Isso enche o meu peito de emoção

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Sam

Corro em direção a rede alta feita de cordas grossas, começo a escalar com minhas mãos e meus pés. Shely continua ao meu lado, ela me olha com algo diferente nos seus olhos, como se tivesse algum pensamento que a divertisse muito. Em seguida sorri e pisa forte em meu pé, com a dor, me desconcentro e vacilo o outro pé.

Começo a cair, esses segundos parecem tão longos. Eu consigo ver Shely olhando para baixo e fingindo uma cara de assustada e de desespero. Como ela pode ser tão baixa?

Com sorte sinto algo amortecer a minha queda, mesmo que não tenha sinto o mais confortável possível, poderia ter sido pior. Abro os meu olhos e vejo o Josh me olhando assustado, sinto o seu coração batendo rápido em meu braço que está encostado no seu peito.

- Você está bem? - ele se agacha e me coloca sentada no chão.

Tento responder, mas pelo choque de cair de um lugar tão alto...não consigo.

Rapidamente vários estudantes nos rodeiam preocupados e curiosos, o professor pede para Josh me carregar para a enfermaria. Enquanto ele me levanta em seus braços vejo Shely forçando um choro e dizendo para o professor que foi um acidente. Ela olha em minha direção sem expressar nenhuma culpa. Que garota cínica!

Josh atravessa a porta e caminha pelo corredor, procurando a enfermaria.

- Você vai tanto para a enfermaria, que a enfermeira já deve ter te dado algum apelidinho de amizade.

- E você é tão irritante, que eu realmente prefiro a companhia da enfermeira do que a sua.

- Olha quem está falando de novo - sorri - Gosto do seu tom de humor, Sam - ele faz carinho passando o dedo que está livre no meu antebraço.

Acabo não respondendo mais, apenas reviro os olhos. Continuar provocando Josh Miller não vai me levar a lugar algum.

Ele entra na enfermaria e me coloca na maca, fala para a enfermeira o que aconteceu e a enfermeira começar a fazer um exame geral, apenas para garantir que eu estou bem.

- Querida, você sabe que não podia ter forçado o seu pulso nessas cordas né? Sei que é estranho o que eu vou falar, mas você levou sorte de ter caído. Se tivesse continuado a subir, a sua torção poderia ter piorado. Enfim, pelo jeito você apenas sente algumas dores nas costas certo? Vou lhe passar alguns antibióticos para dor e te pedir novamente para não forçar o seu pulso.

Caramba! No calor daquela competição besta até esqueci que estava com o pulso machucado! Pelo jeito isso vai aumentar o tempo de recuperação. Que merda!

Saio da enfermaria com a cara feia, isso não é nada bom...eu preciso treinar, preciso extravasar, preciso pintar.

Logo a frente avisto Josh sentado em um banco no corredor, de braços cruzados olhando a parede.
Caminho até ele.

- E ai, como você está? Tudo certo? - ele levanta ajeitando o uniforme.

- Se eu não te conhecesse, diria que está preocupado - digo em tom de brincadeira.

Ele relaxa os músculos do rosto e suaviza a expressão - Na verdade eu estou preocupado com as minhas notas, se você precisasse ficar internada, quem iria pintar para eu ser aprovado? - ele cruza os braços e faz um sorriso sem mostrar os dentes.

De repente isso me lembra da triste notícia que recebi na enfermaria. Logo Josh percebe que tem algo de errado.

- Ei, eu estava brincando...você realmente está bem? - ele franze as sobrancelhas confuso com a minha mudança de humor.

Eu saio dos meus pensamentos negativos e forço um sorriso - Está tudo bem sim, vai ficar - balanço a cabeça positivando.

- Bom, então podemos ir?

- Para onde?

- Vou te levar para casa, não está em condições de ir andando.

- Antes podemos repassar algumas coisas do trabalho de Arte? Você me fez lembrar que estamos bem atrasados.

- Como você quiser.

(...)

Vimos algumas idéias e escolhemos cores que vão combinar com a pintura. Depois ele me levou para casa.

- Podemos começar o projeto amanhã, você está livre? - ele pergunta coçando a parte de trás da cabeça.

- Claro, amanhã. Tá combinado.

- Então, nos vemos amanhã - ele sorri.

- Sim, nos vemos.

Essa era a hora que cada um vai para o seu lado, mas não fizemos isso. Continuamos nos encarando.

Josh chega mais perto e eu apenas o observo, ele age devagar, como se não quisesse me assustar. Quando os nossos lábios estão a centímetros um do outro, escuto a porta da minha casa abrir e dou um passo para trás. Meu pai olha com as sobrancelhas levantadas e pergunta.

- Eu...estou atrapalhando alguma coisa? - o seu olhar reveza entre nós dois.

- O quê? Que isso pai! O senhor enlouqueceu de vez mesmo. Dá licença para eu passar, vai - eu praticamente corri daquela situação constrangedora.

Espio da cozinha o Josh sorrindo e balançando a cabeça desacreditado, ele cumprimenta o meu pai e sai com a sua moto.

Meu pai fecha a porta e vem na cozinha.

- Por acaso eu deveria saber de alguma coisa?

- Reflita se você realmente quer saber de alguma coisa - pressiono os meus lábios formando uma linha fina e esquivo o olhar.

- Humm... - ele coloca a mão no queixo e deixa os olhos semicerrados, como se estivesse pensando seriamente - Na verdade, eu não quero saber não - ele diz enquanto vai para a sala, assistir a um jogo de futebol.

Subo para o meu quarto e deito na cama, fico encarando o teto e pensando sobre o que tinha acontecido bem na frente da minha casa.

O que aquilo significou? O Miller ia realmente me beijar?

E porque essa pergunta enche o meu peito de emoção?

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