"Gosto de amora"

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Sentados à mesa estavam Joaquim e Madelyn tomando o café da manhã.

- Bom dia, crianças. Vocês sabem me dizer o que aconteceu com a ponte do lago?

Joaquim olhou para Madelyn segurando o riso bebendo sua xícara de café.

- Deve ter sido o vento - disse Madelyn.

- O vento? - Desconfiou Thomas.

- Isso é importante? Vamos se atrasar para escola.

[...]

- Ei! Sr. Thomas, espere! Pode me dar uma carona para escola? - Corre Théo até o carro.

- Claro, Théo. Entra aí. Que mundo pequeno, vocês são da mesma escola e nunca chegaram a conversar.

- Se você me dissesse que eu tinha um meio irmão as coisas poderiam ter sido diferentes, mas não se importou, na verdade nunca nem apareceu.

- Sua mãe nunca te contou os motivos por eu não ter aparecido.

- Não importa os motivos, era a sua obrigação de pai estar presente ou pelo menos tentar.

- Então... Hoje vai ter pastel na cantina - Théo muda de assunto.

- Sério? Pai, me dá um trocado aí. - Diz Joaquim.

Ao chegar na escola, Madelyn tem a mesma rotina de sempre, agora parece que as meninas largaram do seu pé.
No intervalo, comia seu bolinho de chocolate que tanto gostava. Avistou de longe Théo vindo em sua direção.

- Sai fedelho! - Escondeu o bolinho atrás das costas.

- Eu não vou roubar seu bolo.

- Então o que quer?

- Sentar e comer pastel. - Sentou do lado de Madelyn.

- Por que roubou meu bolinho?

- Você nunca vai esquecer isso, não é?

- Diga, fedelho!

- Você molhou meu uniforme de suco e sujou meu rosto de bolo.

- Porque você roubou! Agora, diga o porquê roubou.

- Eu tinha alguns amigos que começaram a conversar com as meninas e elas não pareciam gostar de você, aí inventaram de um de nós te irritar de alguma forma e sobrou para mim fazer isso, caso contrário eu não faria mais parte do grupo, foi assim que eu acabei pegando seu bolo.

- E o que ia fazer com o meu bolinho?

- Não sei... Comer?

- Ia comer o meu bolinho?! Meu bolinho?!

- O que mais faria com ele?

- E ainda mentiu na diretoria, fazendo eu levar advertência! E mais, eu fiquei sem os meus livros de filosofia por sua causa! É, eu ainda te odeio, fedelho!

- Desculpa, mas isso foi no sexto ano...

- Não importa, eu ainda te odeio. - Levantou, pegou o pastel das mãos de Théo e saiu correndo.

- Ei! Meu pastel! - Correu atrás de Madelyn, mas não conseguiu alcança-la.

[...]

- Como foi o dia de vocês? - Pergunta Thomas.

- Madelyn roubou meu pastel.

- Ah, olha quem fala, roubou meu bolinho.

- Formam um belo casal.

- Não somos um casal! - Retruca Madelyn.

- Ainda não. - Ri Thomas.

- Você me deve um pastel!

- Ah, é? Você me deve um bolinho e um suco de laranja!

- Vocês parecem duas crianças. - Diz Joaquim.

[...]

- Madelyn, hoje o Joaquim fica na casa do avô de Théo, porque eu tenho alguns serviços para fazer e você também vai para a casa do avô dele.

- Quê? Eu não posso ficar sozinha em casa e só o Joãozinho ir?

- É Joaquim! - Corrigiu Joaquim.

- Não, não é legal deixar você sozinha aqui.

- É legal, é muito legal. É legal, sim. Eu não confio nesses dois.

- Olha para eles - esticou a mão para mostrar e Joaquim estava futucando o nariz. - Eles não aguentam nem com as calças.

- Okay, eu vou, mas só se eu puder levar esse pau - pegou um pau de madeira do chão.

- E por que quer levar esse pau?

- Joaquim, eu só espero que ela não enfie esse pau no seu...

- Cala a boca!

- Ei, para com isso aí os dois! A Madelyn não vai levar um pau, é brincadeira dela.

- Não, não é brincadeira.

De repente um carro que passa por ali interrompe o diálogo, de dentro do carro sai Eva toda contente e corre para abraçar a prima.

- Madelyn! Que saudades! Eu tenho tanta coisa para te contar e você vai me ouvir! - Apertava Madelyn.

- Ótimo, mais uma para ir na casa do velho. - Diz Madelyn tentando sair do abraço de Eva.

[...]

- Oi, vô. Hoje não veio só o Joaquim, essa é a irmã dele, Madelyn, e essa é a prima dela, Eva.

- Olá, bem-vindos. Fiquem a vontade. Só não quebrem as coisas, nem coloquem fogo na casa e não fiquem se pegando nos quartos.

- Vô, que isso?! - Diz Théo envergonhado enquanto Eva e Joaquim ri.

- Tem geleia na geladeira, pão no armário e biscoitos. A única coisa que peço é que não me atrapalhem a assistir TV.

A turma foi para o lado de fora da casa, Madelyn não queria ir mas foi arrastada pela prima.

- Qual é o plano? - Pergunta Joaquim.

- Que plano? - Questiona Madelyn sem entender.

- Nós vamos até o pé de amora da vizinha rabugenta para comer as amoras, eu sugiro que a gente vá até lá correndo e enquanto dois estiverem comendo os outros dois vigiam a velha. Qualquer coisa saímos todos correndo. - Explica Théo.

- Eu topo. - Fala Eva sorrindo.

- Isso vai dar errado, mas parece divertido. - Concorda Madelyn.

E assim vão todos até a casa e pulam o muro do quintal da vizinha.
Madelyn nunca tinha comido amora antes e ela gostou, tinha um gosto doce e diferente das frutas que ela já tinha comido. Sua juventude ficou marcada pelo gosto daquelas amoras.

- Ei! Suas pestes! Saiam já do meu quintal! - A vizinha aparece na porta da casa gritando.

Todos pulam o muro e correm aos risos.





MBTI-INTJ: "Cérebros-mestre"Onde histórias criam vida. Descubra agora