XXIV. Um passeio pelo passado

15 4 0
                                    

Depois do beijo foi estranho me acostumar com a ausência de Leo, parecia sempre estar faltando algo no meu dia. Quando eu fechava os olhos só conseguia ver aquele sorriso, a voz dele ecoava em minha mente toda vez que estava no silêncio. Elisa me olhava estranho depois do que viu, tentou várias e várias vezes me fazer dizer que gostava dele, mas não o fiz, tinha esperança de que passasse com o tempo. Precisava me acostumar a viver sem ele, afinal provavelmente nunca mais veria aqueles olhos castanhos.

Hoje chegaríamos a América para enfim terminar nossa missão. Planejamos e replanejamos cada passo que dariamos assim que pisassemos em solo americano para que não fossemos pegas. Antes de tudo eu planejava dar um passeio pelo passado, precisava me despedir dele antes de ir para Nassau. Me sentia nostálgica a cada segundo mais próxima do destino, minhas lembranças de casa estavam cada vez mais frescas. Eu tinha medo de como tudo estaria quando voltasse ao Valle, mas lembrar do rosto de Carmen me acalmava.

- Chegamos. - Avisou Aika ao passar pela cabine que eu estava.

Levantei correndo e subi ao convés para ver o porto de novo, e por mais que parecesse ter passado anos e anos ele continuava a mesma coisa, exatamente como me lembrava. A mistura de aromas, o barulho, tudo era exatamente igual.

- Vamos com você até o Valle para garantir que não vai ser pega. - Disse Sadie assim que me viu, não precisei dizer nada, apenas minha expressão já era o bastante - Não adianta reclamar milady, não podemos deixar você ser pega agora.

- Vão enrolar o dia todo? Não podemos perder tempo esqueceram. - Escutei Aika dizer.

- Não Aika, não esquecemos, você faz questão de não nos deixar o fazer. - Respondeu Jeanne.

- No estábulo que sempre usamos tem cavalos que podem usar a qualquer momento, por favor tomem cuidado. - Lembrou Elisa, se distanciando logo em seguida.

Nos disfarçamos como conseguimos, qualquer coisa que mudasse a aparência era válido. Passamos por alguns lugares que eu conheci anteriormente, e antes de sair da areia vi o moço que me serviu o prato no dia em que fui presa, aquilo me lembrou de questionar o que teria me dado reação alérgica. Depois de ser cutucada por Sadie voltei a andar, correndo disfarçadamente para alcança minhas companheiras. Me sentia a pessoa mais incrível do mundo naquela missão.

- Alguém lembra onde ficava o estábulo? - Sussurrou Jeanne perguntando.

- Acho que é depois da loja de especiarias, mas não tenho certeza. - Respondeu Aika, ainda sussurrando.

- Será que dá para calarem a boca? - Escutei Sadie as repreender, sussurrando no mesmo tom.

Discretamente procuravamos os guardas reais que normalmente ficavam por ali, mas por sorte vimos poucos e a maioria estava hipnotizado demais com as moças bonitas para nos notar.

- Tem gente do Roberts aqui, tomem cuidado. - Voltou a dizer Sadie.

- Quem é Roberts?

- O ex da Eleonor, longa história, apenas tome cuidado com os que estiverem vigiando. - Ela terminou, apontando discretamente para um dos homens que não vestiam uniforme real e vigiavam o lugar, os mesmos vistos em minha primeira vez aqui.

Continuamos nosso caminho até o estábulo, sempre desviando dos tais homens citados e dos guardas reais. No geral, éramos perfeitamente boas em nos camuflar na multidão, parecia que fazíamos isso a anos. Confesso que minhas experiência como fugitivas ajudaram muito ao me igualar as piratas. Chegando no estábulo vi um casal, e pelas expressões não muito felizes. A mulher era bonita, tinha algumas tatuagens e segurava um charuto em uma das mãos, já seu parceiro parecia ser um dos homens que só sabia falar sobre a terra ser redonda. Seu óculos na ponta do nariz me dizia muito sobre seu costume de leitura.

Em um mar de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora