Layla viveu a vida toda trancada num mausoléu vigiando a tumba de seu inimigo.
Era o negócio da família, passado de geração para geração.
Mas ela já estava farta dessa vida de servidão; desejava uma vida melhor para sua avó Sophie.
Algo melhor qu...
Layla não estava disposta a viver fugindo; esteve perambulando por lugares que sabia ser refúgio de seus "amigos". Àquela altura, todos deviam estar sabendo do que fizera.
A anciã, certamente, ordenara sua caçada, então facilitaria para eles. Entrou num bar e pediu a bebida mais forte ao barman, enquanto se acomodava junto ao balcão.
O cheiro de álcool e sexo preenchiam o ar; aquele lugar era um antro de perdição.
Notou quando dois grandalhões se aproximaram; um pela direita, outro pela esquerda. Teve de rir ao perceber que tinha mais deles. Foi aí que se deu conta de que a queriam viva.
O que lhe chegou pela direita era um velho conhecido.
- Layla?
- Dimitri?
- Não seria inteligente resistir...
- Estranha-me que pense assim, sendo que não vim aqui forçada. - Sorriu - Bebe comigo?
Foi aí que o homem se deu conta de que ela estava se entregando.
- Curioso, imaginei ter que por o bar abaixo para levá-la, o que me deixaria muito bravo, já que esse é meu lugar preferido.
- Então, brindemos a isso! - Disse empurrando-lhe um copo de bebida- Seu refúgio permanecerá intacto.
-Isso me parece perfeito! - Disse levantando o copo para o brinde - Você deveria fugir, não há nada de bom a aguardando! - Avisou, antes de sorver a bebida num único gole.
- Fugir não é uma opção.
- Layla, é sério...
- Eu agradeço velho amigo!- Interrompeu-o.
Era nítida a preocupação dele, mas não queria se ater a isso.
-Faz-me um favor?
- O que seja.
- Garanta que elas não sejam perseguidas. Sou a única culpada de tudo.
-Está bem! Farei tudo ao meu alcance. - Comprometeu-se. - Agora temos que ír...
- É claro! - concordou largando o copo e dando uns passos à frente.
-Espere!
- Oh, o quê?
- Suas armas?
Ela revirou os olhos, mas não se opôs. Entregou-lhe tudo.
Desde que entrara no carro com ela, a expressão de Dimitri se tornou sombria.
***
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À sua passagem pelos corredores do quartel, Layla observou os olhares de reprovação destinados a ela, o que nem de longe a abalou. Estava concentrada em outra coisa.
"Por que me trouxeram aqui?"
Poderiam tê-la abatido em um lugar qualquer, ao invés disso, a trouxeram ali. Havia algo muito errado. Deduziu.
De repente, a figura imponente de Lylith atravessou em seu caminho, obrigando-a a parar.
-Tu és uma decepção!
- Eu avisei para cuidar de seus defuntos, anciã!- foi sarcástica.
Tentara ignorar o tom frio e a aura sombria de sua ancestral.
-Servirás de exemplo aos outros.
- Então, esse é o ponto? - Riu com desdém.
- Sim! - retrucou - Levem-na para a sala! - vosciferou.
O que quer que fosse, ela poderia lidar com isso, Layla se convenceu. Embora, o olhar vitorioso e sombrio de Lylith lhe dissesse o contrário.
Os outros a conduziram para a tal sala. A anciã os seguiu de perto.
-Atem- na!
- Eu realmente não pretendia ter uma morte indolor.
Ao ouvi-la, Lylith sabia que ela a estava desafiando, deliberadamente. E desejou quebrantá-la diante de todos.
Layla teve as pernas e os braços atados a correntes e foi, ligeiramente, erguida do chão. Nesse momento, seu olhar encontrou o de Dimitri e ele se desviou, o que a fez entender que ele sabia o que estava por vir.
Uma guardiã veio até ela com um punhal em mãos e retalhou-lhe a roupa, deixando-a quase completamente despida.
Foi a vez do carrasco se aproximar com um chicote com cinco garras de prata. Reconheceu a arma; era a mesma que usavam para torturar vampiros.
- Até a morte! - ouviram a anciã vosciferar com ódio mortal.
O chicote estalou no ar e fez um som abafado ao encontrar sua carne. Ela sentiu o sangue descer quente e inundar suas costas, mas se a anciã e os curiosos ali presentes queriam ouvi-la gritar ou implorar, estavam no espetáculo errado. Ela não lhes daria esse gosto.
Quando veio o segundo açoite, sentiu como se a dor tivesse lhe trespassado a alma. Certamente, em algum momento, desejaria morrer com um único golpe, embora ainda não fosse o caso.
Após o quinto açoite, deixou de contar; tudo que conseguia prestar atenção era no barulho do chicote rasgando sua pele e o sangue escorrendo por suas pernas e pingando no chão, onde já se formava uma poça.
Sua visão se turvara, mas ainda conseguia ver os rostos desdenhosos de alguns guardiões; o da anciã era o pior deles.
Sentiu seu corpo balançar pesadamente nas correntes; havia recebido mais uma açoitada. Olhou para Lylith e sorriu com desprezo. Por resposta, rasgaram sua carne novamente, sem lhe dar tempo para uma respiração profunda.
- Talvez eu devesse trazer Sophie aqui!- Lylith ameaçou ferozmente.
Ouvindo-a, Layla sentiu seu corpo inteiro acender com fúria assassina.
Se aquela infeliz tocasse em sua avó novamente, iria caçá-la até no inferno e destroçá-la membro por membro. Jurou para si.
- Ou quem sabe a serva e sua pequena cria? - Lylith continuou a provocação.
Imaginar Loren naquela situação a fez se agitar nas correntes. Ela sabia que a anciã machucaria a criança sem piedade. Se antes seus sentidos se esvaiam, pensar nessa possibilidade os fez se acenderem como um fogo abrasador.
Era como se sua alma queimasse em fúria dentro de seu agora frágil corpo.