"Mitos"

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Aos cinco anos Madelyn continuava a mesma garotinha questionadora de sempre, conversava no intervalo com sua amiga Karen:

- Olha essa verruga no meu dedo - mostrou Karen.

Madelyn esticou o pescoço e observou a verruga.

- Ela apareceu depois que eu apontei o dedo para as estrelas e contei cada uma delas.

- Sério? - Disse Madelyn olhando surpresa para a verruga e cutucando.

- Sim.

- E quantas estrelas têm?

- Não sei, ainda não aprendi a contar até vinte, só contei até dez estrelas.

Madelyn ficou boquiaberta e pensou sobre isso a aula inteira e em como conseguir uma verruga daquela no dedo. Para ela a verruga era um presente dado pelas estrelas e queria receber aquele presente também. Não se pode questionar o modo de pensar de uma criança, principalmente se for uma criança introvertida.

Ao chegar em casa, Madelyn correu para janela, olhou para o céu e esticou o braço apontando o dedo para as estrelas contando cada uma, ela sabia contar até vinte e pensou que poderia levar vantagem sobre Karen podendo ganhar até mesmo uma verruga dourada... Depois que terminou de contar ficou olhando para o dedo esperando a verruga aparecer como se fosse mágica, sem nenhum resultado foi dormir.
No dia seguinte, a garota se arrumou para a escola e pensou em um plano para se vingar de Karen, pois achou que a menina mentiu sobre a história da verruga que ela se empolgou tanto em ganhar uma que não se deu conta de que aquilo não era verdade. No intervalo conversou com Karen:

- Eu não contei as estrelas, vou aprender contar até quarenta para ganhar uma verruga de diamante.

Karen riu da ingenuidade da menina.

- Sabia que a lua é um queijo? - Disse Madelyn.

- Não, como você sabe?

- Passou na televisão, por isso que tem aqueles buraquinhos. Sabe como pode conseguir um pedaço?

- Como?

- Feche os olhos, rode três vezes dizendo "queijo, queijo, queijo", quando voltar para casa olhe para o céu, estique os braços e o queijo cairá do céu. Foi assim que peguei o meu - colocou um queijo furadinho em cima da mesa.

Karen se levantou, fechou os olhos e rodava dizendo "queijo, queijo, queijo". Os outros colegas que observaram a cena começaram a rir. Madelyn pareceu satisfeita por ter se vingado da colega.
Depois desse fato, Madelyn percebeu que não se pode acreditar em tudo o que dizem e começou a se questionar a cerca de tudo em sua volta, na verdade, ela começou a filosofar desde cedo.
A garota percebeu então que as nuvens não eram feitas de algodão, que a lua não era um queijo furadinho, que as estrelas não realizavam desejos e nem nos davam verrugas de presente. Na hora do jantar fez os seus questionamentos, ela estava passando pela fase dos porquês da vida:

- Filha, coma bastante verduras e legumes.

- Por que? - Questionou.

- Para ficar forte.

- Por que?

- Para crescer.

- Por que?

- Por que está dizendo porquê o tempo todo, Madelyn?

- Por que não posso dizer porquê?

- Porque porquês demais irritam.

- Por que?

MBTI-INTJ: "Cérebros-mestre"Onde histórias criam vida. Descubra agora