O dia do grande ataque tinha chego. Estávamos muito ansiosas. Dias de treinamento pesado valeriam a pena naquele momento. Passamos horas navegando, e para mim, não saíamos do lugar. Meu senso de direção sob o oceano não havia se ajustado ainda, as milhas de água azulada não pareciam se mexer quando navegávamos.
Chegamos a um ponto específico pela noite, o ponto essencial para o ataque. De longe víamos o navio inimigo, navegando lentamente rumo a Espanha. Nos aproximamos furtivamente, silenciosas, quase que imperceptíveis. Tínhamos a vantagem de mobilidade pelas brisas que nos levava a uma velocidade ótima.
Um tempo depois o sol começou a nascer, nos avisando o começo de uma batalha. Com o vento a nosso favor, nos aproximamos do alvo. A partir dali não importava mais se tinham nos notado ou não. Em uma distância menor podemos ver os sentinelas sob o observatório do mastro. As arqueiras presentes do nosso lado fizeram questão de os calar os acertando em cheio com flechas.
Nos aproximamos ainda mais pelas costas do navio inimigo. Logo estávamos cara a cara com o inimigo, a essa altura já tinham nos notado, mas era tarde demais para fugir. Nossos canhões cuidaram das armas inimigas, destruindo a maioria. Nos prendemos ao Orca Prateada da mesma forma que ocorrera no meu quase resgate. Os ganchos nos aproximou ao navio vizinho de uma forma que facilitava entrar e sair sem esforço. Nossos inimigos revidavam como podiam, ora com tiros, ora com bombas jogadas ao nosso navio.
Piratas da linha de frente logo avançaram para a batalha, invadindo o convés inimigo com cordas. Guardas de todos os cantos do navio apareceram para tentar conter o ataque pirata, mas já era tarde demais. Eles quase não tinham a menor chance. Entrei no navio inimigo com um leve receio, mas não podia deixar minhas companheiras lutarem sozinha. Me virava como conseguia. Consegui lutar completamente bem, mas nunca matando ninguém, dava golpes em suas nucas quando tinha aberturas para desacorda-los mas não conseguia os matar. Não estava preparada para isso.
Em um momento trombei com um guarda muito habilidoso, me dava um leve trabalho enfenta-lo, mas conseguia o fazer até que bem pela situação. Minha concentração logo foi quebrada quando fitei o seu rosto. Nesse momento fraquejei, arrisco dizer que se não tivesse me recomposto rapido teria perdido a luta. Eu era claramente melhor que ele, em parte pelo meu treinamento extra com as piratas.
- Que surpresa ver você por aqui. - Disse o dono da voz que eu não sabia que sentia falta até aquele momento. - Você até que luta bem.
- Digo o mesmo Leo, como vai?
Em um golpe arriscado ele tentou me atacar, mas em vão, pois logo após um bloqueio o contra ataquei, nos derrubando no chão.
- Até que bem, tirando o fato de que não me dou bem com água.
- Ah é alérgico? Essa é uma novidade. - Ri da expressão em que ele me respondeu. - Que bom que está bem.
- Que bom que você também está.
Nossa luta cessou por um instante, aparentemente tínhamos a mesma intenção de não lutar um contra o outro. Separados enganchamos luta com pessoas diferentes, nos afastando em seguida.
Se via lutas por todos os lados. Me envolvi em muitas também, buscando estabelecer um controle favorável a minha tripulação. Lutei com tudo que tinha, derrotando vários e vários guardas que me desafiaram.Tudo ia conforme o planejado, até um barulho repentino invadir meus ouvidos. Nesse momento senti meu corpo ser empurrado em direção ao chão. Meio atordoada pela movimentação repentina encontrei os olhos castanhos de Leo. Ele estava encima de mim, o vi colocar a mão sob um dos lados do corpo e quando a fitamos estava completa de sangue. O tirei de cima de mim enquanto tentava entender o que estava acontecendo.
Foi então que vi um dos homens que eu havia desacordado segurando uma arma em nossa direção, do cano dela era possível ver uma fumaça saindo. Tinha sido ele. Quando meu pai foi assassinado por uma arma não tive a chance de revidar, mas dessa vez não iria deixar passar.
Encarei meu alvo indo com toda a minha força para ataca-lo. Não hesitaria em qualquer golpe para o derrotar. Golpes e golpes se seguiam, a lâmina da minha espada havia feito marcas em sua pele várias vezes, mesmo assim ele não se dava por derrotado.Em algum momento ele fraquejou, revelando uma pequena brecha em seu escudo invisível. Não hesitei em o atacar exatamente ali, foi então que minha espada o atravessou, anunciando a minha vitória. Quando retirei minha espada de seu corpo o homem abriu a boca para provavelmente dizer alguma coisa, mas tudo que saiu dela foi sangue, ele agonizava. Eu tinha o acertado em cheio. Naquele momento vi a pistola do meu inimigo no chão, provavelmente iria me arrepender do que estava prestes a fazer, mas não dava a mínima. Apontei para o meio de sua testa e sem hesitar nem por um segundo sequer eu atirei.
Como estávamos perto da borda do navio, assim que a bala o encontrou ele caiu para trás, esbarrando no fim do convés e caindo de vez na água. E foi ali que me afundei de vez em minha nova vida, aquele homem havia sido a primeira pessoa que matei. A adrenalina em meu corpo não me permitia sentir qualquer remorso. Respirei fundo por um segundo e voltei atenção ao meu amigo, matando alguns outros guardas no caminho. Leo havia sido baleado porque eu não tive coragem de matar o homem antes. Foi ali que as palavras de Elisa me vieram a cabeça. Nossos inimigos não hesitariam em nos matar, não podia ser fraca para permitir isso acontecer.
Me aproximei de Leo de novo, o vi tentando recuperar o fôlego. Não sabia se e o tiro tinha sido de raspão ou não, ele estava perdendo muito sangue. Estanquei o sangue vendo o agonizar de dor e o olhei nos olhos.
- Por favor não me deixa sozinha.
Por algum motivo, meus olhos marejaram. Sentia que se o perdesse meu mundo quebraria de vez. Ele era a única pessoa que eu ainda tinha do meu lado.
- Shh...Fica...Calma...Vai ficar...Tudo bem. - Foi o que o moreno disse em meio as tentativas de recuperar o fôlego.
O ver sentir dor daquele jeito acabou comigo, eu me sentia culpada. Se tivesse sido corajosa para matar o atirador antes isso não estaria acontecendo. Não podia o deixar morrer, não daquele jeito. Não podia o abandonar, ainda devia o favor por ele ter salvo a minha vida.
A minha volta a luta estava ganha, alguns guardas ainda resistiam, mas sem nenhuma chance de vitória. A batalha estava ganha. Consegui ver algumas das piratas descendo os deques a procura do dinheiro. Dezenas de corpos estavam espalhados por todo o convés, e os que permaneciam vivos eram amarrados aos mastros. Tudo estava sob controle. Logo o restante dos guardas se renderam, nos avisando que tínhamos tomado por completo o navio inimigo. Como estávamos perto de um porto abandonaríamos os prisioneiros a deriva com o navio.
Carreguei o corpo de Leo até o Sereia Escarlate com dificuldade. Quando fui pisar no deque conhecido encontrei Elisa me encarando de braços cruzados.
- O que está fazendo?
- Não tenho tempo de explicar, me ajuda a levar ele lá para baixo.
- Certo. - Se posicionando para me ajudar ela disse por fim - Espero que saiba o que está fazendo.
E assim nós duas ignoramos o sucesso da missão, levando meu amigo baleado até uma cabine vazia. Estendemos um pano qualquer no chão e o colocamos lá. Não fazia ideia do que faria a partir dali, mas sabia que não podia o deixar morrer.
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Em um mar de estrelas
Adventure═════════ ❃ ═════════ Jade Fonseca, uma garota de família nobre. Tudo para ela era como num livro chato sobre casamentos, leis e tédio. Seu pai era como o mocinho, sempre fazendo o que acreditava ser o certo, um homem de coração bom. Talvez ela esti...