A partida

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Levantei pela manhã com um céu límpido e ensolarado e sorri mas então lembrei que naquele dia a senhora Sophie iria embora da minha vida e logo me entristeci.

A primeira pessoa que vi ao sair do quarto foi tia Luci e com o rosto franzido de raiava disse:

- Você sabe que não pode viver só dentro de casa o tempo todo, não é?

Eu sabia o que ela queria dizer, já haviam se passado dez anos desde que meus pais faleceram e depois disso fiquei mais confortável em casa do que em qualquer outro lugar, não tinha vontade de sair tão pouco de conviver com outras pessoas.

Olhei para ela e simplesmente falei:

- Eu entendo tia Luci mas eu já tenho você e a senhora Sophie, quem poderia pedir mais? - Ao ver a expressão do olhar de minha tia sabia que aquela desculpa não havia a convencido. Então bufei e simplesmente vi que havia perdido. Voltei pro quarto só pra fazer um coque no cabelo e então saí.

Ao chegar na sala falei para minha professora que ela poderia continuar me dando aulas, mas eu já sabia que ela estava cansada e aquele trabalho já não era pra ela e só beijei sua cabeça e disse:

-Vou sentir saudade – Senhora Sophie sorriu e falou:

-Até parece que você nunca mais vai me ver!

Eu sabia que ela continuaria na cidade, mas também sabia que não a veria todo dia. Fragmentos de memória vieram à minha mente mas os afastei com toda força para deixar longe de mim toda dor que tranquei no meu coração.

Ao abraçar senhora Sophie vi que tia Luci olhava pela janela com as sobrancelhas franzidas para o céu que de repente ficou nublado e depois olhou para mim como se ela pudesse ver como eu era dura e que em todos aqueles anos só deixei ela saber uma fração de mim uma pequena e minúscula fração de tudo o que eu sentia.

Todo aquele dia foi quieto e nublado. Eu estava confusa com os olhares de Tia Luci e quando perguntei o porquê daquilo tudo, ela respondeu com olhar fixo:

- Só estou tentando decifrar você! Sua mãe era um livro aberto e você é como um cofre!  

Não soube o que responder mas pensei que mesmo que ela estivesse ali o tempo todo nunca saberia quem eu era de verdade. Pelo menos era o que eu pensava.

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