Capítulo 06

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Layla deixou um rastro de feridos em sua partida, mas desta vez, optou por não matar ninguém, diferente da promessa que fizera para si, caso voltassem a importuná-la.

Sua prioridade agora era manter-se longe da família e irrastreável.
Em seu peito, queimava o desejo de vingança.
A anciã pagaria pelo ultraje, nem que fosse a última coisa que fizesse na vida. Jurou para si.
Se ela acreditava combater apenas um inimigo, agora teria de lidar com dois.
Certamente, a faria se arrepender de não tê-la matado quando teve oportunidade.

Mas sua vingança teria de esperar. Não seria hoje.
Por enquanto, buscou abrigo no submundo, longe dos olhos de seus inimigos.

Viver com a escória estava longe de ser a vida requintada que tinha antes, porém, era o que precisava. Ali tinha acesso a quase tudo, principalmente informações.  Bastava ter os contatos certos e com o quê pagar e tudo podia ser conseguido.

E foi assim que descobriu que Dimitri escapou, por muito pouco, de uma sentença de morte; havia sido julgado por tê-la ajudado e só não foi condenado porque Lylith não conseguiu provar suas acusações, embora tenha tentando todas as artimanhas possíveis.

***

Layla subiu a escadaria sem muita pressa

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Layla subiu a escadaria sem muita pressa. A suntuosa mansão que chamara de lar, mas que não passara de uma prisão, permanecia intacta.

Não era de se surpreender; ninguém em sã consciência ousaria invadir aquele lugar.
Por séculos foram criando uma história macabra acerca do mausoléu.
Os poucos aventureiros que tentaram expleitar, certamente não aconselhariam ninguém a fazê -lo, nem sob tortura.

Isso era bom; assim não teria que vir tantas vezes verificar o local.
Há meses fugira dali com a avó,  Helen e a filhinha  e durante todo esse tempo não as vira mais. Não era seguro.

Lylith estava em seu encalço depois do que fizera no quartel general e duvidava que fosse para uma conversa amistosa.

Estava no segundo lance da escadaria quando se lembrou da adega; um vinho cairia bem e exceto pelo bons vinhos, aquela mansão era um porre.
Desceu rapidamente e catando o que precisava, retornou ao percurso.

Nada mais rústico do que beber no próprio gargalo, mas afinal, não pretendia se passar por uma fina dama.

Percorreu, minuciosamente, cada recinto, em cada ala. E por último, seu recinto particular. Tudo estava em perfeita ordem.
Quase sentiu nostalgia ao ver sua cama dossel; alisou a fina seda.

Havia cheiro de orvalho no ar; cheiro de limpeza. Franziu o cenho.  Não havia ali uma fina camada de poeira sequer, aliás, em canto algum da mansão.

Ao se dar conta disso, automaticamente sua mão descansou na adaga à sua cintura. Algo estava muito errado.
Não teve tempo de puxar a arma. Subitamente se viu presa contra a parede; sua garrafa de vinho espatifou-se no chão; sua adaga pressionava seu pescoço, pelas mãos de seu algoz.

-Finalmente decidiu! - ela foi soberba ao dizer, enquanto largava os braços ao longo do corpo, desprovida de quaisquer intenções de resistir.

- Uma guardiã que se recusa a lutar é no mínimo curioso! - A voz que chegou aos seus ouvidos era absolutamente sedutora.

-Depois que o libertei, não me sobrou muito, exceto o destino ao qual fui relegada pelos guardiões . Então, a morte me parece reconfortante.

Dracke afastou-se dela; andou pelo quarto dedilhando a adaga.

- Não se arrepende de ter sacrificado tudo por uma humana?

- Uma irmã para mim! - Foi enfática - Não parece justo com os outros humanos, certo? Nem com os princípios dos guardiões? Mas quer saber? Quando eu morrer, a humanidade ainda estará aqui, assim como os guardiões e os demônios que você criou. O mal não deixará de existir. Aliás, os humanos estão fadados ao fracasso. Que importância tem se libertei mais um mal para eles lidarem?

-Hum...

Ele grunhiu com satisfação.  Ela ignorou e continuou.

-Estou farta de tudo isso. Não fui eu quem criou o mal, então por que devo carregar o fardo? Eu não pedi esse legado e teria me desviado dele se tivesse tido escolha. Satisfeito?

- É peculiar uma guardiã desprezar tanto esse status.  Muitos morreriam para ocupar seu lugar.

-Deixo disponível! -desdenhou -Agora se me permite, vou me retirar. Não o desprezo menos que à Lylith. - Disse e foi se retirando.

De repente, uma dor aguda a fez cambalear para trás. Puxou, vorazmente, a seta pontiaguda de sua carne.

-Mas o quê ...?

Olhou de relance para Dracke e ficou confusa. Os olhos dele estavam vermelhos.
Ela sentiu os sentimentos fugirem.  Havia veneno para guardiões naquela flecha.
Desmaiou.

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