Sam
- AÍ MEU DEUS!!! - eu afasto o celular após outro grito de Lia - EU NÃO ACREDITO QUE ISSO ACONTECEU MESMO.
- Ah vamos lá, não é como se fosse tão surreal assim, já se passou três dias até.
- Não é surreal, apenas FANTÁSTICO!! - afasto o celular pela quinta vez - É simplesmente um conto de fadas.
- Estou começando a me preocupar com o que você considera conto de fadas. - digo em tom debochado.
- Qual é Sam, vai me dizer que não foi bom?
- ...
- Admita de uma vez!
- Tá bom! Foi incrível! Ótimo! Uma experiência maravilhosa! Está feliz?
- Muitoooo. Caramba, Josh Miller!
Escuto umas batidas na porta e vejo a figura do meu pai aparecer, ele demonstra que precisamos ir . Eu aceno mostrando que já vou descer.
- Mas não vai acontecer mais, nunca mais! Agora preciso ir, beijos!
- Sam?! O quê? Não des...
Lia odeia que desliguem em sua cara, mas era o único jeito de fugir dos assuntos difíceis.
De qualquer forma, eu não menti, realmente preciso ir em algum lugar, o evento beneficente da empresa do meu pai.
Que por coincidência, tem parceria com a empresa da mãe do Josh...
Só de lembrar dele, do carro, da vista...Não tenho tempo para isso agora, preciso causar uma boa impressão nesse evento.
Passo um batom vermelho e me olho novamente no espelho antes de descer.
Meu pai me espera perto da porta de entrada, e quando escuta meus passos na escada, deposita sua atenção em mim.
Eu continuo descendo os degraus, até notar que meu pai está com uma expressão estranha, com os olhos arregalados.
- O quê foi? Não está bom? - o olho preocupada.
- Não, pelo contrário, é que eu sempre estou acostumado a ver você vestida com roupas tão joviais, e ver você nesse vestido, me fez perceber que você não é mais a minha garotinha. - ele sorri com pequenas lágrimas ao redor dos olhos.
- Pai, não diga isso. Eu sempre vou ser sua garotinha. - desço rapidamente os degraus, torcendo para não cair de salto.
O abraço com força e ele deposita um beijo em meu cabelo. - Está bem...você é a minha abelhinha ainda, apenas está mudando...e eu preciso me acostumar com isso. - ele se afasta para olhar a minha feição e solta um sorriso. - Vamos lá, se não iremos chegar atrasados.
Ele abre a porta para mim e entramos na limousine.
(...)
O evento realmente era grande e luxuoso, tinha um tapete vermelho e paparazzis. Que se aglomeravam em qualquer carro que parava a frente da linda festa.
Quando a porta foi aberta, vieram flashes de todos os lados, quase fiquei totalmente cega por aquelas luzes brancas, mal conseguia ver o chão. A sorte era que meu pai estava lá para me acompanhar e não deixar eu fazer feio na frente de toda a imprensa. Eu precisava parecer acostumada com todos aqueles flashes e todo glamour que aparentávamos ter com cada passo mais perto da grande entrada.
Finalmente dentro do salão, tivemos uma vista ampla dos convidados, todos pareciam refinados e ricos pra caralho. Eu me sentia uma macaca perto de pessoas com tanta classe. Mas de certa forma, não era tão diferente da escola, todo mundo fingia e demonstrava algo que não era. Um verdadeiro jogo de poder e interesse. Na minha opinião, repugnante.
Era tão difícil mostrar o seu verdadeiro eu? As suas verdadeiras intenções? Naquele meio de negócios, um puxava o tapete do outro, sempre querendo ter mais e mais.
Enquanto eu refletia sobre essa aparente encenação, estava sorrindo e cumprimentando convidados que vinham conversar com meu pai. Todos tubarões, loucos para devorar o cargo dele.
James, como sempre, sorria genuinamente e conversava com muita gentileza. Até hoje não consigo entender como ele se deu tão bem nesse ramo.
Não que ele não seja bom, longe disso, ele é incrível! Mas ele é sincero demais, uma pessoa de bom coração, sempre vendo o lado positivo das pessoas. Como poderia permanecer nesse trabalho por tanto tempo? Além de ter ganhado ótimas promoções, como Diretor de Operações, braço direito do CEO.
- Sam...
Pisco algumas vezes surpresa, novamente estava perdida em meus devaneios.
- Desculpe, do que estava falando?
- Estava contando para o Senhor Moretti sobre o seu trabalho como artista. - meu pai olha para o homem que aparenta ter a mesma idade. - Ela realmente é incrível, seus quadros são de tirar o fôlego.
- Aposto que são. - o homem sorri e me olha se cima abaixo.
Sinto um frio na espinha, há algo de estranho com esse homem...não sei explicar. Ele me parece indelicado e desagradável para um evento como esse, onde as pessoas se escondem tão bem.
Meu pai logo percebe o clima esquisito e direciona a atenção do homem para outro rumo. Enquanto eles caminham, meu pai olha para trás e faz um sinal para eu me dispersar.
Pego uma bebida e converso com alguns conhecidos. Sempre conversas sobre família, viagens e negócios, nada de novo sob o sol.
Me canso de tagarelar sobre as mesmas coisas e subo para o segundo andar, procurando o banheiro.
Enfim avistei a placa ao longe, então começo a andar pelo corredor silencioso e no caminho acabo reparando nos quadros pendurados, alguns com vistas do mar, outros retratos e também tem uma grande quantia de pinturas renascentistas. Todas muito bem pintadas por sinal.
- Não esperava te encontrar por aqui. - escuto um timbre que me faz arrepiar.
Me viro, assustava com a repentina aparição do homem.
- Oh, Sr. Moretti, é apenas o senhor. Desculpe pelo espanto, eu estava distraída com os quadros.
- Gosta de arte, certo Senhorita Baker?
- Bem...sim. É a minha paixão.
- Isso é incrível, pois eu conheço um grande artista que está disposto a dar aula e ensinar técnicas únicas para apenas cinco alunos. - ele sorri presunçoso. - E eu posso apresentá-la à ele.
- Sério? Isso é demais! Seria muita gentileza do Senhor!
- Mas tem apenas uma pequena cláusula. - o homem se aproxima.
- Eu não estou entendendo o que quer dizer, Senhor Moretti. - de repente fico na defensiva e começo a dar alguns passos para trás.
- Podemos dizer que uma consulta com esse artista é muito cara... - enquanto o homem continua se aproximando, sinto a parede gelada em minhas costas. - Mas podemos resolver isso com um pequeno valor.
Moretti fica cara a cara comigo e coloca uma mão em minha cintura, enquanto os dedos da outra mão tocam na borda de meu vestido, fazendo carinho em minha coxa.
- Que porra você tá fazendo? - olho para o lado e avisto o Josh.
-
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Espero que gostem do capítulo! ❤️
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Não solte a minha mão
ChickLitSam e Josh eram melhores amigos desde crianças, mas com o passar do tempo Josh se afastou dela, arrumou uma namorada e amizades duvidosas, na mesma época ocorreu o divórcio entre os pais de Sam, então ela decide ir morar com sua mãe em Nova York. Do...