Capítulo 25

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P.O.V Mattheo

-Porra, porra, que merda. Aquela filha da Puta, eu vou esfolar as duas vivas. Sabe Tom, tenho algumas lâminas as quais eu adoraria usá-las até que fiquem cegas naquelas duas

  Eu estava perturbado, sentia não só como se eu tivesse sido roubado mas como se tivesse perdido uma parte de mim, e o quarto de Tom é que estava sofrendo as consequências; Atirava suas coisas pelo cômodo sem ter a mínima noção do que eram, os itens logo voltavam planando para seu lugar original apenas para que eu os bagunçasse novamente

Acabei por quebrar todos os seus espelhos com os punhos e só me dei por satisfeito quando vi o sangue escorrendo pelos meus dedos e pingando no chão quase formando uma poça e mesmo assim continuava, socando os cacos de vidro até que eles dilacerassem completamente minha carne ao ponto das minhas juntas ficarem visíveis em pleno osso.

Quando me viro para Tom, ele está sentado em uma das poltronas de seu quarto; pensativo, sem mover um único músculo, até o piscar de seus olhos estava mais lento que o normal. Ele estava pensando em algo, aquela mentezinha maquiavélica e genial estava trabalhando

-Eu conheço essa cara, oque está pensando?_ Me aproximei com pressa mas Tom nem ao menos olhou para mim, como se estivesse absorto de mais em seus pensamentos para me dar atenção

-Nada. Eu só... não consigo pensar em absolutamente nada!_ Ele suspira e eu sinto a derrota amarga lhe pesar no peito, ele estava triste.

Era estranho vê-lo assim, as vezes eu até esquecia que o mesmo tinha sentimentos humanos, a última vez que vi meu irmão em tal estado foi no enterro de nossa mãe

-Tom, eu sei que você está tão mal como eu, mas essa porra de ficar olhando para o nada não vai traze-la de volta_ Me levanto indo até o banheiro a fim de limpar meus ferimentos

-Você tem algum plano?_ Ele me pergunta com um pouco de asco na voz

-Evidente que não, você é o cérebro aqui!_ Respondo com a voz elevada para que Tom pudesse me escutar através da distância e habilmente desvio dos cacos do espelho os quais eu mesmo espalhei pelo chão do banheiro. Abro a torneira de água gelada pondo minha mão em ângulos diferentes para que fosse lavada

-Quer me ajudar a pensar? Saia para descontar sua raiva em coisas que não sejam minhas!

  Mesmo querendo arremessar um abajur na sua cara, apenas peguei um casaco, enrolei uma toalha em meu punho e sai do quarto em busca de algo onde poderia descontar a raiva que ainda sentia, no caminho para a saída da câmara, passei pela nossa sala de aula improvisada que ainda estava exatamente do mesmo jeito que as deixamos: As cadeiras ainda meio bagunçadas, giz espalhados pela mesa e a lousa ainda preenchida com o titulo a partir do meio do quadro já que a mesma não alcançava o topo, fato este que eu particularmente achava um charme o qual admirava em praticamente ninguém sem ser na minha garota

  Por um momento consegui ver sua silhueta andando graciosamente pelo local em suas habituais vestes esportivas amarelas e pretas, pude ouvir sua voz tentando enfiar conhecimento nas nossas cabeças quando nosso único foco era na verdade que posições sexuais inusitadas usaríamos naquela noite, conseguia sentir seu perfume floral se espalhando pelo ar do lugar que um dia foi completamente deprimente para nós mas que agora havia até mesmo uma sensação de aconchego. Andei até a cadeira mais próxima e me sentei sentindo finalmente a melancolia me perturbar tentando ser expulsa pelo efeito da maconha, mas sem o mínimo sucesso.

Me perdi nos meus próprios pensamento revendo periodicamente a cena em que ela foi roubada de mim, centenas de vezes, tentando entender como deixei aquilo acontecer e oque poderia ter feito para impedir Rabicho, oque poderia ter feito para deter Bellatrix e Amara, ouvi um estrondo alto vindo do quarto de Tom e cheguei a conclusão de que a raiva finalmente o acometeu assim como em mim. Depois de silenciado, deduzi que meu irmão afundou na mesma espiral depressiva na qual me encontrava no momento, quem sabe até o encontraria no fundo do poço

O Tesouro dos Irmãos RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora