Layla deixou um rastro de feridos em sua partida, mas desta vez, optou por não matar ninguém, diferente da promessa que fizera para si, caso voltassem a importuná-la.
Sua prioridade agora era manter-se longe da família e irrastreável.
Em seu peito, queimava o desejo de vingança.
A anciã pagaria pelo ultraje, nem que fosse a última coisa que fizesse na vida. Jurou para si.
Se ela acreditava combater apenas um inimigo, agora teria de lidar com dois.
Certamente, a faria se arrepender de não tê-la matado quando teve oportunidade.Mas sua vingança teria de esperar. Não seria hoje.
Por enquanto, buscou abrigo no submundo, longe dos olhos de seus inimigos.Viver com a escória estava longe de ser a vida requintada que tinha antes, porém, era o que precisava. Ali tinha acesso a quase tudo, principalmente informações. Bastava ter os contatos certos e com o quê pagar e tudo podia ser conseguido.
E foi assim que descobriu que Dimitri escapou, por muito pouco, de uma sentença de morte; havia sido julgado por tê-la ajudado e só não foi condenado porque Lylith não conseguiu provar suas acusações, embora tenha tentando todas as artimanhas possíveis.
***
Layla subiu a escadaria sem muita pressa. A suntuosa mansão que chamara de lar, mas que não passara de uma prisão, permanecia intacta.
Não era de se surpreender; ninguém em sã consciência ousaria invadir aquele lugar.
Por séculos foram criando uma história macabra acerca do mausoléu.
Os poucos aventureiros que tentaram expleitar, certamente não aconselhariam ninguém a fazê -lo, nem sob tortura.Isso era bom; assim não teria que vir tantas vezes verificar o local.
Há meses fugira dali com a avó, Helen e a filhinha e durante todo esse tempo não as vira mais. Não era seguro.Lylith estava em seu encalço depois do que fizera no quartel general e duvidava que fosse para uma conversa amistosa.
Estava no segundo lance da escadaria quando se lembrou da adega; um vinho cairia bem e exceto pelo bons vinhos, aquela mansão era um porre.
Desceu rapidamente e catando o que precisava, retornou ao percurso.Nada mais rústico do que beber no próprio gargalo, mas afinal, não pretendia se passar por uma fina dama.
Percorreu, minuciosamente, cada recinto, em cada ala. E por último, seu recinto particular. Tudo estava em perfeita ordem.
Quase sentiu nostalgia ao ver sua cama dossel; alisou a fina seda.Havia cheiro de orvalho no ar; cheiro de limpeza. Franziu o cenho. Não havia ali uma fina camada de poeira sequer, aliás, em canto algum da mansão.
Ao se dar conta disso, automaticamente sua mão descansou na adaga à sua cintura. Algo estava muito errado.
Não teve tempo de puxar a arma. Subitamente se viu presa contra a parede; sua garrafa de vinho espatifou-se no chão; sua adaga pressionava seu pescoço, pelas mãos de seu algoz.-Finalmente decidiu! - ela foi soberba ao dizer, enquanto largava os braços ao longo do corpo, desprovida de quaisquer intenções de resistir.
- Uma guardiã que se recusa a lutar é no mínimo curioso! - A voz que chegou aos seus ouvidos era absolutamente sedutora.
-Depois que o libertei, não me sobrou muito, exceto o destino ao qual fui relegada pelos guardiões . Então, a morte me parece reconfortante.
Dracke afastou-se dela; andou pelo quarto dedilhando a adaga.
- Não se arrepende de ter sacrificado tudo por uma humana?
- Uma irmã para mim! - Foi enfática - Não parece justo com os outros humanos, certo? Nem com os princípios dos guardiões? Mas quer saber? Quando eu morrer, a humanidade ainda estará aqui, assim como os guardiões e os demônios que você criou. O mal não deixará de existir. Aliás, os humanos estão fadados ao fracasso. Que importância tem se libertei mais um mal para eles lidarem?
-Hum...
Ele grunhiu com satisfação. Ela ignorou e continuou.
-Estou farta de tudo isso. Não fui eu quem criou o mal, então por que devo carregar o fardo? Eu não pedi esse legado e teria me desviado dele se tivesse tido escolha. Satisfeito?
- É peculiar uma guardiã desprezar tanto esse status. Muitos morreriam para ocupar seu lugar.
-Deixo disponível! -desdenhou -Agora se me permite, vou me retirar. Não o desprezo menos que à Lylith. - Disse e foi se retirando.
De repente, uma dor aguda a fez cambalear para trás. Puxou, vorazmente, a seta pontiaguda de sua carne.
-Mas o quê ...?
Olhou de relance para Dracke e ficou confusa. Os olhos dele estavam vermelhos.
Ela sentiu os sentimentos fugirem. Havia veneno para guardiões naquela flecha.
Desmaiou.
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Guardiões E Vampiros
VampireLayla viveu a vida toda trancada num mausoléu vigiando a tumba de seu inimigo. Era o negócio da família, passado de geração para geração. Mas ela já estava farta dessa vida de servidão; desejava uma vida melhor para sua avó Sophie. Algo melhor qu...