"Controle"

279 31 7
                                    

- Antes que eu esqueça, quero te dar uma coisa. - Entregou um papel dobrado para Madelyn. - Espero que a gente possa se ver em breve, me mande mensagens. Tchau Madelyn!

- Tchau Eva, tchau tia Edna!

Quando elas se foram, Madelyn desdobrou o papel e viu que era um desenho dela e de Théo se beijando e sorriu.

- Madelyn! Vamos se atrasar para a escola. - Joaquim corre para avisar.

[...]

Na aula de educação física, que Madelyn não conseguiu escapar para a biblioteca, ficou de goleira no futsal. Karen era a melhor jogadora de futsal da sala, na hora de chutar olhou fixamente para Madelyn que foi atingida no rosto pela bola chutada e caiu no chão.
A menina acreditou seriamente que aquilo foi proposital, mas não tinha como provar e teve que ir na enfermaria limpar o sangue do nariz.

- Vida linda! - Madelyn reclamava passando gelo no nariz. - Eu te odeio Karen! Eu te odeio por ter me feito acreditar que a estrela me daria uma verruga e por ter me tratado como um lixo! Eu te odeio! Odeio!

- Vai reclamar até quando? Foi só uma bolada. - Disse a tia da enfermaria.

- Eu odeio tudo, eu odeio a p* da vida!

- Olha a boca!

- Desculpa, escapou. Mas, que p*!

A mulher olhou feio para Madelyn.

- Desculpa de novo.

Madelyn começou a pensar no que poderia fazer com Karen e quais as possibilidades de seus planos darem certo.
Levantou com raiva e foi para a quadra, pediu para ficar como pivô no time contra Karen. As duas brigavam com os pés pela bola e Madelyn não sabia que era boa nisso, na verdade estava fazendo na força do ódio. Passou a bola entre as pernas de Karen e saiu correndo com a bola e chutou para o gol, uma pena que a goleira tenha defendido.
Logo, elas se enfrentaram novamente, Karen derrubou Madelyn no chão que se enfureceu, pegou a bola com as mãos e arremessou na cabeça de Karen.

- Estamos na mesma agora. - Saiu andando com um sorriso de satisfação enquanto as meninas perguntavam se Karen estava bem.

No intervalo, não ficou por isso mesmo, Karen foi tirar satisfação com Madelyn.

- Por que fez isso?! Perdeu o juízo?! Você está achando que isso vai ficar assim?

- Eu já falei para você não se dirigir a mim, sai do meu caminho ou eu vou fazer pior.

- Que?!

- Você sempre achou que eu fosse uma garotinha inocente que não sabe se defender e se aproveitou disso para me humilhar, acontece que as coisas não funcionam assim, não ouse jogar piadinhas para cima de mim ou fazer qualquer outra coisa, ou então vai se arrepender tanto... Vai se arrepender de ter vindo ao mundo. - Saiu esbarrando em Karen, esta que ficou boquiaberta pela ousadia e autoconfiança dela.

Madelyn pensou: "domine ou seja dominado", é assim que as coisas funcionam e ela estava começando a entender e a se tornar uma pessoa mais assertiva.
Na saída, ela resolveu ir no mercado antes que seu pai a buscasse. No caminho até o mercado percebeu que estava sendo seguida por um homem alto que ao notar que ela percebeu começou a fazer gestos obscenos que a fez perceber que corria perigo. A garota pensou rápido para evitar que sofresse algum tipo de violência, tirou a mochila e se jogou com tudo no mato para sair rolando, pois ela sabia que se tentasse correr ele iria alcança-la e se ficasse parada seria pior, rolando poderia ser a melhor opção. Quando parou de rolar, se levantou cheia de mato e correu o mais rápido que pôde.

[...]

- Madelyn?

- Eu ia no mercado e quase fui atacada por um homem, saí correndo e acabei deixando a minha mochila lá para conseguir correr mais rápido por isso demorei... - Falava sem fôlego para seu pai.

Ele imediatamente foi de carro até o local, mas não encontrou o homem, Madelyn recuperou a mochila e foram para casa.

[...]

- Então saiu rolando pelo mato?

- Foi uma maneira que encontrei de evitar uma violência, assim ele ficaria sem saber o que pensar, não teria reação e quando finalmente pensasse em fazer algo eu já teria rolado o suficiente para escapar.

- Por que foi no mercado? Não pode andar sozinha.

- Não importa, eu indo no mercado ou não ainda correria perigo, corro perigo todos os dias, não só eu, mas todas, infelizmente isso é inevitável e não estamos seguras em lugar nenhum.

Madelyn havia ido no mercado por uma necessidade porque todos os meses ela perde sangue assim como todas as meninas. Começou a pensar que o mundo é um grande latão de lixo e que ela era só mais uma latinha amassada dentro dele, que na verdade a sociedade estabelece controle e só quem tem o poder pode controlar, se você é mais forte você controla como se fosse aquele homem que tentou fazer algo contra ela, ele era mais forte, logo iria ter o controle, é assim que funciona a sociedade. Você controla as pessoas que estão abaixo e é controlado pelas pessoas que estão acima, só não pode deixar que eles tomem conta da sua mente e nem do seu coração, isso você não pode admitir de maneira nenhuma. Bem-vinda ao mundo Madelyn, se isso é bom ou não vai depender de sua concepção e do ponto de vista.
Antes de dormir, ela olhou para o céu e disse:

- Querida lua, eu tenho te apreciado por anos, você tem sorte de não estar aqui. Não, não é um queijo, é muito mais do que isso, é companhia para os solitários, inspiração para os poetas e conselheira dos que sofrem. Eu não sou patética por falar com a lua, sou só uma pessoa que perdeu totalmente o sentido no mundo e o que resta é admirar o céu e ser vista como louca por ser quem sou.






MBTI-INTJ: "Cérebros-mestre"Onde histórias criam vida. Descubra agora