"Visão"

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- Lua... Lua... Lua... Se eu olho para o céu e o vejo azul, meus olhos estão azuis, não o céu, a resposta não está na cor das coisas, mas sim, na minha visão. - Deixou seu pedacinho de papel enrolado de lado e partiu rumo a casa de Théo.

No meio da noite, ela caminhava pelas ruas escuras com uma lanterna velha que encontrou em seu quarto. Bateu na porta de Théo, que abriu surpreso.

- Madelyn? O que faz aqui essa hora da noite?

- O Joaquim está aí?

- Não. O que aconteceu?

- Você não tinha me convidado para jogar videogame?

- Sim, mas não no meio da noite...

- Eu só não queria ficar naquela casa, o clima por lá não está muito bom.

- Por causa da Karen?

- Sim.

- Entra. - Deu licença da porta.

Jogaram um pouco de videogame e voltaram a conversar:

- Por que estavam brigando?

- Ela me obrigou a entrar nessa briga e deu nisso.

- Não entendo como uma amizade pode acabar assim.

- Acho que nunca fomos amigas, fedelho.

- Já ouviu falar de Nictofilia?

- Sim, mas o que isso tem a ver?

- Nada, só estou mudando de assunto.

- Pessoas que se atraem pela escuridão?

- Sim, acho que sou assim, principalmente pela noite.

- Não sei se sou assim, mas é interessante.

Acabaram perdendo o assunto, mas o silêncio dos dois estava em harmonia e Madelyn gostava disso, acredita que o maior nível de intimidade ou amizade é quando se pode ficar em silêncio um ao lado do outro sem sentir a necessidade de dizer alguma coisa.
Ela não via Théo como um parceiro romântico, mas como alguém que apenas fazia parte de sua vida, por mais que tivesse entrado nela de paraquedas.
No dia seguinte, ao voltar para casa se depara com sua tia na sala com uma expressão de revolta e cheia de alegações.

- Você é um irresponsável! Nunca esteve presente na educação de sua filha! A partir de hoje, Madelyn vem comigo! Se quiser ir vê-la, tudo bem, é o seu direito, mas tenho certeza de que ela ficará bem melhor estando comigo.

[...]

Sem muita escolha, Madelyn teve que ir embora para a cidade morar com a sua tia, não teve tempo nem para se despedir de Théo ou de Joaquim.

MBTI-INTJ: "Cérebros-mestre"Onde histórias criam vida. Descubra agora