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Música: After Dark (Slowed Down) - Mr. Kitty

*Considere o que está escrito assim no texto como se as palavras estivessem riscadas :) *

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*Considere o que está escrito assim no texto como se as palavras estivessem riscadas :) *

28/07 - Ela

O Hotel Sonne tem algo de familiar para mim. Ele me lembra das estadias baratas e um tanto decadentes em que Amanda e eu ficávamos durante nossas viagens uns anos atrás. Pelas expressões ligeiramente desconfortáveis de Anja, Julia, Sage e Peter no saguão, imagino que esta tenha sido a primeira vez deles num lugar como esse. Enquanto isso, Joe, Ethan, Benjamin e, para a minha surpresa, Mathieu continuaram impassíveis, alheios ao estado da decoração, como se já estivessem acostumados a frequentar hotéis com menos de cinco estrelas.

Assim que pegamos o cartão de acesso aos quartos, subimos as escadas até o terceiro andar, toda a equipe indo na minha frente, enquanto eu ficava para trás, puxando as malas degrau por degrau, sentindo meus braços e mãos arderem com o esforço. As gotas de suor escorriam livremente por baixo da minha blusa, o tecido começando a grudar no meu corpo. Ótimo. Tudo que eu queria era apenas encontrar logo meu quarto e tomar um longo, longo banho antes de dormir.

Fui a última a chegar no terceiro andar, que é na verdade um corredor simples cheio de portas brancas próximas demais umas das outras para serem à prova de som. Certamente, não haverá dificuldade alguma para ouvir o que acontece nos outros quartos. Deus queira que ninguém resolva transar no hotel durante essa viagem.

Enquanto alguns colegas já puxavam suas malas pelo corredor, entrando nos respectivos quartos, eu me concentrava em achar o cartão de acesso enfurnado nos confins da minha bolsa. Após uns minutos de desespero e arrependimento por sempre deixar o interior da bolsa um caos, encontrei o que procurava. Quarto número 319. Por um segundo, veio à minha cabeça a dúvida inevitável: quem por acaso seria o hóspede do quarto 318. Eu torcia para que fosse Benjamin ou talvez Anja — os dois pareciam ser companhias tranquilas e amáveis, dois rostos que eu não me importaria em ver toda manhã assim que saísse do meu quarto. E, se não eles, ao menos que não fosse Peter — embora tivéssemos trocado algumas palavras durante a viagem até aqui, ele ainda parecia muito irreal para mim. Irreal e inalcançável, como uma obra de arte que ganhou vida e decidiu bater papo com a humana anônima e imperfeita. Só a ideia de encontrá-lo todo dia à minha porta já era suficiente para fazer meu estômago se revirar. Mas, principalmente... eu esperava que não fosse Mathieu.

Eu deveria ter previsto isso. É claro que os meus desejos não se realizam assim com tanta facilidade; isto aqui é a vida real, no fim das contas. A situação toda foi ridícula: Mathieu de costas para mim — eu reconheceria aqueles cachos em qualquer lugar, infelizmente —, tentando passar o cartão magnético no leitor da porta 318, enquanto eu falhava nas minhas tentativas frenéticas de destrancar a porta e sair dali o mais rápido possível, antes que ele notasse minha presença.

i will escape death for youOnde histórias criam vida. Descubra agora