O buraco no peito

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Três meses depois

* Obito on*

No instante em que vi aquele dragão de raios se formando no céu, eu soube que tudo estava fodido.

Mas quando eu ouvi os gritos de dor de S/n, quando presenciei sua alma se partindo em luto, tive que juntar cada gota de força para me manter centrado. Tudo que sempre quis foi protegê-la. Protegê-la, inclusive, daquele tipo de dor que uma vez já havia me destruído completamente.

E percebi que eu aceitaria ter mais mil buracos abertos no peito, caso pudesse livrá-la daquilo.

Então conforme ela se desfazia em soluços e lágrimas nos meus braços, eu tremia. Tremia terrivelmente, tentando da melhor maneira manter a concentração e levá-la em segurança para casa.

Quando chegamos, meu peito estava encharcado com seu choro sofrido. Eu ignorei os olhares aflitos dos membros que estavam presentes. Sasori largou o livro que lia e levantou imediatamente, completamente assustado ao ver S/n daquela forma. Deidara me seguiu escada acima junto com Konan, ambos me enchendo de perguntas.

Eu não respondi ninguém, apenas me apressei com a Senju andar acima.

Abri a porta do quarto de Hidan sem pedir permissão. Ele abriu a boca para falar mas se calou ao ver a morena aos prantos, enrolada no meu colo.

Eu não disse uma única palavra quando confiei S/n aos braços de Hidan. Ele não fez perguntas, apenas aninhou ela no colo e a manteve segura.

Imediatamente, voltei para o palácio em destroços. Eu traria Itachi de volta. Eu pouparia S/n daquela dor, nem que precisasse matar Sasuke para acabar com aquela merda.

Conseguiria viver com o desprezo de S/n por ter matado seu amigo se soubesse que ela não desmoronaria ao ter Itachi do seu lado.

Mas quando eu cheguei novamente lá com o kamui, não encontrei nada.

Absolutamente nada.

Só encontrei aquele palácio ainda mais destruído e triste. Vasculhei os escombros atrás de algo, atrás deles...

Nenhum sinal. Nenhum vestígio de chakra.

Do lado de fora do palácio, Kisame tentava fazer o mesmo que eu. Ele me olhou angustiado e balançou a cabeça em negação.

Xinguei e amaldiçoei o céu e o inferno, esmurrando o chão ao ponto de abrir um sulco profundo na terra.

Levei Kisame de volta para Akatsuki, sem saber como olhar para S/n. Como eu olharia para ela sem ter levado Itachi de volta?

Quando eu a encontrei encarando a vista da varanda, tremendo terrivelmente, uma lembrança me veio na mente: a de quando ela descobriu a sua origem, quando descobriu que a sua mãe havia colocado um prêmio em sua cabeça.

O pavor de vê-la opaca e sem vida quase me destruiu.

E por isso, naquele dia, eu abandonei toda e qualquer tarefa que eu tinha que fazer como líder da Akatsuki. Deixei tudo nas mãos de Pain, dei a ele toda e completa autonomia para designar as missões e tomar decisões como desejasse. Até mesmo a situação com Zetsu deixei em segundo plano...

Nada mais importava, nada mais. S/n precisava de mim e eu ficaria do lado dela dia e noite. O tempo que precisasse.

Pois meu medo quando eu a vi parada naquela janela, foi que ela não reagisse, que não sentisse nada. Mas por algum milagre, S/n estava chorando. Destruída, mas sentindo. Não era um fantasma, ela não havia feito como eu e virado uma casca sem vida.

Renascida na Akatsuki +18Onde histórias criam vida. Descubra agora