O acidente

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Você já imaginou como a vida passa diante dos seus olhos como um relâmpago? Eu já. Quando tinha 7 anos sofri um acidente de carro com meus pais e só me lembro de que naquele dia eu chorei por um brinquedo que havia caído na estrada.
O resto foi só chuva e mais chuva, e então a escuridão. O destino do nosso passeio era a casa da minha tia Luci (mas nunca chegamos lá).
Acredito que no dia do acidente, a minha tia soube do acontecido da pior maneira possível e depois tudo ocorreu rápido demais. Ela correu para chegar ao hospital e lembro do seu rosto tenso, dolorido e aliviado por me vê.
Dois dias se passaram de exames e testes, minha tia ficava comigo o tempo todo atendendo dos pedidos mais idiotas como buscar um cobertor até responder perguntas como o paradeiro dos meus pais. Até então nunca soube o que era dor, sempre pensei que dor se referia a uma dor de barriga ou uma dor de cabeça, mas não a dor de perder alguém, aquela dor que rasga você por dentro e faz você sentir como se seu coração fosse de vidro duro e frio. 

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