♈Capítulo 6 - Eureka! ♉

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Quem observasse a certa distância, talvez desconhecesse a fina camada de gelo sujo que se depositava ao longo da calçada daquela rua mal iluminada. A mesma ignorância, porém, não se estendia aos que viessem a caminhar por ela. Ao menos para o homem que a usava, o barulho dos sapatos de couro partindo a superfície gelada era muito constante para se ignorar. Tal que, se viu obrigado a trocar os passos para o asfalto, apenas para se privar de ouvir o crec crec incessante que o atrito gerava.

A distância também protegeria o homem de ser visto em um estado de inquietação tão alto quanto o que aparentava, mas ele não precisava se preocupar com possíveis companhias, pois era muito tarde para que qualquer um além dele se aventurasse por aquele trajeto. Na pior das hipóteses, seria considerado estranho demais para qualquer outro transeunte ao ponto que esse mudaria sua trajetória. Pelo menos era o que esperava que ocorresse. Preferiria desfrutar de sua caminhada solitário.

As mãos estavam escondidas pelo bolso do grande casaco de frio, os dedos batucando ritmados na lateral do corpo em um ato pacificador. E então, passadas com atrito de gelo e batuques ritmados cessaram. Havia chegado. A estrutura de concreto se erguia imperativa no escuro da noite. Deu dois passos para dentro.

Já não mais precisaria se preocupar com quem o visse ou não.

(...)

HAN

Han espiou por entre os bancos de motorista e carona mais uma vez, apenas para encontrar o olhar de BangChan no retrovisor o espiando de volta. O outro não deixou de o encarar as espreitas desde que deixaram o edifício o que o deixou desconfortável no início do trajeto, mas lá pela metade, quando passavam pela N-tower, o fez pensar que estava dando muito pinta de impostor e agora, que quase concluíam o tour, estava apenas o irritando ao máximo.

ㅡ Posso te ajudar em algo?

BangChan não respondeu à pergunta, apenas se antecipou para a porta assim que o veículo estacionou na garagem da empresa.

ㅡ Você deveria descer também. ㅡ disse por fim, abrindo a porta de Han já ao lado de fora.

Você deveria descer também. ㅡ repetiu infantil e seguiu o comando em seguida. ㅡ Segura isso aqui. ㅡ disse em seguida, entregando ao outro uma maleta de couro que achou apropriada levar consigo. Fazia a composição de calça sarja e camiseta mais corporativa.

ㅡ Eu não sou pago para carregar as suas coisas, sabia?

ㅡ Não, mas você é um hyung muito atencioso que vai me ajudar a levar essa mala absurdamente pesada.

Bang Chan revirou os olhos antes de seguir o caminho estacionamento a dentro com a maleta em mãos.

Han não se surpreendeu com o estacionamento. Tirando a entrada subterrânea e automatizada, não era muito diferente de uma garagem tradicional de Shopping. Mas tinha um grande pressentimento, talvez pela prévia que teve ao pernoitar no apartamento de Jeon Jisung, que o interior seria muito luxuoso, por isso não teve nenhuma reação quando as portas do elevador se abriram a revelar o andar de moldes totalmente arquitetônicos e de ar palaciano. Conseguia ver de onde Jeon Jisung tinha tirado a inspiração para criar seu próprio apartamento. Poderia deduzir que seu correspondente não era lá muito criativo ou sensato. Afinal, quem em sã consciência gostaria que a casa se parecesse exatamente como o trabalho? Era bizarro para dizer o mínimo.

Embora isento do fator surpresa, Han não pôde deixar de estar muito ciente dos mínimos detalhes que o rodeavam. A começar pelo ambiente exageradamente claro que o fazia doer os olhos.

♈Sósia♉| MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora