♈Capítulo 4 - Choque de Realidade ♉

71 6 2
                                    

HAN

A última batida grave do sino da boate ainda reverberava pelo corpo de Han, ritmado como o pulsar acelerado do coração que latia por todo o seu corpo. Nem mesmo o cheiro doce de camomila que vagava pelo interior do inusitado veículo amarelo bastava para cessar os seus sentidos que apitavam em vermelho por todas as direções.

A vida noturna tanto quanto agitada, o havia acostumado com tasers e balas de borracha, mas nada nunca o preparara para incidentes iminentemente letais. E ele ainda havia sido estúpido o bastante para socar o cara armado. Que tipo de merda tinha na cabeça?

ㅡ O que acabou de acontecer? ㅡ a mulher no volante disse.

Ela não parecia mais calma que o garoto. Dirigia o veículo em uma velocidade digna de Velozes e Furiosos. Praticamente costurava o trânsito de carros escassos. Han sentia o corpo dançar no assento.

ㅡ Em ordem cronológica? Bem, nós tivemos dança, luzes psicodélicas, um discurso bem questionável... ㅡ começou a listar. ㅡ Ah, e também teve o cara que confundiu a Cúspide com uma arena militar e deixou alguns buracos na parede.

ㅡ Meu deus... ㅡ foi a única coisa que ela respondeu, piscando os olhos várias vezes como se para espantar a realidade. ㅡ Meu deus. ㅡ repetiu.

ㅡ Pois é, né.

Han perdeu o olhar ao redor do veículo. Desde que comprou a moto desconhecia a sensação de estar sob quatro rodas. Mal se recordava da última vez que esteve em um carro.

ㅡ Carro legal esse seu.

ㅡ Não conversa comigo. Estou puta com você. ㅡ falou ríspida, ainda muito concentrada em suas manobras certamente ilegais. Não que ele tivesse muita moral para clamar à lei, dado seu próprio histórico pessoal.

ㅡ Posso perguntar o porquê?

ㅡ Na próxima vez que me chamar pra sair, vou te mandar ir à merda. ㅡ concretizou.

Han sentiu-se franzir a testa, mas não fez a pergunta que surgiu na garganta. Calou-se com o solavanco do carro que estacionava muito subitamente em uma rua que não era mais familiar a si que as diversas outras percorridas por sua motorista desconhecida. Esteve tão absorto em seu choque que se quer perguntou a ela para onde iriam e agora chegavam a um destino totalmente aleatório a suas necessidades.

A motorista se inclinou por cima de si para abrir a porta, em um comando muito claro para que saísse.

ㅡ Boa noite, senhor Jeon. Não prometo te ajudar a lidar com o senhor Bang pela manhã. ㅡ Concluiu.

Han saiu do veículo mais por confusão que qualquer outra coisa e antes que pudesse se situar, o carro amarelo já cantava pneus pelo asfalto.

Aquela mulher não parecia estar em perfeitas condições mentais, certamente. Bem que os mais velhos avisavam para não aceitar carona de estranhos. Mas não é como se ele tivesse lá muita escolha. No momento de desespero só pôde escolher entre uma carona suspeita ou uma bela bala de metal maciço atravessando o crânio.

Só não esperava que a tal mulher o deixasse na porta de um prédio extremamente luxuoso sob saudações de boa noite. Ele conseguia se virar bem em situações inusitadas, mas não naquele nível de inusitado. O máximo que conseguiria ali era um mandato de prisão por invasão de propriedade e sua força física não o ajudaria a se livrar daquilo.

ㅡ Boa noite, senhor. ㅡ ouviu ser proferido.

Procurou o dono da voz apenas para encontrar um senhorzinho sentado em um banco a porta do prédio. Provavelmente o porteiro daquele bloco.

♈Sósia♉| MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora