Depois de tudo que Madelyn passou, a sua visão de mundo foi afetada e dominada pelo ceticismo.
Observar a estrada pela janela do carro e pensar no quanto a existência é fútil fazia parte de seus dias, que o tempo passava diante dos seus olhos e não sabia como aproveita-lo, ela nunca soube...
E esse tempo cinzento que ela via pela janela realmente passou voando... Agora, com 18 anos, entrou para a vida adulta, arrumou um emprego no qual trabalha 6 horas por dia de assistência e atendimento em uma empresa bem conceituada da cidade, sendo 2 dias em casa e 3 na empresa; e alugou um apartamento de 4 cômodos e 1 banheiro para sair da casa de sua tia e ter independência.
Ia no mercado toda sexta-feira, escolhia as coisas atentamente, lia os rótulos, prestava atenção na validade e colocava no carrinho com sua cara de tédio.
Em seu apartamento, trabalhava em frente ao computador, puxava o lóbulo da orelha tentando achar concentração para não ficar devaneando em meio a tantos pensamentos e tomava um café que ajudava engolir seu antidepressivo. Toda essa rotina era feita no piloto automático.
Ela sabia que precisava sair de sua zona de conforto e tentar coisas novas. Descia as escadas do prédio e às vezes trombava com um dos moradores que chamava sua atenção, por algum motivo transmitia curiosidade, nunca chegou a dizer nem um "bom dia" e Madelyn também não teve essa iniciativa.
Um dia, ao voltar da empresa, passou no bar próximo ao seu prédio, ela nem sabia o que pedir, pois nunca tinha ido em um bar. Pegou seu celular e pesquisou "O que pedir em um bar?". A primeira opção foi cachaça, não era exatamente isso que estava procurando... Pelo menos a música do local era boa, já que tocava um bom som de rock.- Eu quero um whisky, por favor - falou em tom baixo olhando para as pessoas ao redor com um pouco de vergonha.
Whisky? Começar com whisky? Então tá...
Um homem sentou do seu lado na bancada, era o morador que lhe chamou atenção, ele era cabeludo e estiloso, talvez esse tenha sido o motivo de Madelyn ter reparado.
Ela deu seu primeiro gole e percebeu que realmente era forte como dizem, tinha um sabor amadeirado, ao mesmo tempo lembrava caramelo... Por coincidência, o tal morador também pediu um whisky.- Gosta de whisky? - Perguntou ele.
- Por que eu estaria bebendo se não gostasse?
- Poderia ser sua primeira vez.
- Um bom palpite. O que faz parecer que é a primeira vez?
- Suas expressões ao beber e o jeito que olha para o copo ansiando que acabe logo. Por que escolher uma bebida tão forte como whisky?
- Por que não escolher? Tive uma pequena curiosidade e quis experimentar.
- Eu estou te enchendo o saco?
- Não...?
- É que as suas respostas são...
- Rudes? É, eu sei. Não é por mal. Sou assim desde sempre, então não é nada com você.
- Qual é o seu nome?
- Lyn...
- Lyn?
- De Madelyn.
- Idade?
- Entrevista de emprego?
[...]
- Madelyn! Faz um tempo que não vem aqui. Como você está crescida... - Seu pai diz lhe abraçando.
- Eu vim pela tia Edna, ela pediu para nos encontrarmos todos aqui e fazer um almoço em família. - Saiu do abraço.
- Prima?! Você está aqui... - Eva correu para abraça-la.
- Oi, Eva. - Fala sendo apertada pela prima.
Quando finalmente a prima a solta, pode ver duas pessoas vindo de mãos dadas, era Théo e Isadora.
- Madelyn... Não sabia que você vinha. - Falou Isadora.
- É, eu percebi. - Retruca Madelyn.
[...]
- Madelyn, você ficou um tempo meio distante das pessoas, se mudou para o seu apartamento depois do Ensino médio... Eu e a Isadora continuamos mantendo contato e às vezes nos encontrávamos com os meninos para conversar ou se divertir juntos, criamos um laço de amizade. Eu te chamava e você dizia que estava ocupada com o trabalho. Théo e Isadora acabaram se conhecendo melhor e aconteceu...
- Engraçado, Eva... Eu não te pedi explicação nenhuma.
- Para! Já deu Madelyn! É visível que você ficou sem graça perto deles, acredito que não queira nem falar com a Isadora por causa disso, então sim, você merece uma explicação, não precisa fingir que não se importa.
[...]
- Théo e Isadora estão juntos... Eu fiquei tão sem sentido que não estava presente em nenhum momento, eu... Eu não vi o tempo passar, não vi nada... Não participei de nada... Onde eu estava...? Quem eu era...? Eu não sei... Não sei... - Diz Madelyn no consultório.
- Madelyn, era uma fase complicada, não deve se culpar.
- Sinto que estou me apagando aos poucos.
- Vai ficar tudo bem, você vai ficar bem. Você precisava do seu tempo na época, o que eles fizeram ou não nesse tempo não cabe a você. Viva, Madelyn. Viva!
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MBTI-INTJ: "Cérebros-mestre"
SaggisticaQual é a visão de mundo de um INTJ? Saiba como essa personalidade rara que está entre nós se comporta, poderá reconhecer um perto de você com base em análises comportamentais. Neste livro você verá pontos de vistas contados por um INTJ. O que essa p...