Layla despertou sentido o corpo amortecido, mas a sensação era magnífica. Há muito tempo não se sentia tão bem. Estava sozinha no quarto, Dracke saíra sem que visse. Menos mal, realmente não queria ter que lidar com ele na sua fuga.
Eles achavam que a tinham como prisioneira. Deixou que pensassem assim, isto lhe facilitaria tudo. Procurou não olhar para trás; lá no fundo, alguma parte de si, relutava em partir. Ignorou.
Por outro lado, o senhor do mal ainda tentava assimilar o que acontecera mais cedo. Em sua pele trazia as marcas causadas pela guardiã. Esteve surpreso do quanto isso foi prazeroso. E perigoso.
Agora que conseguia raciocinar direito, se dera conta de que havia algo errado. Aquela mulher não fizera isso sem pretensões.
Mas o que ela queria? Perguntava-se.-Meu senhor?
-Alissa? -Indagou como se voltasse a si.
-O senhor me chamou?
-Sim! Vá ver se a guardiã precisa de alguma coisa!
-Mas, meu senhor...
Ela não precisava terminar de falar para ele entender sua relutância.
- Não se preocupe, ela não vai tentar nada contra você. -garantiu.
Embora Alissa temesse, foi até o quarto. Não encontrá-la a deixou aliviada. Porém, não poderia voltar ao mestre e dizer-lhe isto. Procurou junto aos outros servos alguma informação. Ninguém a vira. Parecia ter evaporado.
Alissa se deu conta de que era melhor tê-la encontrado; o alívio inicial se transformou em temor. Aquela mulher não poderia ter sumido assim. Com urgência, mandou que guardas a procurassem fora do castelo, nas proximidades. Foi inútil.
Aos poucos a ficha foi caindo: ela fugira.Não havia o que fazer. Teve de ir avisar o mestre.
-Como uma guardiã foge debaixo de seus olhos e ninguém ver? -vociferou.
-Meu senhor, avisei que a guardiã não era confiável...
-Cale-se!
O conselheiro ficou pálido, enquanto Alissa se encolhia num canto, longe das vistas do homem furioso à sua frente.
-Achem-na! Façam o que tiver que fazer, mas quero a guardiã de volta aqui!- Ordenou.
Saulo ouvia a ordem insana, sabendo o quão difícil seria localizar a guardiã e, pior ainda, trazê-la de volta. Por que o mestre estava agindo assim? Questionava-se.
-Retire-se, Alissa! Preciso conversar à sós com meu conselheiro.
Não fora preciso que mandasse de novo; ela sumiu pela porta num piscar de olhos.
-Deve estar se perguntando o porquê de minha atitude, certo?
-Lamento, mestre! Sei que não é da minha conta!- ele não negou.
-É claro! -condordou - Aquela guardiã é diferente de todas que já provei. O sangue dela me proporcionou muito mais poder do que qualquer outro. Há algo de especial nela. -Explicou calmamente. -Investigue a ascendência dela. Se for como estou imaginando, ela está servindo do lado errado. - completou.
***
Layla andava por um beco imundo. A noite chuvosa não desviou sua atenção de uma estranha movimentação. Vampiros a seguiam, certamente estavam esperando o melhor momento para atacá-la. Apressou o passo, seus sentidos lhe diziam que havia, pelo menos, cinco deles. Precisava conduzi-los para longe de seu refúgio e mudou de direção.
Esboçou um meio sorriso ao perceber que eles morderam a isca. Longe de olhos curiosos seria mais fácil se livrar deles; sua mão descansou em seu punhal. A adrenalina percorrendo suas veias, preparando-a para a batalha.
Quando sentiu a aproximação rápida por seu lado esquerdo, girou o corpo com agilidade e cravou a arma no meio do peito da criatura. A coisa fez um som abafado ao cair no chão; puxou a arma de seu peito, com certa irritação.
