De alguma forma, isso me atinge

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Sam

Amarro os meus cadarços enquanto olho para o relógio marcando 7:20, de alguma forma eu acordei muito atrasada e meu pai estava em uma ligação tão importante que nem percebeu a minha estranha demora para aparecer na cozinha.

Como eu sei disso? Mandei mensagem para ele, que se desculpou. Como sempre faz.

Ligo para Lia e o telefone toca algumas vezes - Vamos lá Lia, atende!

- Oi! Cadê você? Não vai vir hoje?

- Ah oi! Lia, preciso de você.

- O quê foi? - diz em um tom preocupado.

- Nada sério, é que...acordei atrasada, pode vir...me buscar? - mal percebo a cara amarrada que estou fazendo quando digo o motivo da minha ligação.

Lia ri do outro lado da linha - Estarei aí em 5 minutos, por sorte não é muito longe.

Solto um suspiro de alívio e a agradeço.

(...)

Não demora muito para Lia chegar em frente a minha casa, entro rápido no veículo e coloco o cinto.

- Bom dia dondoca - Lia me olha com uma expressão divertida.

- Nem comece - digo por fim.

Ela apenas ri baixinho e continua o nosso caminho para a escola.

(...)

Corro pelos corredores ao encontro de minha sala, olho pelo janelinha da porta e vejo o professor Clark mexendo as mãos como se estivesse explicando alguma matéria a turma.

Respiro fundo e bato na porta, após alguns segundos o professor a abre, mas não fala nada, apenas me olha com um olhar de desaprovação. Acho que ele sabe que eu não me atrasaria a não ser que tivesse um motivo relevante para isso.

(...)

As aulas seguem monótonas, apenas aprendendo sobre os grandes mitos gregos e como alguns filósofos eram cheios de si. Mal percebo quando o sinal toca para o intervalo.

Entro na cantina e avisto Lia sentada em uma mesa com sua bandeja, ando até lá e me sento na sua frente.

- Como foi as suas aulas? - ela pergunta enquanto come um cookie.

- O de sempre, mais e mais conteúdo - digo em um tom cansado e ela me dá um sorriso de cumplicidade - e as suas?

- Bom, foram chatas, mas a terceira aula foi uma loucura, o professor organizou um debate e parecia mais um campo de guerra. Eu não sabia que as pessoas poderiam ficar tão na defensiva por causa de um debate amigável, seria mais fácil ele organizar um ringue de luta. Tipo um murro doeria menos do que as palavras da Jully, aquela menina é um monstro no debate, ela te engole viva apenas com as palavras...

Lia fazia gestos explicativos e engraçados, mas eu não estava prestando muita atenção, na verdade eu não estava conseguindo processar nenhuma palavra que saia da boca dela. Estava pensando em outro assunto.

- E ele jogou uma cadeira na direção dela, acredita? Levaram ele para a diretoria e o professor ficou em choque! Acha que vão expulsar ele? - Lia me encara esperando uma resposta, mas logo percebe que não vai ter uma.

- Você nem estava me escutando né? - ela cruza os braços, olha na mesma direção que eu estou olhando e me olha de volta - Sam! - ela estala os dedos na minha frente e eu dou um pulinho de susto - Caramba viu, o que você tem hoje?

- Eu tô procurando uma coisa - digo simples, enquanto passo os meus olhos pelos alunos da cantina.

- Uma coisa? - ela da uma pausa e reveza o seu olhar da multidão para mim - Ou alguém?

Não solte a minha mão Onde histórias criam vida. Descubra agora