Maravilhosamente normal

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Acordei no dia seguinte com um desconforto no estômago. Fome. Há quanto tempo eu não comia? Bem, mais uma coisa que eu não tinha ideia.

Levantei devagar da cama, e sem me preocupar em tirar o pijama curto que vestia, fiz minha higiene matinal e deixei o quarto para buscar comida.

Um problema: o lugar era um labirinto e eu não sabia a onde ficava uma cozinha ou algo do tipo.

S/n - Merda. - xinguei baixinho depois de vários minutos rodando como uma idiota.

Foi quando passei pela centésima porta, que um barulho, talvez o único além dos meus passos, chamou a minha atenção.

Era um raspar de correntes pesadas, e um bater de asas enfurecido. Olhei para a porta que originava o barulho me perguntando o que poderia estar ali.

S/n - Mas o que... - não terminei de falar, pois quando dei um passo em direção a fechadura um grito odioso carregado de maldade arrepiou até a minha alma.

E então a escuridão. Escuridão sólida começou a vazar pela fresta entre o chão e a porta, apagando lâmpada por lâmpada do corredor. Meu coração acelerou drasticamente, e, num impulso de instinto, me vi correndo sem rumo pelos corredores. Eu só precisava sair dali, sair de perto daquela escuridão esmagadora que literalmente iria me engolir.

Foi então que trombei em algo, melhor dizendo: em alguém.

- Que porra... - um garoto de cabelos negros me olhou entediado e irritadiço. - Quem é você, hein?

S/n -Desculpe, eu estava com fome, mas não achei a cozinha e aquela coisa... aquela coisa começou a me perseguir. -soltei um suspiro olhando para longe dos olhos escuros que me analisaram. Foi então que percebi que estava tremendo, agarrada a gola branca da camisa do garoto.

E por mais incrível que pareça, ele não me afastou, apenas me deixou ficar ali até que eu me acalmasse um pouco.

- Que coisa? - ele perguntou baixo. Sua voz saiu mais controlada, porém ainda entediada.

S/n - Eu não sei. Parecia algo com asas e estava preso. E então aquilo começou a mandar uma escuridão por todo o corredor...

Ele me olhou por alguns segundos e pude perceber quando seu maxilar travou em tensão.

- E quem é você? - repetiu a pergunta.

S/n - Meu nome é S/n. Mas pra ser completamente sincera, eu não sei quem sou.

O garoto soltou um risinho irônico antes de me perguntar com desdém:

- Como não sabe? Isso é algum tipo de brincadeira?

S/n - Não sei. Acordei ontem nesse lugar e parece até como se eu tivesse acabado de nascer.

Foi então que sua expressão mudou. Seus olhos se suavizaram e pude perceber que um brilho diferente estava neles, algo como tristeza e compaixão.

- Venha. - ele disse simplesmente, finalmente me soltando de seus braços.

S/n - Para onde? - perguntei, mesmo que já estivesse o seguindo.

- Você disse que estava com fome, lembra?

...

- Melhor? - o garoto perguntou em um risinho após eu ter devorado três tigelas do ensopado com pão que ele me trouxe.

S/n - Sim, bem melhor.

Foi quando eu pude reparar melhor nele, em suas feições: ele era muito bonito. Tinha a pele clara que contrastava com seus olhos e cabelos escuros. O nariz reto
harmonizava perfeitamente com os lábios bem recortados. Sua camisa era de um branco limpo e estava aberta no peito, mostrando seus contornos esculpidos.

Renascida na Akatsuki +18Onde histórias criam vida. Descubra agora