Por que a estavam atacando? Afinal, salvara seu mestre e deviam ter um pouco mais de gratidão.Outros dois moveram-se por trás e a agarraram pelos braços; mais dois vinham pela frente, trazendo, cada um, uma seringa na mão. Conhecia bem aquele líquido, decerto queriam levá-la com vida. Era veneno paralisante para guardiões.
Mas como? Vampiros do submundo não tinham acesso a isso.O vampiro da direita chutou a parte de trás de sua perna, na altura do joelho, o que a fez curvar-se. Ouviu um sorriso esganiçado de um dos que vinha pela frente. Jurou fazê-lo engolir as presas. Naquela posição, não foi difícil puxar um segundo punhal de um coldre em sua coxa.
Agora começa a brincadeira.
Riu com esse pensamento. Há muito tempo não tinha uma boa briga. Agora, com uma arma em cada mão, fincou uma delas no pé da criatura à sua direita e enquanto esse rolava pelo chão de dor, ela virou-se para o outro, que ainda mantinha suas mãos sujas em seu corpo.
Layla o encarou com fúria assassina, o que o fez recuar alguns passos. Os outros que vinham com as seringas, também se detiveram. Pareciam avaliar o tamanho da ameaça que ela representava.- Não sejam tímidos! Venham - ela incentivou com um sorriso desafiador.
O que rolava pelo chão, conseguiu arrancar a lâmina do pé e veio para cima dela com sangue nos olhos, enquanto seu sangue jorrava. Esse foi o primeiro a cair morto no chão.
Os outros vieram para cima dela como um enxame de abelhas. Aos seus olhos treinados, pareciam mover-se em câmera lenta. O barulho de sua lâmina os cortando, do sangue fluindo e dos corpos caindo, era música para seus ouvidos. Estranhou sentir prazer em matá-los, já que nunca o fez por prazer, mas por obrigação.Nocautear um vampiro sempre fora a parte fácil. Agora vinha a parte difícil do trabalho: dar fim aos corpos. Precisava queimá-los para que se desintegrassem. O cheiro forte exalado pelos corpos em combustão, sempre lhe causou náuseas. Afastou-se, um pouco, observando seu trabalho ser finalizado.
Agora precisava, urgentemente, de um banho; aquele cheiro repugnante empregnara-se em suas vestes molhadas.
Pegou as seringas no chão e levou consigo, pensando em sua utilidade futura.***
A água que molhou seu corpo, a princípio, escorreu vermelha pelo ralo; era o sangue de seus inimigos.
Olhou, de relance, para o líquido amarelo que transferira para um frasco e deixara na bancada da pia. Como eles conseguiram isso? Perguntava-se. Aquele tipo de veneno era produzido pelos próprios guardiões.Esteve pensando sobre isso, quando, de repente, um cheiro espesso preencheu o ar à sua volta e, definitivamente, não era o cheiro do sabonete que acabara de usar.
Amaldiçoou em voz baixa o fato de ter deixado suas adagas na minúscula lavanderia, junto com as roupas sujas. Por que não as trouxera para o banheiro?Maldição!
O cheiro de colônia masculina parecia familiar. Pôs a mão para desligar o chuveiro, enquanto pensava num plano de ação e, nesse momento, sentiu um impacto que a fez bater de costas na outra extremidade; só não caiu, porque não havia espaço para isso naquele cubículo. Sua visão embaçou com a dor; teve de piscar algumas vezes para conseguir mirar na figura que invadira seu box e se apertava ali com ela.
Só agora se dera conta de que mãos enormes segurava seus pulsos acima da cabeça, pressionados contra a parede. Foi uma surpresa se dar conta de quem se tratava.-Você?
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Guardiões E Vampiros
VampirgeschichtenLayla viveu a vida toda trancada num mausoléu vigiando a tumba de seu inimigo. Era o negócio da família, passado de geração para geração. Mas ela já estava farta dessa vida de servidão; desejava uma vida melhor para sua avó Sophie. Algo melhor qu...