquanto a tinta seca. Tranquei o quarto e sai. Ele saiu correndo para pegar seu Camaro e levá-lo até a mim. Entrei e fomos dessa vez em direção ao BOBs.
-- Como você arranjou todas essas coisas? - perguntou quando parou em um sinal, Isaac era bem rígido com a lei e sempre a seguia.
-- Eu fui até minha antiga casa.
-- Sozinha? - perguntou quase exclamando.
-- Sim, peguei um carro e fui. - disse como se fosse a coisa mais normal do mundo, e no fundo era.
-- Você é louca? E se você fosse pega? - gritava comigo.
-- Que bom que não fui. - sorri para ele, o que o deixou mais irritado e me ignorou o caminho todo.
Chegamos ao BOBs e fizemos nossos pedidos. Ele continuava a me ignorar. Os pedidos chegaram e comemos em silêncio.
-- A qual é, Isaac! Pelo menos eu estou bem, pare com essa besteira. - gritei atraindo alguns olhares curiosos.
-- Tudo bem, odeio ignorar você. - disse e me deu um selinho por cima da mesa.
Terminamos de comer e voltamos para a empresa. Lá já terminamos de reformar meu quarto. Depois que tudo ficou pronto, armamos uma forma de pegar Michele.
-- Vai ser infalível. - disse Isaac assim que nós terminamos.
-- E dessa vez ela não me escapa. - falei determinada.
-- Gostei disso. - sorriu de lado, o gesto que eu passei a amar. O beijei e ficamos acordados a noite toda planejando, nada podia dar errado.
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Serial Killer
ActionKate foi mandada para sua primeira missão, mas nada saiu como ela esperava, na verdade, foi tudo totalmente ao contrário.