Capítulo 2

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P.O.V Tom

Por si só as viagens de trem já eram desgastantes, na companhia de meu irmão então, se tornava uma tortura sem previsão de término. Em dado momento da nossa viagem, declararmos ódio um contra o outro já não era mais tão atraente e sermos legais um com o outro nunca nem foi uma opção. Então concordamos em assumir que era fome o nosso maior problema, tendo isto em vista, Mattheo depositou todas as suas expectativas no carrinho de lanches que passaria em breve

-Como assim não tem mais tortas de abóbora?_ Mattheo gritou com a senhora do carrinho de doces como se ela fosse a culpada de todos os problemas da vida dele

-Mattheo, Cale a boca, esqueça essas tortas e volte para a cabine_ Disse tentando conter minha irritação com a voz mais branda que pude fingir

-Não, eu quero a porra dessas tortas, quem foi? Quem foi que as comprou?_ Ele disse se aproximando da vendedora

-Foi a jovem naquela cabine!_ Ela aponta para cinco portas antes de nós a esquerda já assustada e Mattheo sai batendo os pés no chão feito uma criança birrenta_ Vai querer algo, querido?

-Não_ Digo simples e a mulher se afasta e então ouço berros de Mattheo a algumas cabines, sorrio imaginando que tipo de atrocidade ele estaria fazendo. Algum tempo depois ele retorna com três tortas e um suco de abobora, os olhos vermelhos e um sorriso abestalhado no rosto_ Que porra é essa? Ela só tinha três tortas? Você fez um escarcéu por três tortas?

-Não!_ Me respondeu simples arremessando uma das sobremesas em meu colo e fechando a porta, lhe lanço um olhar de surpresa

-Creio que tenha o escutado gritar que queria tudo, como uma daquelas crianças gananciosas de parquinhos

-Isso é o suficiente_ Ele se joga no banco e acende um dos seus cigarros de procedência mais que duvidosa

-Por Merlin Mattheo, estamos em uma cabine fechada, e pegue isso de volta, sabe muito bem que não como esse lixo_ Arremesso a embalagem em sua direção e ele a agarra no ar antes de atingir seu rosto_ Me diga porque está com esse sorriso tosco no rosto

-Conheci uma garota..._Ele solta um pouco de fumaça e se deita no banco com a cabeça na parede

-Faça-me o favor, não invente de se apaixonar, já temos preocupações demais_ Falo ainda sem tirar os olhos de meu livro

-Tom, meu irmão favorito..._ Ele começa com um suspiro

-Sou seu único irmão_ O interrompo

-Mas se tivesse mais de um, você seria meu favorito. Tom, é ela_ Ele diz animado com os olhos quase reluzindo

-Quem, é ela?_ Antes que ele pudesse responder eu o interrompo_ Ah, espere, eu não me importo!

-Tom, consegue deixar de ser um escroto por cinco minutos? É dela que precisamos para fazer oque planejamos!

-Cale a boca. O que você planeja, eu acho uma ideia horrível, infantil e inútil_ Mattheo apaga seu cigarro o pressionando contra a parede do trem e se senta no banco a minha frente para falar comigo

-Mas está cedendo, ontem quando toquei no assunto você me ameaçou com uma maldição imperdoável, hoje só agiu como um babaca e me mandou calar a boca

-O que posso dizer? Estou de bom humor hoje_ Sorrio cínico, mas infelizmente ele continua como se tivesse sido um convite para sua fala

-Sei que é ela Tom, precisamos dela, eu e você

-Como você sabe?_ Fecho meu livro para olhar meu irmão agora de fato prestando atenção em seus dizeres

-Ninguém nunca agiu comigo como ela, ninguém desde... a mamãe!_ Engasgo quando ele diz a ultima palavra, minha garganta começa a arder e meu coração acelera em uma sensação que mesmo conhecida me era desconfortável

O Tesouro dos Irmãos RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora