II. Um baile de tédio

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Umas das datas mais entendiantes tinha chego. Posso dizer que minha animação para o evento não era das melhores, mas lembrar que meu pai estaria comigo melhorava a situação. As horas que ia perder lá não me pareciam tão ruins.

Ainda sim as horas de conversas sobre casamentos e charutos não me agradavam.

Geralmente quando tenho sorte encontro algum apreciador de arte e consigo algum tempo com conversas que realmente me interessam, mas isso não era frequente.

Assim que terminei de me vestir, parei em frente ao grande espelho apreciando o belo vestido com um toque francês que havia escolhido para o baile. Alguns cachos do meu cabelo se desprendíam do resto do penteado, deixando tudo ainda mais bonito.

- Querida ficou lindo! - disse Carmen com admiração.

- Obrigada... Queria que a senhora fosse.

- Numa próxima oportunidade quem sabe - Ela então se aproximou, levantando meu queixo com uma das mãos. - Vai ficar tudo bem.

Sorri em resposta, tentando tranquilizá-la.

Já eram quase cinco da tarde, meus nervos estavam explodindo de tanta ansiedade para ver meu pai. Estávamos eu e alguns funcionários na frente da mansão esperando a carruagem dele cruzar os portões, o que aconteceu logo depois de alguém reclamar sobre o trânsito nessa época.

Enquanto o veículo que trazia sr. Estevan se aproximava da grande casa, inúmeros pensamentos rodavam a minha cabeça. Lembranças, preocupações, lamentações, mas tudo foi embora assim que o vi descer as escadas da carruagem.

E lá estava ele, com alguns fios brancos novos no cabelo, em vestes elegantes e o sorriso confortante que eu tanto amava ver.

Não consegui deter a vontade de abraça-lo, então tudo que fiz foi correr quase que desesperadamente em sua direção e pular em seus braços, assim como eu fazia quando era criança. Meu coração estava tomado por um turbilhão de sentimentos, eu queria chorar, queria sorrir, estava triste e feliz ao mesmo tempo.

Depois de algum tempo comprimentando as pessoas que o aguardavam em frente a mansão, papai entrou em casa. É estranho pensar que existem pessoas que ficam mais na estrada do que na própria casa, nunca consegui compreender isso.

Passamos um tempo conversando, ele sempre me contava as histórias de viagem quando chegava em casa, eu amava escutar.

Estava na hora do baile, confesso que se não fosse Carmen eu nem lembraria deste detalhe. Infelizmente eu não poderia inventar uma desculpa para não ir. Então lá estávamos eu e meu pai na carruagem que nos levaria ao tal evento.

Por um momento achei que nunca chegaríamos ao destino. Mas depois de uma eternidade finalmente chegamos. Ao entrar no grande salão logo reconheci vários condes e duques importantes, os quais papai fez questão de comprimentar primeiro.

O lugar era imenso, estava todo decorado com uma diversidade incrível de objetos caros. As mesas todas coloridas pela grande variedade de alimentos. E os empregados todos vestidos com roupas que provavelmente estavam desconfortáveis, já que vi alguns deles arrumando o traje.

Para minha infelicidade, logo fui pega em uma das conversas intermináveis da duquesa das Colinas Doces, famosas por terem o melhor mel da região.

- Minha querida, como está bonita. Espero que as coisas no Valle da Prata estejam bem.

- Ah estão sim.

- Fiquei sabendo que recusou o pedido de casamento do sobrinho do meu marido, o milorde lhe fez algo de errado querida?

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