Perdão de joelhos - Parte 1

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* S/n * 

Eu fiquei dias tentando ignorar as coisas que Sasuke havia me dito. Fiquei dias tentando me prender apenas na raiva, na mágoa e no orgulho: essas eram as únicas coisas que iriam me proteger afinal. As únicas coisas que me impediram de dar aquele salto no vazio outra vez...

Mas, uma semana depois, quando Konan apareceu na casa de Itachi, trazendo atualizações da Akatsuki, a situação mudou. Mudou quando ela me contou que Obito havia ido embora, desaparecido foi o termo que minha amiga usou.

 E a ideia de Obito ter escolhido sumir no mundo foi o suficiente para que aquela armadura de indiferença e rancor trincasse. E se ele tivesse uma explicação? E se ele jamais voltasse? E se eu jamais o encontrasse pra poder ouvir quaisquer justificativas?

Então tomei a decisão de que, se ele voltasse, eu o ouviria. 

Pedi para Konan me avisar caso Obito aparecesse. Mas ele não voltava nunca. Os dias foram passando e a minha ansiedade aumentando, uma pontada de angústia me tomando. Até aquela tarde, quando Nix chegou com um bilhete de Itachi dizendo: ele virá hoje. 

Nervosa, me troquei para descer a montanha, perguntando-me o tempo todo se aquilo era uma boa ideia. Cada neurônio meu gritava para que eu voltasse para a casa de Itachi, para que eu esquecesse daquela vida de uma vez por todas. Contudo, cada uma das pequenas fibras que se entrelaçavam no descompassado bater do meu coração, empurravam-me para a mansão.

E quando cheguei, eu o encontrei em seu quarto. Exatamente como da última vez, exceto que agora Obito não estava planejando coisas terríveis, ele estava quebrando suas máscaras e jogando fora.

Não passou nem meio minuto e ele me notou ali. Foi necessária apenas uma batida de coração para que o Uchiha parasse bem na minha frente. E o que eu vi...

Céus...

Obito Uchiha era uma bagunça caótica. Seus cabelos escuros completamente desalinhados e despenteados emolduravam o rosto tomado por melancolia. Percebi que uma barba rala nascia no seu rosto, dando ao Uchiha uma postura ainda mais sombria, intensificando a energia problemática, tóxica e absurdamente irresistível que ele emanava. 

Foi totalmente impossível ficar indiferente em vê-lo. Foi totalmente impossível ficar indiferente quando seus olhos escuros, repletos de aflição e ansiedade, se prenderam aos meus como se ele pudesse enxergar a minha alma, como se ela fosse o bote salva-vidas que buscara  por dias após o naufrágio. 

E exatamente por isso que eu não fui capaz de afastá-lo quando Obito ergueu a sua mão para tocar meu rosto. Não o afastei porque a minha pele queimava só por saber que ele estava ali, a menos de dez centímetros de mim. 

Eu estremeci dos pés à cabeça quando as suas digitais roçaram a minha bochecha, de forma tão suave que poderia ter sonhado. 

Mas eu havia ido ali com um propósito. E mesmo que meu corpo reagisse ao dele involuntariamente, a dor e a mágoa ainda corroíam meu peito. Olhar para ele era um lembrete disso, um lembrete das coisas que eu havia ouvido de sua boca. Por isso, endureci a postura novamente ao dizer: 

S/n - Você tem uma chance, Obito. - Disse de forma definitiva. - Quero ouvir toda a história. Desde o começo. E se você me ocultar uma vírgula sequer, acabou. Acabou o que temos... para sempre. 

Notei a cor sumir ainda mais de seu rosto, deixando a pele e os lábios do Uchiha pálidos. Mas ele apenas assentiu, concordando com a minha condição. Eu lhe dei as costas e fui sentar em seu sofá de couro. 

Foi quando percebi que o quarto ainda estava tomado pelas minhas árvores, num rastro de destruição selvagem. Obito podia ter se livrado delas utilizando o seu kamui, mas por algum motivo não quisera. Eu poderia fazê-las sumir num piscar de olhos, porém resolvi deixá-las lá: elas eram um lembrete do motivo que eu estava ali, um lembrete daquela noite em que toda a decepção surgiu.

Renascida na Akatsuki +18Onde histórias criam vida. Descubra agora