Capítulo 12

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-Layla você estava caçando!- Dimitri falou.

- Como?

-É o que você entendeu! Você estava atrás de sangue...

- Você enlouqueceu...- ela o interrompeu.- Isso sequer tem lógica! Guardiões não bebem sangue.

- Não! Mas você queria sangue, precisamos investigar isso! Por pouco te tirei do pescoço de um humano!

Layla parecia incrédula ao ouvir os relatos do amigo; nada daquilo fazia sentido. Se bem que, o lapso de memória que tivera era algo preocupante. Pensava.

-De tudo isso, a única parte boa foi você ter dado em cima de mim! O restante foi assustador!- ele brincou.

Por resposta, Layla jogou um travesseiro nele.

- Não se iluda! Eu estava bêbada!

-Mentira! Você nunca se embebeda...

Dimitri falou isso e pareceu refletir.

-Oh, céus...- pronunciou aturdido.

-O quê...?

-Layla, você nunca se embebedou...

-E o que tem demais nisso?

-Guardiões se embebedam, humanos também, apenas vampiros não têm problemas com álcool...

-Maldicão! O que você quer dizer com isso? - Ela alterou-se.

-É o que você está pensando e não me olhe com essa cara.

-Definitivamente, você bateu com a cabeça...

-Ah, é?

Ela o observou se aproximar da mesa de cabeceira e pegar uma de suas armas que pusera ali: um punhal afiado.

-O que vai fazer? - Ela ficou curiosa.

Por resposta, ele passou a lâmina na mão e deixou o sangue pingar nas cobertas, próximo ao rosto dela.

-O que pretende com isso? - ela indignou-se.

-Diga que não sente nada ao ver sangue.

Ela ia negar, mas subitamente suas presas começaram a formigar e sua garganta ficou seca.

-Fique longe de mim, Dimitri!

Ela saltou da cama, na intenção de sair do quarto. Ele a reteve pelo braço, o que a fez encará-lo furiosamente.

-Seus olhos, Layla...

Ele a puxou até um espelho do banheiro e a fez olhar a própria imagem.

Ao ver-se com aqueles olhos vermelhos, ela partiu o espelho com o punho.

- Eu vou sair! Afaste-se! - Ela exigiu.

-Layla, assim não! Vamos resolver isso juntos!

- Não! Não é seguro para você... eu não sei o que está acontecendo comigo.

Ela sentia a garganta cada vez mais seca e agora as presas não formigavam mais, elas doíam.

- Você não me machucaria! - falou convicto, sabendo o que ela queria lhe dizer.

- Não tenha tanta certeza disso. Se o que está acontecendo comigo for o que estamos imaginando, nada me deterá de pular no seu pescoço, mesmo sem sua permissão, afinal sou uma guardiã, não?

Ele se afastou um pouco; fazia sentido o que ela dizia. O feitiço de proteção dos guardiões não funcionaria contra ela. Porém, ela ainda era sua amiga e não a deixaria ir assim.
Em poucos passos atravessou o banheiro e o quarto e a deteve na sala.

-Espera! - pediu tomando-lhe a frente da porta.

-Sai da minha frente!- Ela exigiu.

- Não!

Ela avançou contra ele e o empurrou contra a parede com muita força. Ele sentiu o impacto e a dor que isso causou, sua cabeça ficou as voltas.

-O que diabos você está querendo? -inquiriu pressionando o antebraço no pescoço dele. - Não percebe o maldito perigo que represento para você guardião? Eu posso tomar tudo de ti agora e não conseguiria me impedir!

A voz dela soava diferente, apesar de tudo, ainda confiava nela.

- Você não faria...

- Não mesmo? Você não poderia estar mais errado. - Disse aproximando seu rosto do dele.

Ela entreabriu, um pouco, os lábios e exibiu as presas; havia um par de presas afiadas em sua boca. Seus olhos de íris vermelha, reluziram para ele, como se o seduzisse.

-Layla?

- Para sua sorte, sua amizade é mais apreciável para mim do que o interesse por seu sangue.

Dizendo isto, deslizou a mão por seu peito nu, até alcançar o nó da toalha em volta de sua cintura; puxou-a abruptamente e olhou de esguelha seu corpo despido.

-Uau! Que bela visão!

-Dê-me isto!

-Venha buscar...

Disse saindo pela porta e levando a toalha consigo.

-Mas que merda!

Pronunciou irritado, enquanto corria para o quarto para pôr uma roupa e pegar suas armas.

O que diabos estava acontecendo? Pergutava-se.

Ir atrás de Layla já não adiantaria, àquela altura, ela não estava mais por perto. No entanto, precisava de respostas. Até onde sabia, ela era descendente de guardiões, mas o que acabara de sair de seu apartamento não fora uma simples guardiã.

Resolveu fazer uma visita ao Q.G. dos guardiões, mas precisamente à biblioteca de registros de todos eles. Procurou o livro de registro da ancestralidade de Layla e quando o teve em mãos, não se surpreendeu por encontrá-lo em branco.

-O que procuras, guardião?

A voz inconfundível da anciã o fez virar naquela direção.

- Eu já encontrei!- falou soberbo mostrando o livro -O que ela é?

- Uma guardiã!

-Sim! Mas nós dois sabemos que não é só isso!

-Aconselho a não ir mais fundo nisso...

Ele entendeu, perfeitamente, as entrelinhas em suas palavras; ela o estava ameaçando, o que significava que a coisa era bem mais séria do que imaginava.

-E quem vai me impedir? - indagou-a tranquilamente enquanto entregava-lhe o livro com o nome de Layla na capa.

Lilith olhou para ele saindo; sentia o sangue fumegar em suas veias. Num impulso, jogou o livro ao longe.

-Maldito!- vociferou.

Ela sabia que Dimitri representava perigo e precisava lidar com ele o quanto antes. Olhou o livro que acabara de jogar e o recolheu, pondo-o de volta no lugar.

-A verdade deve permanecer no sepulcro, junto com Amely. -
Dizia para si.

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