Talvez ele que seja o sortudo

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Sam

Josh se levanta da cama e começa a se aproximar sem desviar seu olhar do meu. Eu engulo em seco quando a aproximação repentina trás o seu perfume amadeirado. Encaro o chão, tentando acalmar a inquietação que está em meu peito.

Ele passa a ponta dos dedos no meu rosto e puxa meu queixo, me forçando a encara-lo. Sua mão toca a minha cintura e seus olhos rodeiam pelos meus, como se estivesse analisando as minhas reações.

- O quê está fazendo?

- Estreando o seu quarto. - Josh cola nossos corpos e uma sensação de eletricidade corre pelas minhas pernas.

- Acho que acabei de escutar a sua empregada chegando. - o encaro preocupada.

- Isso só deixa tudo mais interessante. - sorri.

- Josh, estou falando sério. O que ela vai pensar de mim?

- E desde quando você se preocupa com o que as pessoas pensam de você? - ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Eu não me preocupo, mas... - sou interrompida com o toque do meu celular. Era Ângela.

Mostrei a tela para Josh - que revirou os olhos - e me afastei para atende-lá em um canto mais reservado.

- Oi Angel, me desculpa não ter te ligado de volta.

- Não tem problema Sam, só queria saber se está tudo bem.

- Está sim! E sobre o favor...não vou precisar mais.

- Bom, então tudo bem!... - ela aparenta estar um pouco ansiosa, como se quisesse contar algo.

- Tem algo acontecendo Ângela?

- Não, não. Nada de importante. É que uma pessoa pediu para te dar um recado, mas não tenho certeza se eu deveria...

- Pode falar. - disse com calma.

- Bom...o Ethan disse que está com saudades.

Minha boca seca e eu fico atônita, mal escuto Ângela me chamar pela linha telefônica.

- Sim, ainda estou aqui. Só...não esperava por isso. - Josh me olha, mas se mantém em silêncio.

- Eu não deveria ter dito nada, não queria me meter no meio disso. Desculpe, Sam.

- Não tem problema, Angel. Está tudo bem. Pode dizer que também sinto saudade e espero que esteja bem. - evito dizer "ele" ou algo do tipo, já que Josh estava no quarto.

- Vou dizer...

- Obrigada. - desligo o telefone e solto um longo suspiro.

- Aconteceu algo?

- Não, não. Ângela só me ligou para saber o motivo da minha ligação hoje mais cedo. Eu estava planejando ficar na casa dela, mas você chegou antes mesmo de eu a contar. - lhe dou o melhor sorriso que consigo.

- Ah, entendi... - ele parece ter mais perguntas, mas não as faz. - Bom, já que matamos aula hoje, que tal ir para um show mais tarde?

- Show? Que tipo?

- Uma banda. Que é muito boa por sinal.

- Acho que eu não tenho roupa pra isso.

- Não é nada de mais. Podemos dar um jeito nisso. - Josh segura na minha mão e me arrasta para a garagem de novo.

(...)

Descemos da moto e entramos em uma loja com vários capacetes, jaquetas de couro, luvas e outras coisas. Mesmo não fazendo exatamente o meu estilo, eu observei com certo interesse.

- O quê viemos fazer aqui?

- Comprar uma jaqueta pra você.

- An? Jaqueta? Não sei se eu entendi bem.

- Bom, você precisa de algo mais descolado do que...isso. - ele aponta para toda a minha roupa.

- Ei! O que tem de errado com as minhas roupas? - o encaro espantada.

Josh dá de ombros e continua andando pela loja.

- Olha quem voltou! Josh Miller! - uma atendente de cabelos azuis e decote exagerado chama nossa atenção.

- Ah, oi Sandy. - ele continua com uma expressão neutra.

- Brinquedinho novo? - Sandy inclina a cabeça um pouco para o lado e me encara com um olhar divertido.

- Não não, é minha garota. O nome dela é Sam. - Josh vira de costas para nós duas e começa a mexer em algumas blusas do cabide.

O diálogo foi habitual e ao mesmo tempo estranho, principalmente a parte que Josh me intitulou como sua garota. Eu não sabia como reagir, muito menos o que aquilo significava. Colega? Amizade colorida? Apenas parceira? Ficante? Namorada?

Aquilo ocupou tanto os meus pensamentos, que eu mal percebi que a conversa ainda continuava.

- Você foi até o aeroporto? Uau, essa menina tem sorte de ser sua. - ela pronunciou com cara de desgosto.

Aquilo foi como um estalo na minha consciência, eu erguei as sobrancelhas, surpresa com aquela frase. Olhei para o Josh, que colocou a mão na testa e encarei novamente a atendente, que me olhava com um olhar desafiador.

- Por que eu tenho sorte? Depois de ter feito aquela merda na festa, o mínimo que ele devia fazer era se desculpar mesmo. - Sandy abre a boca para responder, mas eu a interrompo - E quer saber? Talvez ele que seja o sortudo, por ter uma amiga como você, que o exalta tanto apenas para ter um pouco de atenção. - sorrio com certo ar de zombaria e saio pela porta da loja.

Em que mundo essas pessoas vivem? Me consideram uma "ameaça" pelo simples fato de eu estar perto dele. É patético.

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10 mil leituras! Que felicidade! Eu sou muito grata por ter vocês aqui comigo. Um beijo 💕

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