Já fazia meses que a intrusa passara a ser alguém da família; pelo menos, era assim que Sophie a tratava.
Layla, também, se afeiçoou a ela como se fosse a irmã que nunca teve. Não pode deixar de notar que, dessa vez, Helen estava diferente, triste talvez.
- Eu preciso matar alguém?
- Oh, o quê? Não... Mas por quê? - gaguejou.
- Diga-me você! - Foi incisiva.
- Não! Estou bem! Só tive alguns dias difíceis no trabalho, mas estou bem.- garantiu.
- Se precisar de ajuda é só pedir!
- Obrigada! De verdade!
Helen se recolheu; temia não se controlar.
Mais tarde, quando saiu do quarto estava tudo deserto. Percorreu os corredores até sair no Jardim; levava embalado junto ao peito um pequeno frasco; seus passos vacilavam com a lembrança de para onde caminhava.
***
Helen estava absolutamente estarrecida com a visão que tinha diante de si.
- Por que não me surpreende que esteja aqui?
A voz a fez petrificar, como se sua alma fosse arrancada vorazmente.
- Eu posso explicar Layla...- balbuciou tremente.
- Aposto que sim! A questão é: temos tempo para uma conversinha? - questionou -a puxando um punhal.
- Por favor...
-Vai me dizer algo como: "filha em perigo? Fui obrigada?" Sim, sim! Devia ter me dito, não?
- Layla...
- Okay! Vamos acabar logo com isso! - disse subindo na lápide e para surpresa da outra, passou o punhal no pulso.
O sangue rubro desceu em cascatas e caiu nas finas valas sobre as ilustrações.
- Por quê?- A outra murmurou com olhos marejados.
- O sangue da nona não serve! - disse serenamente apontando o frasco que ela carregava.
Helen começou a solucar.
- Perdoe-me! Não tive escolha! - pediu- Por que está fazendo isso?- perguntou.
- Sei como é carregar o peso de um legado que não pedimos para ter. - Foi condescendente ao dizer - Agora vá! Não há motivos para você estar aqui quanto esse demônio emergir!
- Obrigada...obrigada! - agradeceu- O que vai acontecer com você?
- Imagino que com isso meu legado chegue ao fim, de um jeito ou de outro; mas não se preocupe, você me fez um favor.
Um estremecimento na lápide a fez saltar para o lado.
- Fuja agora! - ordenou.Apavorada, Helen correu, quase tropeçando em si mesma. Sentia um grande desespero a invadindo por ter causado tudo aquilo, mas precisa salvar sua preciosa filha.
A guardiã a seguiu com o olhar até certo ponto; depois voltou-se para a lápide que acabara de se abrir deixando escapar uma espessa névoa.
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Guardiões E Vampiros
VampireLayla viveu a vida toda trancada num mausoléu vigiando a tumba de seu inimigo. Era o negócio da família, passado de geração para geração. Mas ela já estava farta dessa vida de servidão; desejava uma vida melhor para sua avó Sophie. Algo melhor qu...