"Amanhecer"

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Alguns dias se passaram depois de tudo o que aconteceu, Madelyn agora tinha uma nova vida, novos costumes e novos pensamentos. Sua tia lhe dava o auxílio que ela precisava, sua prima gostava de invadir o pequeno mundo de Madelyn mesmo sem ser convidada.
Eva era extrovertida, intuitiva, mais sentimental do que a prima e perceptiva, apesar de ser um tanto descuidada conseguia identificar quando Madelyn não estava bem, sendo uma ENFP.
Madelyn cresceu como filha única e sem a presença do pai por isso não sabia lidar muito bem com a família de Eva, pois achava que era completa de mais.
A menina lia seu livro de Bukowski enquanto sua prima corria de um lado para o outro ensaiando uma apresentação para a escola.

- Eva, para quando é essa apresentação?

- Para ontem.

- Como assim?

- Era para eu ter apresentado ontem, mas ocorreu um imprevisto e vou apresentar hoje.

- Que imprevisto?

- Esquecimento.

Madelyn começou a rir da prima.

A campainha toca e Eva atende a porta.

- Tio? Quanto tempo não nos vemos! Mamãe, tio Thomas está na porta!

Edna desce as escadas correndo.

- O que faz aqui?

- Vim buscar a Madelyn.

- Ela mora comigo agora.

- Mas eu sou o pai dela.

- Depois de todos esses anos só agora percebeu? Precisa falar com ela e deixa-la decidir se quer ir ou ficar.

- Ela não responde por si mesma, pela lei ficará comigo. - Entrou e foi para a sala aonde estava Madelyn.

Ao notar a presença do pai olha surpresa e deixa o livro de lado.

- Sinto muito pelo que aconteceu. Arrume as suas coisas, a partir de hoje morará comigo.

[...]

Depois de arrumar as malas, vai até o carro de seu pai e percebe que ele não veio sozinho, tinha um garoto encostado no carro de braços cruzados.

- Esse é o seu irmão, se chama Joaquim.

- Irmão?

- Seu meio irmão.

- Isso parece um pesadelo - entrou no carro.

Pela estrada, observava as ruas e as placas pela janela no banco de trás. Quando finalmente chegou, notou que o lugar não era em uma zona urbana, seu pai morava em outra cidade no campo.

- Ótimo, mamãe foi se envolver com um cowboy. - Sussurrou com ironia e abriu a porta do carro.

- Bem-vinda a sua nova casa!

- Deus tenha piedade de mim... - Olhou para o arame farpado, para o portão velho de madeira caindo aos pedaços e depois para o casarão mal pintado por fora com as paredes descascando.

Seu pai lutou com o portão velho para conseguir abri-lo e entraram, passou por alguns matos que pareciam uma espécie de jardim detonado, acabou pisando na lama e limpou o sapato raspando com o pé no portão.
Ao entrar na casa percebeu que era ainda pior do que fora dela, o piso era de madeira e rangia conforme pisava. O sofá estava rasgado, havia pilhas de papéis velhos em cima de uma mesa no centro da sala, a televisão era de tubo antiga e tinha um telefone na parede sem fio porque estava cortado. Subindo as escadas conduzida por Joaquim nota quadros esquisitos no corredor com desenhos incomuns, entra em seu novo quarto que possuía goteiras, uma cama velha antiga, um guarda-roupa de madeira, as paredes eram mal pintadas e do lado da cama tinha uma mesinha com um pequeno relógio.

[...]

Depois de colocar as roupas no guarda-roupa, resolve explorar a casa, sai do quarto e desce as escadas, do lado de fora repara em uma porta, ao abrir vê muitas coisas entulhadas ali. Pensa se alguma daquelas coisas seriam úteis para ela, então começa a revirar, encontra uma tinta de parede azul, uma massa corrida, cimento empedrado no saco, um balde, luvas, uma espátula, escada, rolo e pincel de pintura, uma pá de pedreiro e uma lixa de parede, achou que tudo isso seria útil. Arrasta o saco de cimento empedrado e com o martelo começa a bater no saco para que conseguisse utiliza-lo, quando consegue quebrar o suficiente tira um pouco do saco e mistura com a água que pegou da torneira ali perto com o balde, faz a mistura no balde e o cimento estava pronto.
Pega o balde com cimento, a tinta azul, a lixa, a massa corrida, a espátula, as luvas e tudo o que precisava e levou aos poucos para o seu quarto. Usou a escada para alcançar o teto e passou o cimento para parar a goteira, quando o cimento secou lixou o teto, passou a massa corrida, lixou novamente e pintou as paredes de azul.
Madelyn aos 15 anos já tinha um QI acima da média, por estar sempre sozinha a maior parte do tempo criou uma independência e uma certa inteligência para suprir as suas necessidades. Levou algumas horas para pintar tudo e terminou apenas no final da tarde.

- Oi, o que você está fazendo? - Joaquim aparece na porta.

- Uma reforma. - Fala ajustando a pintura com o pincel.

- Fez tudo isso sozinha?

- Sim.

- Como conseguiu?

- Por que acha que eu não conseguiria?

- Não sei... Você...

- Por ser menina? Capacidade não é medida por gênero, aposto que você não faria isso mesmo sendo um menino.

- Olá, crianças. O que estão aprontando? - O pai de Madelyn aparece.

- Estou arrumando meu quarto.

- Onde achou essas coisas?

- Em um quartinho velho lá fora.

[...]

Madelyn desde a morte de sua mãe passou a acordar às 05:00 para ver o nascer do sol, fazia isso porque achava que assim como o sol ela poderia sempre renascer e continuar brilhando apesar das dificuldades. A filosofia fazia parte de sua vida desde sempre. Ao ver o amanhecer pensava que era uma nova chance de fazer tudo novo e diferente.





MBTI-INTJ: "Cérebros-mestre"Onde histórias criam vida. Descubra agora