♉Capítulo 11 - Alguma Cautela♈

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No interior do prédio, protegido do tempo congelante, os passos já não deveriam mais ser tão barulhentos. De fato, não o encodavam mais com o crec crec do gelo fino, mas ecoavam um toc toc lento contra as paredes de concreto do corredor empoeirado.

Franziu o nariz enojado ao deixar a mão passar desleixada por uma das teias de aranha, ficou ainda menos contente ao reparar nas mangas sujas do terno caro, imaginou que tivessem esbarrado em uma das colunas caídas. Teve o bom senso de não expelir suas reclamações em voz alta.

ㅡ Já estamos chegando? ㅡ perguntou no lugar.

A mulher a sua frente não o deu o benefício de uma resposta rápida. Mal olhou em sua direção ao acenar serena para que se calasse. Como se fosse um mosquito muito incômodo em seus ouvidos.

Ela parou quando alcançaram um cruzamento de corredores, o homem mal reparara no recorte que indicava a presença de uma porta, até que ela a abriu para que passasse. Virou-se para si pela primeira vez, a roupa de cetim claro imaculada, sem nenhum vestígio dos espaços imundos que cruzaram a pouco.

ㅡ Depois do senhor ㅡ sugeriu em ojeriza mal contida.

O homem então se pôs para dentro e depois não viu mais nada.

JISUNG

O garoto Jeon nunca fora bom em omitir suas trapaças. Desde que era criança e tentava esconder dos olhares da governanta os vasos que quebrava ao correr pela casa. Alguma coisa sempre o entregava. Seja um esconderijo ruim ou os olhos inquietos enquanto mentia. Mas mesmo na infância levava um tempo para que fosse descoberto. Nunca fora pego assim tão rapidamente. A figura de Bang Chan a sua frente ali, naquele momento, era um verdadeiro recorde.

Não soube o que dizer, ficou completamente paralisado. Bang Chan não parecia diferente.

ㅡ Então é verdade. ㅡ o secretário exclamou.

Jisung abriu e fechou a boca algumas vezes, os olhos vidrados na figura a frente. Estava completamente paralisado.

ㅡ Quem é, Hanji? ㅡ Minho gritou da cozinha.

A voz do motoqueiro, ressaltando sua farsa, o despertou da paralisia do choque.

ㅡ Ninguém. ㅡ gritou de volta, empurrando Bang Chan de volta pela porta e a fechando atrás de si. ㅡ O que você está fazendo aqui? ㅡ sussurrou exasperado.

ㅡ Eu deveria lhe perguntar o mesmo, Hanji. ㅡ ele cruzou os braços, tinha o olhar sério e questionador. ㅡ O que significa isso tudo?

ㅡ Eu não sei do que você está falando. ㅡ tentou.

ㅡ Eu tenho certeza que você sabe exatamente o que estou falando.

Jisung fechou os olhos em exasperação. Respirou fundo e voltou a os abrir.

ㅡ Se eu dissesse que não é nada, que meu nome é Hanji e você provavelmente errou a casa, você daria meia volta e iria em boa?

ㅡ Definitivamente não.

Jisung respirou fundo mais uma vez. Aquilo era um game over para ele.

ㅡ Me dá cinco minutos, ok? ㅡ pediu derrotado.

Jisung voltou para o interior da casa. O corpo estava totalmente descompassado, sentia-se quente e frio ao mesmo tempo. Era uma mistura de medo e adrenalina. O que o secretário faria? Certamente o chamaria de louco e arrastaria rua afora de volta a Coroa e não importaria o quanto protestasse contra. Passou as mãos pelo cabelo exasperado. Mal havia se recuperado de todas as emoções da noite. De fato, quase sentia falta da vida pacata na empresa.

♈Sósia♉| MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora