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02/06 - Ele

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02/06 - Ele

Eu gostaria de dizer que não sabia das fotos, mas é claro que seria mentira, então prefiro ficar de boca fechada. Acho que John está dando seu sermão há quase dez minutos agora, a veia em sua testa saltada e pulsando por baixo da pele, como sempre acontece quando ele está nervoso. Bruno e Nick estão olhando as roupas na arara como se elas fossem as peças mais interessantes do mundo.

Nos cabides de veludo, há suéteres da Gucci, camisas Stella McCartney, Prada e Fendi, conjuntos Haider Ackermann, calças Saint Laurent, tênis Louis Vuitton. É assim que as coisas funcionam quando você é Uma Pessoa Conhecida: as marcas sempre estão dispostas a emprestar suas roupas para você usá-las publicamente. E, como semana que vem tenho dois compromissos — uma entrevista para o The Tonight Show do Jim Fellon e outra para a revista QG —, minha tarefa hoje é escolher quais peças usarei em cada ocasião. Meu agente e meu melhor amigo estão aqui para me ajudar com isso; meu RP está aqui para garantir que eu não fale nenhuma merda.

John respira fundo, e a veia se torna menos perceptível em sua testa.

— Então vamos lá, Mathieu, vamos ver se estamos nos comunicando... Quando perguntarem sobre aqueles chupões, o que você vai dizer?

— Sem comentários.

— E quando perguntarem se você voltou com a Lila, o que você vai dizer?

Reviro os olhos. Aparentemente, minha ex-namorada também estava naquela festa do Tom em Los Angeles, e agora a imprensa insiste que os hematomas no meu pescoço são a prova de uma reconciliação com ela. Puta merda, como as pessoas chegam a essas conclusões absurdas?

— Estou solteiro.

— E quando perguntarem sobre as novas fotos com a garota...

O nome dela é Clara.

— ... o que você vai dizer? — John continua como se eu não o tivesse interrompido.

— Ela é apenas uma amiga. Mas, John, eu não...

— Hmmm, apenas uma amiga, Matt? — Nick provoca em voz baixa.

— Cala a boca, Nick — revido num sussurro.

— Mas o quê, Mathieu? Mas o quê? — E lá está a veia na testa do meu RP novamente.

— É... Eu... eu não... eu não sei se isso seria o melhor para ela, porque...

O melhor para ela?

— Hmmm, o melhor para ela, Matt? — O sorriso do meu amigo se alarga.

— Caralho, Nick!

— Como assim o melhor para ela? — John pergunta mais uma vez.

— Bom, vocês sabem o que acontece quando descobrem que alguém é meu amigo...

— Ahhh, eu bem sei... — Nick diz. — Reviram a sua vida, te seguem nas redes sociais e ainda inventam um apelido infame. Você basicamente vira uma subcelebridade, só que sem grana e sem reality show.

Bee boy — Bruno murmura.

— Espere aí, como você sabe disso? — Nick pergunta, incrédulo.

Meu agente dá de ombros.

— Estou por dentro das piadas dos fãs.

Sufoco uma risada diante da carranca de Nick. Meus fãs o apelidaram de "bee boy" desde o seu infame comentário numa foto aleatória do meu Instagram. Eu estava entediado no dia e decidi postar uma foto da minha despensa, mas o que chamou atenção foi o pote de mel em formato de urso que tinha caído. Nick, como o idiota engraçadinho que é, comentou "isso está relacionado a abelhas não está" e pronto. Daquele dia em diante, Nick Gallagher se tornou bee boy.

— E daí se vão revirar a vida da garota? — meu RP pergunta. A frase sai ácida, mas sei que ele não disse por mal. Conheço John há tempo suficiente para entender como seu cérebro funciona. O problema com John é que ele se preocupa demais e apenas com o trabalho. E, na mente dele, o trabalho sou eu.

— Não é justo com ela.

Tudo bem que mal a conheço e certamente ainda não posso chamá-la de amiga, mas tenho certeza de que a Clara não apreciaria os holofotes da mídia sobre ela.

John passa a mão pelos cabelos, a expressão uma mistura de cansaço e impaciência.

— O que você sugere então? Que é melhor dizer que ela é sua namorada?

Não! — A minha voz sai esganiçada e aflita.

Nick abre um sorrisinho malicioso.

— Nooossa, que reação intensa, Matt...

— Nick, eu vou te colocar pra fora.

Meu amigo finge trancar a boca e jogar a chave por trás do ombro.

— Bom, não podemos dizer que ela foi um caso de uma noite, de jeito nenhum. Eu preciso cuidar da sua imagem, e o nome Mathieu Clermont não pode se tornar sinônimo de devassidão!

— Por que eu não posso dizer a verdade?

— E qual é a verdade?

— Que a Clara é apenas uma conhecida.

— Ah, sim, uma conhecida que saiu do seu quarto de hotel na madrugada.

— John, pelo amor de Deus, não foi desse j...

— O meu trabalho não é cuidar do que é e sim do que parece!

As palavras de John ecoam na minha cabeça.

Trabalho!

— O quê? — os três perguntam para mim.

— Posso dizer que ela está trabalhando comigo num projeto. Clara não é nem uma amiga ou namorada ou conhecida, ela é uma colega de trabalho!

John não diz mais uma palavra sobre o assunto, o que significa que ele concorda com a minha ideia. Vitória.

 Vitória

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i will escape death for youOnde histórias criam vida. Descubra agora