Capítulo 07

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Layla ouviu passos longínquos; sua audição foi se adaptando.  Seu corpo estava amortecido.
Como pudera se deixar capturar naquela armadilha? Questionava-se.

Relutou em abrir os olhos; sentiu-se nauseada só de imaginar que estava de volta ao quartel general dos guardiões.
Fugiria. Pensou.
Quantas vezes fosse necessário.
Dessa vez, mataria quantos tentassem impedi-la, conforme prometera ao fugir da outra vez.

Abriu os olhos devagar, temendo o que vinha; seu coração estava acelerado pela adrenalina percorrendo seu corpo inteiro.
Não.  Aquela não era sua masmorra de antes.

Ouviu passos; virou- se para ali.
Dracke vinha entrando no recinto, arrumando as abotoaduras da camisa.

-Já acordada? Você teve sorte de não ter morrido! - ele disse.

-Sorte? Não creio! Eles me querem viva, só queriam me derrubar!

Ele franziu o cenho com certa curiosidade.

- Por quê?

-Precisam criar outros iguais a mim, talvez mais obedientes! - disse cerrando os punhos.

-E isso quer dizer?

- Que tem um garanhão esperando por mim.

Quando terminou de falar, Layla se deu conta de que odiava a primeira guardiã.

- Por que me salvou? - mudou de assunto, antes que aquele a fizesse vomitar.

- Eu poderia dizer que foi por nobreza, mas não vamos nos enganar, não é? Tenho meus próprios interesses e no momento, seu sangue me parece bem apetitoso, inclusive! - Foi franco.

-Espera que o oferte de bom grado?

-Seria mais fácil, não? - perguntou com um sorriso sedutor.

- Sim, seria! - concordou fazendo breve silêncio - As humanas não o satisfazem mais?

- Não depois de tê-la provado!

-Está certo! Eu o permitirei com uma condição.

-Quer que a mate?

- Não! Isso eu sei que não fará, do contrário não estaríamos aqui conversando.

-É claro! Então, o que quer?

- Por enquanto, apenas beba!- disse oferecendo-lhe o pescoço.

Ela sabia que aquilo encerraria a conversa; isso era tudo que precisava no momento.

O olhar de Dracke mudou, passou de civilizado a animalesco.
Eis o que buscava.

Afinal, o mestre se tornava igual à ralé naquele sentido.
Ele a alcançou à passos largos, que mais pareciam trovoadas no lustroso mármore.

Deu-lhe passagem; ele a sobrepujou em tamanho ao erguer seu dorso da cama e aferrar-se em seu pescoço com uma sede insaciável.

Acolheu-o como pode e embora fosse um total absurdo uma guardiã servindo ao inimigo, sentiu-se feliz em contrariar todos. Adoraria que eles vissem. Sorriu com esse pensamento.

Mas eles saberiam, pois a força aumentada do soberano, somente uma guardiã como ela poderia proporcionar.

Dracke foi mais longe dessa vez. Temia não ter outra oportunidade como a que ela lhe oferecia.
Largou-a quando sentiu suas respiração se abrandar; a havia deixado em síncope.

Aquela mulher era especial.  Mas ela não sabia disso. Deduziu.
Tinha planos para ela. Disso ela também não sabia. Melhor assim.

***

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