Não solte a minha mão

Digamos que é uma surpresa

Josh

Os meninos vieram apenas para fumar e beber as bebidas que tinham sobrado da noite passada. Eles fizeram algumas piadinhas sobre a Sam estar na minha casa, mas eu não dei a mínima importância. Não deveria interessar a ninguém o porque de a Sam estar aqui, fosse de uma forma amigável ou não.

Logo fiz eles irem embora com a desculpa de que tinha um compromisso com a minha mãe. Não estava com paciência para escutar as opiniões sobre o término do meu namoro e nem qual menina estava na cama deles ontem.

Chamei a Rosa, empregada da minha família para limpar a casa pós-festa, claro que dei um extra por ser tanto trabalho.

Fiquei o resto do dia vendo um seriado de TV e comendo besteiras, como sempre faço nos domingos.

(No outro dia)

Levantei e coloquei a minha jaqueta de sempre, comi uma maçã, peguei minha mochila e sai com a minha moto em direção a escola. Tenho que confessar que eu quase parei na casa da Shely, mesmo sabendo que estamos terminados. É um velho hábito que eu tenho que mudar urgentemente.

Parei minha moto na vaga de sempre e fiquei meio perdido, era a primeira vez que eu chegava sozinho, que eu não escutava a falação da Shely no meu ouvido. Decidi ir para o meu armário e arrumar os meus livros enquanto pensava sobre o assunto. De certa forma sinto saudade da companhia dela, mas acho que foi melhor assim.

E por falar no diabo, Shely passa junto de suas amigas e não tira os olhos de mim, o que me faz virar o rosto para o outro lado e bater à porta do armário com força.

Vou para a sala da minha primeira aula e espero o sinal bater, já que eu não tinha mais nada para fazer e não queria ficar no corredor trocando olhares estranhos com Shely.

(...)

A aula terminou e eu percebo que mal notei Sam na classe, ela ficou apenas no canto, em silêncio. Coisa que quase não acontecia, já que ela é uma nerd em Arte e é pior que um papagaio.

Penso na possibilidade de ser por causa dos meninos que viram ela na minha casa ontem. Na possibilidade de todo mundo já saber disso.

Decido ir atrás dela para entender o que aconteceu, para conversar com ela. Mas sou impedido por Shely, que entra na minha frente de braços cruzados.

Eu não estava com cabeça para ela, muito menos um dia depois do nosso término.

- O quê você quer? - Ergui uma sobrancelha.

- Ouvi boatos de que Sam Baker estava na sua casa e só saiu no domingo de manhã. Você está mesmo ficando com essa garota?

- Isso não te interessa, e mesmo se interessasse, acho bom ficar longe dela - falei de forma impassível.

- O quê? - franziu as sobrancelhas incrédula - Está falando sério Josh? Você realmente me trocou por aquela menina? - fez cara de nojo.

- Preste atenção - descruzei os seus braços e segurei em seus pulsos - Terminamos Shely, e o que eu faço ou deixo de fazer não é mais da sua conta. Fique longe dela, ou você vai se ver comigo - A deixei plantada ali e fui andando.

Eu odeio o jeito que a Shely acha que tem controle sobre mim, qual o problema em saber que já terminamos? A última coisa que eu quero é me explicar com essa garota, especialmente agora que está rolando tantas especulações. Tenho muito para resolver, então apertei o passo para alcançar a Baker, rezando para Shely não me seguir.

Com sorte, avistei Sam no pátio, acredito que ela está com a aula vaga e eu não me importo de matar uma. Vou em sua direção e me sento ao seu lado, ela me olha e fica em choque, sem saber o que dizer.

- Então esta é a tão renomada Sam Baker? Não sabia que prodígios como ela matavam aula.

- Estou em aula vaga seu bobão, não mato aula alguma.

- Bom, já que está sem aula por agora, que tal darmos uma volta? - eu a olho enquanto pego um cigarro.

- Primeiro - ela o tira das minhas mãos - não pode fumar aqui. Segundo, já basta toda a escola falando sobre eu ter dormido com você, não quero que saia mais boatos ainda. E terceiro, eu não quero a sua namorada maluca atrás de mim com o seu mini exército de "Meninas Malvadas" .

- Não tem que se preocupar com Shely, nós terminamos - ela me lança um olhar culpado, acho que se arrependeu de ter falado sobre a minha ex - E na festa você não se importou de fumar - ela encara o chão - Quando foi que você voltou a ser essa menina chata e correta?

- Eu sempre fui, Miller.

- Vamos lá, Sam. Apenas uma voltinha de moto, está todo mundo na aula, alguns dos seus colegas devem estar naquela biblioteca chata e outros estão andando por aí na rua, se divertindo.

Ela fica em silêncio por alguns segundos e responde.

- Tudo bem, apenas uma volta, ok?

- Sim senhora - dou um sorriso para ela. 

Subo na moto e entrego meu capacete para a Sam, ela fica tentando prender a fivela embaixo do queixo, mas sem sucesso. Reviro olhos e tiro as mãos dela do fecho, Sam me encara com uma cara feia enquanto eu prendo corretamente.

Ela finalmente sobe na moto, mas fica sem jeito enquanto procura um lugar para se segurar.

- Pode segurar na minha cintura - digo enquanto retiro a moto da vaga.

- Não precisa, tem uma alça na parte de trás - ela diz com um tom de convencida.

- Pelo jeito que tentou prender o capacete, você dificilmente tem experiência em andar de moto. É mais seguro colocar o seus braços em volta da minha cintura, mas você que sabe - dou partida na moto e vou para o asfalto.

Vou para uma estrada sem casas e acelero a moto, Sam rapidamente segura na minha cintura com força e pergunta para onde estamos indo. Aquele simples gesto me faz sorrir, digo que é uma surpresa.

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e
O capítulo ficou tão grande que decidi dividir em duas partes, vou ter que escrever a metade tudo de novo :,) Valorizem essa autora aqui viu!